F1: Um calendário alternativo

Por a 23 Abril 2020 20:07

Com a F1 à procura de soluções para a época 2020, damos uma “ajuda” na busca de respostas.

A F1 está a tentar encontrar alternativas para ter uma época com o máximo de provas possíveis, o que está a revelar-se uma tarefa difícil, tendo em conta a situação atual. Se há algo a que nos começamos a habituar desde que a Covid-19 entrou nas nossas vidas é que a incerteza… é a única certeza que temos. A situação é “fluída” como gostam de dizer os responsáveis da F1 e planos a médio prazo começam a ser demasiado ambiciosos, pois nada nos garante que daqui a umas semanas a situação seja melhor… ou igual.

Há certamente algo que tem de começar a ser visto como muito provável… a F1 não terá 19 corridas como gostariam os responsáveis. Se tiver 15 corridas é excelente pois permite que receba na totalidade os milhões vindos dos direitos de televisão. E encaixar 15 provas diferentes é claramente ambicioso, pois cada país vai gerindo a pandemia de acordo com as suas necessidades e filosofia. Uns país estão mais recetivos a abrir as portas mais cedo, outros terão mais precauções. É então complicado tentar estabelecer um cenário que seja suficientemente sólido para projetar corridas a médio prazo.

O que se apresenta aqui é apenas uma ideia, uma sugestão do que a F1 poderia fazer para garantir uma época minimamente decente, num exercício demasiado simplificado, olhando à realidade que os responsáveis enfrentam.

As previsões

apontam para que o mundo comece a regressar à normalidade nos meses

de verão, embora ainda sob o espartilho da Covid-19 que impedirá

que a normalidade, tal como a conhecíamos há pouco mais de dois

meses, regresse. Mais ainda, os estudos apontam para a probabilidade

do surgimento de novas vagas. Assim, a F1 deveria pensar numa janela

temporal curta, que implicasse os meses de verão, num calendário

que fosse até outubro no máximo. Assim de junho a outubro a F1

teria 22 fins de semana para gerir e encaixar as provas, ficando com

o novembro para eventuais surpresas.

O calendário de F1 deveria ter 8 “fins de semana”. Isso implicaria que teríamos 8 semanas de provas, mais oito semanas de “folga” para transportes, o que já perfaz um total de 16 semanas, sobrando 6 na janela de tempo acima indicada.

Cada “fim de

semana” contaria com duas provas, seguindo este cronograma:

  • Sexta-feira – 2 treinos livres
  • Sábado – Qualificação
  • Domingo – Corrida
  • Terça-feira – 1 treino + qualificação
  • Quarta-feira – Corrida

Neste formato, a F1 conseguiria fazer em cinco dias duas provas, com a vantagem de estar no mesmo local. Fazer duas provas em cada “fim de semana” seria benéfico por vários motivos: Primeiro os custos baixariam drasticamente ao nível dos transportes e logística. Segundo, poupava-se ao nível do tempo, pois a F1 não se pode dar ao luxo de desperdiçar tempo nesta fase. Terceiro e talvez o mais importante, a segurança seria maior, pois é muito mais fácil planear e aplicar medidas de segurança em apenas 8 circuitos e é muito mais fácil a adaptação dos membros das equipas, às exigências e limitações de cada circuito.

O formato pensado tem como base o formato atual, com algumas diferenças: A sexta feira seria normal, com dois treinos, o sábado teria apenas a qualificação, pois o Treino-Livre 3 seria “usado” na terça feira, dia em que se faria também a qualificação para a corrida 2, um formato a que as equipas estão também já habituadas. Com uma corrida no domingo e outra na quarta, as equipas teriam 2 corridas em três dias, mas teriam a segunda livre para trabalhar nos carros e preparar tudo para a corrida 2 e a exigência baixaria ligeiramente pois como estamos a falar da mesma pista. O trabalho de estratégia, afinação e preparação seriam aligeirados para a segunda prova. E a garantia de uma segunda feira livre evitaria a tendência de “levantar o pé” para sobreviver à primeira.

Com este formato, as equipas, que terão de trabalhar com o mínimo de elementos possível, poderiam operar sem pressão extra desmesurada e conseguiriam competir em duas provas em cinco dias. Serão cinco dias duros para o staff mas assim teriam a garantia de que poderiam ter algum descanso entre provas, evitando fins de semana consecutivos que pelas experiências anteriores não beneficiam a competição.

Depois do “formato” apresentado, seguem-se as pistas candidatas. Até agora, apenas se tem recebido sinais positivos da Áustria, Grã-Bretanha e Espanha, sendo que as duas primeiras estão dispostas para receber a F1 à porta fechada, condição que deve ser fundamental neste calendário. Não faz sentido nesta fase pensar em bancadas cheias de público e por muito que custasse, esta época seria feita completamente à porta fechada. Trata-se de evitar a propagação de um inimigo comum a todos. A F1 enfrenta condições muito especiais e teria de se render às evidências que para ter uma zona minimamente controlada, teria de abdicar dos fãs, dos VIPs e de grande parte da comunicação social.

Seria bom que a maioria das provas fosse realizada na Europa, para poupar nos custos (o transporte poderia ser feito por estrada, de forma muito mais barata). O ideal seria também fazer todas as provas em solo europeu de forma seguida. Assim a F1 poderia responder de forma mais célere a qualquer imprevisto, sem os custos de levar o material necessário para outros países.

Como o mercado americano é fundamental, seriam feitas no máximo duas corridas “daquele lado” do mundo, com COTA e Interlagos a serem as primeiras opções embora o México seja também um palco de excelência. Resta saber se haveria interesse por parte desses circuitos em receber a F1 à porta fechada.

Ficam a sobrar dois “fins de semana” que seriam atribuídos a pistas na Ásia. Uma opção que seria do agrado da maioria dos fãs seria Japão e Bahrein.

Ficaríamos com 16 corridas, o suficiente para ter um campeonato decente e para que a F1 receba os direitos televisivos, com pistas de exigência distintas (um pormenor importante para evitar ao máximo que as equipas sejam prejudicadas). Sobram seis fins semanas que serviriam de “almofada de segurança”. Imagine-se que a prova num circuito asiático tivesse de ser cancelada por causa de um novo surto. A F1 teria margem para apontar para outros circuitos, previamente designados, chamados de suplentes, que estaria preparados para receber de forma célere a F1, uma semana depois do cancelamento. Esse circuitos suplentes seriam previamente escolhidos e preparados para a eventualidade de poder receber uma prova de F1. Poderiam ser os mesmo usados até então ou outros que cumpram com a exigência atual. No caso da operação decorrer sem grandes sobressaltos poderiam ser adicionada mais uma semana de pausa a meio da época.

Note-se que neste contexto não existem traçados citadinos, o que é uma pena pois Singapura, Baku e Canadá são traçados excelentes e que dão boas corridas, mas montar estas infraestruturas sem a certeza que esta pandemia não irá estragar os planos é um risco económico para a F1 e os promotores. E assim evita-se também uma concentração exagerada de pessoas nas cidades, que inevitavelmente iriam tentar espreitar a pista.

Este é um cenário possível mas claramente simplificado. Outros interesses existem e no caso de um regresso à competição outros circuitos teriam vontade de receber a F1. Os acordos celebrados envolvem muitos milhões e é por isso que o cenário é mais complicado e a F1 terá de tentar agradar a maioria, numa fase em que não se pode dar ao luxo de hostilizar ninguém. Mas o “plano” acima descrito poderia dar de forma relativamente simples, rápida e controlada uma época com números suficientes para legitimar o interesse dos fãs, o investimento das equipas e patrocinadores, sem exigir demasiado a nível humano e logístico.

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Daniel Sousa
Daniel Sousa
4 anos atrás

Eu sou a favor da segurança. O formato de duas corridas por fim de semana no mesmo circuito parece-me interessante. Eu baralhava as regras, e colocava grelha invertida na corrida 2. Este ano nunca teremos um campeonato normal, portanto acho que a F1 podia aproveitar para se reinventar .

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