F1: Será a Honda a melhor opção da Red Bull?

Por a 14 Abril 2018 11:27

Depois de mais uma espectacular falha da unidade motriz da Renault que quase ia estragando o fim de semana a Ricciardo, enquanto Verstappen se queixava de problemas na sua unidade também, a paciência na Red Bull, que já era pouca, pode estar a começar a esgotar-se. Desde a entrada em cena dos turbo-híbridos que a marca francesa tem sido incapaz de produzir um motor que chegue à performance da Mercedes e da Ferrari.  Pior ainda, a fiabilidade parece ser ainda um problema, pelo menos nos chassis da Red Bull. A situação nunca agradou a Red Bull, que tentou obter motores Mercedes e Ferrari, mas ambas as marcas, cientes da capacidade dos Bull´s em fazer chassis de excelência, resolveram naturalmente não dar armas aos inimigos.

A relação Renault/ Red Bull, que dominou a era pré-híbrida na F1, nunca foi a mais saudável. Antes, os franceses queixavam-se de falta de protagonismo, sendo eles parte fundamental das conquistas da equipa e de Vettel. Basta relembrar que o “Blown diffuser” deu frutos também graças ao trabalho da Renault. Este desequilíbrio na distribuição dos louros começou a ser a raiz do problema que se complicou drasticamente quando a Red Bull viu que a Renault não conseguiu fazer uma unidade motriz híbrida capaz de chegar à performance da Mercedes. E a situação azedou cada vez mais, pois as melhorias eram poucas, ao contrário dos problemas que se sucediam.

Nesta altura a Mercedes e a Ferrari terão unidades motrizes equiparadas em potência e fiabilidade (um trabalho notável da Scuderia que recuperou muito tempo perdido, algo que a Renault ainda não fez), a unidade francesa é (minimamente) fiável mas ainda pouco potente e sobra a… Honda.

Os japoneses entraram na F1 de mão dada com a McLaren, sedentos de fazer ressurgir os gloriosos dias da parceira que ainda hoje nos faz suspirar de saudade. Mas o desafio era grande e talvez ambas as partes não tenham antecipado  as dificuldades que estavam a caminho. A Honda pareceu claramente pouco preparada para este passo e a McLaren tinha pouca vontade em esperar e não facilitou a vida aos japoneses, com exigências que apenas vieram complicar o que já era difícil… recuperar um atraso de 5 anos em comparação à concorrência. A Honda sempre prometeu muito mas mostrou pouco, um pouco por culpa própria (demorou a adaptar-se à exigência e ao ritmo da F1) e com culpas para a McLaren (que para além das exigências, talvez não tenha gerido a relação da melhor forma). Como consequência,  Ron Dennis foi despachado (quem diria!), Zak Brown entrou mas não segurou os japoneses por muito tempo pois os danos na imagem da equipa era muito maiores que os quase 200 milhões que a Honda metia na equipa por ano. O divórcio aconteceu e a McLaren optou pela única solução disponível… a Renault.

 

A Red Bull tem agora a possibilidade de fazer o caminho inverso da McLaren. Mas será que o quer fazer? Por um lado tem actualmente um motor que, embora pouco potente e nem sempre fiável, tem permitido à equipa subir ao pódio e até vencer. Por muitos defeitos que a unidade francesa tenha, descurar esse aspecto seria pouco sensato. Mas por outro lado, a falta de agressividade na forma como a Renault está a desenvolver o motor, e as recentes falhas poderão levar Horner e Marko a olhar com mais atenção para a Honda.

A Honda não tem ainda os níveis de potência da Mercedes e da Ferrari, mas está muito perto dos números da Renault. O grande problema do motor estava no ERS, o sistema de recuperação de energia que não fornecia o “sumo” necessário. O que acontecia era que a unidade Honda aguentava os primeiros metros da recta mas depois não tinha “pernas” para segurar os outros carros com sistemas de recuperação de energia melhores. Outro aspecto que afectava o motor Honda era a forma como respondia às exigências dos pilotos. A aceleração da unidade Honda não era linear e provocava dores de cabeça a engenheiros e pilotos.  O que se diz que a Honda poderá facilmente ultrapassar a potência da Renault e que os problemas de aceleração estão praticamente resolvidos, embora falte saber se serão capazes de desenvolver mais o sistema de ERS. A própria McLaren admitiu que era apenas uma questão de tempo até a Honda ficar competitiva. Quanto tempo? Esse era o problema e não quiseram esperar para ver.

Na China pudemos ver os Toro Rosso  a ficarem no topo da tabela de velocidade de ponta o que pode ser um sinal positivo. Espera-se no Canadá um upgrade no motor Honda que deverá dar perto de 30 Cv. A Renault também tem melhorias planeadas para essa altura e deverá ser aí que a Red Bull vai tomar uma decisão. Se a Honda cumprir e apresentar melhorias os Bulls poderão ficar tentados em mudar. Caso contrário (a Honda quase sempre desiludiu nos upgrades), manter a Renault pode ser a opção mais segura.

A Red Bull tem ainda de ter em conta que há a possibilidade de entrada de novos fornecedores de motores. Um dos  nomes falados é a Aston Martin, que já está envolvida com a Red Bull. Há quem fale da Porsche também, mas serão opções a ter em conta para o futuro.

Será que vale a pena mudar para a Honda com uma mudança de regulamento tão perto? Não será melhor ficar com a Renault e ter a garantia que pelo menos os pódios estão ao alcance? Ou se a Honda mostrar o que se espera dela, a Red Bull deve firmar um acordo a médio prazo e usar assim o plano inicialmente pensado por Ron Dennis para a McLaren? Para já, e embora a Renault queira uma resposta até Maio, pode ser adiada até ao verão. Até lá, a Red Bull pode ver de um lugar privilegiado as melhorias da Renault e da Honda e fazer a escolha mais acertada.

Num registo mais pessoal, a mudança para a Honda só deveria acontecer caso não haja já conversações com outros fornecedores para o futuro. Para quê mudar por dois anos apenas quando é do interesse da própria Renault ter um motor competitivo para o seu carro? Mas se as conversões não existirem faz sentido começar a trabalhar com a Honda num projecto a médio prazo. A imagem da marca levou um golpe tremendo e os japoneses vão querer por certo mostrar que dominam a tecnologia híbrida e já mostraram que podem trazer muito dinheiro. A Red Bull encontraria um cenário bem melhor que o que a McLaren encontrou e a parceria poderia resultar. O menu está apresentado, e resta à Red Bull escolher a iguaria… cozinha francesa ou  suchi japonês.

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