F1: Ser piloto pagante implica ser mau piloto?

Por a 1 Dezembro 2020 12:30

A entrada de Nikita Mazepin na Haas veio relançar o debate sobre os pilotos pagantes, um tema que talvez nunca deixe de existir.

Mazepin entrou na Haas por ter o apoio do pai, que por sua vez tem na conta uns valentes milhões de dólares. Não é segredo nem surpresa que o jovem russo entra na equipa americana por ter bolsos mais fundos que outros jovens. Mas será isso sentença de qualidade duvidosa?

O termo piloto pagante é visto como um termo pejorativo, de alguém que não teve talento suficiente para entrar por mérito próprio, mas que conseguiu chegar à F1 desembolsando mais notas que os restantes. Alguns dos maiores nomes da F1 entraram porque tiveram apoio financeiro para tal. Niki Lauda é o nome que mais vezes será lembrado, mas Mark Webber, Michael Schumacher e Fernando Alonso, nomes consagrados do desporto tiveram oportunidade por terem o apoio financeiro adequado (no caso de Webber e Alonso, dado por Flavio Briatore e no caso de Schumacher dado pela Mercedes).

Na grelha atual Lance Stroll, Nicholas Latifi são os primeiros que vêm à cabeça como pilotos pagantes, mas George Russell entrou na F1 com o apoio da Mercedes e Sérgio Pérez tem também apoio financeiro muito forte e não é por isso que não são vistos como pilotos de grande valia.

Nikita Mazepin competiu em 189 corridas, venceu sete, foi ao pódio 24 vezes e foi vice-campeão no GP3 e terceiro classificado na F3 asiática. Não é um currículo impressionante, mas como disse Guenther Steiner, o facto de pagar pelo lugar não implica que seja mau piloto:

“Há muitos pilotos que entram na F1 graças a apoios financeiros”, disse Steiner, que revelou que as conversas com Mazepin começaram no ano passado. “Existem pilotos muito bons na F1 que no começo trouxeram um patrocinador. Checo [Sergio Perez] veio para a F1 e foi um piloto pagante. Ele agora tem pódios e está a fazer um bom trabalho. George Russell para mim é um dos melhores pilotos, mas sem a ajuda da Mercedes ele não estaria onde está. Lance Stroll, subiu ao pódio. Se eles forem bons na F2 e tiverem patrocinador, é uma solução perfeita.”

“Quando falei com Niki [Lauda] há muito tempo, ele disse: ‘Entrei na F1 graças a um banco que me patrocinou, para que eu pudesse comprar um carro. E ele foi tricampeão mundial.”

“Acompanhei o Mazepin durante toda a temporada. Com certeza ele teve um começo difícil e, sem isso, ele estaria na luta pelo campeonato. Então é isso que eu vejo, não consigo ver mais do que isso. Os resultados sempre falam.”

É certo que as expetativas que recaem sobre Mazepin são baixas e não é apontado como uma estrela do futuro (e pessoalmente não creio que tal venha a acontecer), mas não é descabido pensar que a subida de nível permita ao piloto russo melhorar ainda mais e tornar-se num bom piloto de F1. O volante está nas suas mãos, agora cabe-lhe provar o seu valor. O cronómetro, por mais caro que seja, nunca mente.

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Pity
Pity
3 anos atrás

Se analisarmos bem todos os pilotos que chegam à F1 têm, ou tiveram nas fórmulas de promoção, apoios para lá chegarem… e manterem-se. Até os campeões levam patrocínios. Por exemplo o Senna, levou o Banco do Brasil, o Alonso, levou o Santander, só para dar dois exemplos.
Mazepin tem feito umas corridas muito boas, atendendo a que não está numa equipa muito forte.

addicta
Reply to  Pity
3 anos atrás

Concordo plenamente. Ainda para mais, hoje em dia, para entrar na F1 os pilotos têm de ter provas dadas do seu valor. Já não existem Yuji Ide’s e Karthikayen’s… É verdade que pode não ser o melhor mas um piloto vice-campeão de F3 que de momento está em terceiro da F2 não é um mau piloto

Cágado1
Reply to  Pity
3 anos atrás

Credo! O Senna levou o banco Nacional, muito diferente do Banco do Brasil. Quem levou o Banco do Brasil foi o Nasr (btw, para quem não saiba, o Banco do Brasil é um banco comercial, não ten nada a ver com o Banco de Portugal, por ex.)
Quanto ao Mazepin, já concordámos antes e voltamos a concordar.

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
Reply to  Pity
3 anos atrás

A diferença é que se Mazepin, Stroll, Latifi ou outro filho de pai muito rico falah, continuam a ter o apoio do dinheiro do pai. Já outros com patrocínios se falham perdem esses patrocínios e a vida fica bem mais complicada. O Piquet Jr, por exemplo, teve equipas feitas pelo pai para poder competir nas diversas fórmulas de promoção, ora isso facilita a vida e muito, pois praticamente não tem de esperar por uma vaga. Se virmos o currículo de Latifi, merece estar na F1? Não me parece. Mazepin parece ser melhor, mas se virmos em comparação com o Illot,… Ler mais »

Pitão
Pitão
3 anos atrás

È sabido que para se estar nos desportos motorizados, de inicio tens que ter “pai”trocinio, depois se deres nas vistas começas a arranjar patrocinadores, e depois há as equipas, que sendo equipas de topo, que sabem ou ambicionam ter carro para discutir o campeonato, não olham aos patrocinadores e buscam os melhores pilotos, para as outras equipas basta-lhes um piloto “suficiente” e a partir dai o que tiver mais patrocinadores a apoiá-lo “é o melhor”.

Pitão
Pitão
3 anos atrás

repetido

Last edited 3 anos atrás by Carlos Soares
831ABO
831ABO
3 anos atrás

O problema do Nikita Mazepin não é ser mau ou bom piloto, é ser uma besta. É um piloto sujo e excessivamente agressivo que não tem problemas em recorrer a manobras anti-desportivas. Já tivemos campeões do mundo assim, como o Senna e o Schumacher, mas estes tinham um talento incomparável. Já o Nikita Mazepin…

mantis
mantis
3 anos atrás

O ponto da questão não é esse. Claro que para se chegar à f1 tem q se ter apoio financeiro, sejam eles Alonsos ou Checos. O que se passa é que o apoio vem porque eles revelam grande potencial. Se o Alonso ou o Checo não tivessem feito brilharetes logo no início das carreiras julgam que manteriam os apoios? Pelos seus lindos olhos? O problema é quando os pais multimilionários compram parte ou toda a equipa para lá colocar os filhotes, Esta parece a tendência da f1 atual. Imaginem este cenario: Sou multimilionário e o meu filho quer ser campeão.… Ler mais »

Pity
Pity
Reply to  mantis
3 anos atrás

É para evitar esses extremos que, actualmente existem os pontos nas fórmulas de promoção. Hoje, um Giuliano Alesi, por exemplo, não entraria na F1, mesmo que o pai fosse milionário.
PS: para a F2 são precisos oitocentos mil euros, segundo ouvi há pouco tempo.

Last edited 3 anos atrás by Pity
MiguelCosta
MiguelCosta
3 anos atrás

Quase todos os pilotos entraram na F1 a pagar, era assim que as equipas pequenas competiam e competem, actualmente com as academias essas entradas não parecem tão óbvias. Agora compram-se equipas para colocar lá os filhos, o pai do Mazepin foi um dos que tentou comprar a Force India, simplesmente o Stroll pai passou-lhe à frente. O piloto russo não mostrou até agora nada de especial em nenhuma das categorias onde correu, e tem um grande problema na sua postura, é demasiado agressivo, tem até uma certa imprudência em algumas manobras que já fez. Mas respondendo ao título: Não, um… Ler mais »

can-am
can-am
3 anos atrás

Todos os pilotos para entrarem na F1 tem de levar muito dinheiro.Hoje como no passado.Sempre assim foi.Ou dinheiro de patrocinios ou de outras proveniências. Mesmo os Sennas, Schumachers,etc, tiveram de ter fortes patrocinios para entrar. É uma regra universal.Agora é certo que os grandes talentos são “pescados” ainda muito novos pelos grandes teams, e por esse grande talento têm grandes patrocinios facilitados.Óbvio que se o talento for pouco ou mediano, os patrocinios também são mais dificeis, e aí, ou tens padrinhos ou pais ricos,ou nada! Os pilotos portugueses que por lá andaram também tiveram de “comprar” o lugar. É a… Ler mais »

Last edited 3 anos atrás by Speedway
Cágado1
3 anos atrás

Eu não tenho dúvidas que do actual plantel da F2 o Mazepin é o piloto mais constante. Tem dinheiro a rodos?… Pois tem, mas parece que até merece o seu lugar.

CJ22
CJ22
3 anos atrás

Não confundam ter patrocinadores com ter o pai a financiar. Patrocinadores todos os pilotos têm. Seria impossível lá estarem sem apoio financeiro, visto que uma época de F2 custa 2 milhões. Para terem um patrocinador a investir milhões neles é preciso mostrar resultados. Para ter o pai a injetar dinheiro não. O stroll considero até um bom piloto, mas o Latifi e este Mazepin não acho que seja o caso. Mas vamos ver. Terá a sua oportunidade.

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