F1, Sebastian Vettel: “Com tantas corridas, deixa de ser especial”

Por a 16 Outubro 2021 10:34

Depois de ontem termos ficado a conhecer o calendário para 2022, que conta novamente com 23 datas, Sebastian Vettel voltou a referir um facto há muito discutido. Os calendários da F1 são demasiado extensos e o alemão pegou num argumento interessante.

“Antigamente é que era” dizem muito dos fãs que recordam com saudade as corridas do passado, numa altura em que F1 era vista em todo o mundo e era um dos grandes eventos do fim de semana, em que todos esperavam ansiosamente pelo arranque da prova. Mas essa nostalgia não deixa de ser enganadora pois a F1 evoluiu a vários níveis e fornece agora aos fãs um espetáculo com muito mais qualidade, como seria de esperar. O que temos saudades é de ver os grandes nomes em pista, o caráter forte das estrelas da época e as lutas acesas. Mas o que contribuiu para essa nostalgia foi a escassez de provas. Com calendários com 15 a 17 provas por ano, a F1 era um “bem escasso”, que acontecia poucas vezes e que por isso era apreciado de forma diferente. Hoje em dia, com 23 provas e com tanta escolha de entretenimento, a F1 torna-se mais uma escolha para o fim de semana. Vettel fez questão de frisar isso:

“Esta é apenas a minha opinião, e não vale nada, mas penso que não devemos ter tantas corridas”, disse Vettel, citado pelo autosport.com. “Por uma série de razões. Penso que uma, talvez sejam demasiadas corridas para os fãs assistirem. Já não é especial, se há tantas. E segundo, eu tenho pena [do pessoal]. Nós pilotos, estamos no lado bom das coisas: podemos chegar numa quarta-feira à noite e partir se encontrarmos um voo, num domingo à noite. Mas a equipa já tem muito mais stress. Chegaram na segunda ou sábado da semana anterior, constroem a garagem, preparam os carros, e depois também têm trabalhar o fim de semana inteiro e depois fazer as malas, enviar tudo de volta, e prepararem-se na fábrica. Para eles, é um trabalho que ocupa toda a semana e quase todos os fins-de-semana, pelo que não se tem tempo para si próprio. E penso que estamos numa época em que as pessoas estão cada vez mais conscientes de que também têm uma vida, e que a vida não pertence ao empregador. Não estou no comando e obviamente há outros interesses, mas é apenas assegurar que as pessoas tenham um equilíbrio entre a sua vida em casa e o tempo passado fora”, explicou ele. “Penso que deveria ser um número de corridas que seja sustentável para manter a paixão durante muitos anos e não ser levado à exaustão ao fim de dois ou três anos”.

Esta tendência de aumentar o número de provas é transversal a todo o desporto. Quem manda quer sempre mais eventos, pois isso implica mais retorno, mas será que isso implica também mais qualidade no espetáculo. Olhando para outros desportos, no futebol, por exemplo, já se fala em ter mundiais de futebol de dois em dois anos. Além da logística extra que isso implica para atletas e staff e a exigência da competição quase ininterrupta, perde-se a magia, pois, tal como Vettel disse, ao ser tão frequente, deixa de ser especial. E acontece o mesmo com a F1. Cada corrida é um evento único, em que os melhores do mundo se juntam para competir entre si. Se os virmos a cada fim de semana, poderá perder o brilho. Tal como uma boa série, não é o número de episódios que interessa, mas sim a qualidade da história. Com muitos episódios, a história pode se tornar entediante. É algo que, num desporto que usa agora tanto a palavra sustentabilidade, deve ser revisto no futuro. 

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2fast4u
2fast4u
2 anos atrás

Antigamente os pilotos morriam! Não havia internet nem metade da oferta de hoje em dia. As pessoas viam nos pilotos tipos loucos que faziam coisas arriscadas e com uma maestria incrível. Por mais mentira que seja, as pessoas hoje têm uma ideia que é muito fácil fazer o que eles fazem, mas não é totalmente verdade. Podem dar a volta que quiserem que enquanto segurança e corridas tiverem de mãos dadas, o espetáculo já era… quem foi no fim de semana passado visitar os carros no autódromo percebe o que eu quero dizer. Impossível nas corridas de hoje obter sensações… Ler mais »

RedDevil
RedDevil
Reply to  2fast4u
2 anos atrás

“Antigamente os pilotos morriam!”
LOL… era mesmo assim… arrancavam 30 e tal carros e logo atrás seguiam as carrinhas dos cangalheiros… e normalmente quem ganhava era o cangalheiro…
Se “Antigamente os pilotos morriam!”… presentemente…. vivem demasiados parvos…

917/30
Reply to  2fast4u
2 anos atrás

Vejo F1 em directo desde 84, provavelmente já vi tudo o que há gravações de F1 e já assisti a muitos GP´s extremamente enfadonhos, mesmo os da altura em que o pilotos morriam… Já agora o facto dos pilotos antigamente morrerem quer dizer o quê? Que isso é que dava emoção? Enfim, sem comentários… Na minha opinião a F1 está muito bem assim. Temos tido corridas fabulosas! p.s.Também estive no AE na semana passada e sinceramente não percebo como pode querer comparar uma coisa com a outra, corridas ao vivo de clássicos (que foram na sua maioria uma seca) com… Ler mais »

Last edited 2 anos atrás by Haters...coisa mais estúpida não há!
RedDevil
RedDevil
2 anos atrás

23 corridas é muito? … e as 300 e tal entrevistas que este artista anda a dar… também não é demais?
Este está quase a entrar para o altar dos “cromos”….

sr-dr-hhister
sr-dr-hhister
Reply to  RedDevil
2 anos atrás

Quase?
Já tem um lugar de honra há muito tempo… e não é pelas entrevistas, é pelos piões e falta de mãozinhas.

831ABO
831ABO
2 anos atrás

De facto, o Vettel está a mais na F1. Uma pessoa inteligente, capaz de articular duas frases e, ainda por cima, sem um ego do tamanho de um planeta, contrasta muito fortemente com o tipo de piloto que é popular por aqui – Hamiltons, Alonsos, etc.

sr-dr-hhister
sr-dr-hhister
Reply to  831ABO
2 anos atrás

Se calhar é porque o Hamilton e o Alonso têm 30x mais qualidade como pilotos!
Se calhar é porque isto é um desporto de popós e não o Quem Quer Ser Milionário ou o concurso do mais cool lá da zona.
Se calhar é porque o Vettel fala muito e mostra pouco em pista. A não ser que os piões valham pontos!

831ABO
831ABO
Reply to  sr-dr-hhister
2 anos atrás

Peço desculpa por não responder com mais detalhe, mas o meu cérebro derreteu ao ler essa do 30x mais qualidade.
Ou era para rir?

sr-dr-hhister
sr-dr-hhister
Reply to  831ABO
2 anos atrás

É a chamada”hipérbole”.

RedDevil
RedDevil
Reply to  831ABO
2 anos atrás

Essa do “ego” deve ser anedota…
Lembra-se do GP do Canadá… e da troca de placas que o sr. Vettel fez?
Até senti vergonha por ver um piloto da Scuderia a fazer aquilo…

sr-dr-hhister
sr-dr-hhister
2 anos atrás

Apesar de concordar com o mestre Spinner… se tudo para ele está mal neste desporto tem bom remédio, que vá para a Indy e não chateie. Quem não lhe vai sentir falta sei eu quem é.

Frenando_Afondo™
Frenando_Afondo™
2 anos atrás

O Vettel diz umas verdades e fica tudo ofendido por aqui. Sinais dos tempos e da internet em que todos acham que a sua opinião é um facto irrefutável. Confundindo o ódio que têm ao piloto com a pessoa que é esse piloto. Prova disso é mencionarem os piões que o homem fez no passado para minar a opinião que tem no presente. Quando uma coisa nada tem haver com a outra. Isso e compararem com outros pilotos, como Hamilton e Alonso, como se a suposta qualidade destes retirasse valor ao que Vettel diz na entrevista. Como se ainda tivessem… Ler mais »

Last edited 2 anos atrás by Frenando_Afondo™
*RPMS*™
Reply to  Frenando_Afondo™
2 anos atrás

“Sinais dos tempos e da internet em que todos acham que a sua opinião é um facto irrefutável. Confundindo o ódio que têm ao piloto com a pessoa que é esse piloto.” Quem lê isto vindo de ti, só pode entender que estás a fazer uma autocrítica! Porque tu és o exemplo máximo, há alguns anos, do nojo de ódio e do que é ser “hater” por aqui. Basta lembrar, que chegaste ao ponto de andar a copiar “nicks” de outros foristas por terem opiniões diferentes das tuas…até seres apanhado e ameaçado de expulsão pelo director do AS! Queres nojo… Ler mais »

NOTEAM1
NOTEAM1
2 anos atrás

Trabalhar na F1 é um privilégio, estamos a falar de profissionais extremamente bem pagos, bem acima da média, não propriamente de escravatura.

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