F1: Saída de Helmut Marko da Red Bull oficializada
A Red Bull confirmou oficialmente que Helmut Marko deixará a equipa no final do ano, encerrando mais de duas décadas de colaboração que marcaram profundamente o projeto desportivo da marca. A confirmação surge após dias de rumores que apontavam para a sua saída, agora tornada definitiva pela própria estrutura.
Figura central do universo Red Bull desde o início dos anos 2000, Marko desempenhou um papel decisivo no crescimento da equipa e na formação de talentos que viriam a conquistar títulos mundiais, como Sebastian Vettel e Max Verstappen. O austríaco, que iniciou a sua ligação ao desporto motorizado como piloto há mais de 50 anos, viu a sua carreira interrompida após um acidente no Grande Prémio de França de 1972, que o deixou cego do olho esquerdo.
A partir dos anos 1990, passou a gerir pilotos e associou-se a Dietrich Mateschitz, cofundador da Red Bull, como conselheiro. Seria então responsável pela criação do Red Bull Junior Team, um dos mais bem-sucedidos programas de formação da Fórmula 1. Ao longo do tempo, manteve influência direta na escolha de pilotos e na estratégia desportiva, sem hesitar em tomar decisões controversas — como a recente substituição de Liam Lawson por Yuki Tsunoda após apenas duas corridas.
A sua saída junta-se a outras mudanças de peso na estrutura, nomeadamente as de Christian Horner e Adrian Newey, marcando o fim de uma era na organização. O CEO da Red Bull, Oliver Mintzlaff, lamentou a decisão, sublinhando o impacto profundo que Marko teve na identidade e nos sucessos da equipa.
20 Years, 417 Races, 6 Constructors' Championships, 8 Drivers' Championships.
Thank you, Helmut 💙 pic.twitter.com/svFn8TTJc7
— Oracle Red Bull Racing (@redbullracing) December 9, 2025
Helmut Marko:
“Estou envolvido no desporto motorizado há seis décadas e os mais de 20 anos passados na Red Bull foram uma jornada extraordinária e extremamente bem-sucedida. Foi um período maravilhoso, que pude ajudar a moldar e partilhar com tantas pessoas talentosas. Tudo o que construímos e alcançámos juntos enche-me de orgulho. Falhar por tão pouco o campeonato do mundo esta temporada tocou-me profundamente e deixou claro para mim que este é o momento certo, a nível pessoal, para encerrar este capítulo tão longo, intenso e bem-sucedido. Desejo à equipa todo o sucesso contínuo e estou convencido de que voltarão a lutar pelos dois títulos mundiais já no próximo ano.”
Oliver Mintzlaff, CEO da Red Bull:
“O Helmut abordou-me com o desejo de terminar o seu papel como conselheiro de desporto motorizado no final do ano. Lamento profundamente a sua decisão, pois foi uma figura influente durante mais de duas décadas, e a sua saída marca o fim de uma era extraordinária.”
Mais do que uma decisão pessoal?
A relação com a estrutura da Red Bull deteriorou-se após a morte de Mateschitz em 2022, momento que marcou o início de uma nova forma de supervisão por parte da empresa-mãe — uma mudança à qual Marko nunca se terá adaptado totalmente.
A esse desgaste somam-se episódios que abalaram a convivência interna: comentários depreciativos sobre Sergio Pérez em 2023; tentativas de afastamento em 2024 que Verstappen criticou publicamente; críticas a Kimi Antonelli após o GP do Qatar, que resultaram numa onda de insultos ao jovem piloto; e decisões controversas no programa júnior, incluindo divergências sobre a eventual entrada de Alex Dunne.
Apesar disso, tanto Marko como Oliver Mintzlaff — com quem terá tido vários atritos — insistem que a saída é voluntária. No entanto, indicações de bastidores sugerem que Mintzlaff e o acionista Chalerm Yoovidhya concordavam que Marko deveria ser afastado após Abu Dhabi, e que a decisão foi finalizada internamente antes do anúncio público.
And with that… the 2025 season comes to an end 🏆#F1 || #AbuDhabiGP 🇦🇪 pic.twitter.com/nVY1Pukm1a
— Oracle Red Bull Racing (@redbullracing) December 7, 2025
Instabilidade mantém-se
A saída de Marko coloca a Red Bull numa fase de grande instabilidade institucional. Em pouco tempo, a equipa perdeu Christian Horner, Adrian Newey, Jonathan Wheatley e Will Courtenay, além de vários elementos-chave da garagem de Verstappen. Paira também a dúvida sobre a continuidade de Gianpiero Lambiase no papel de engenheiro de corrida em 2026.
Esta remodelação acontece num momento sensível: Verstappen, embora ligado por contrato até 2028, já tinha declarado que Marko era um dos seus “pilares” dentro da equipa e insinuado que poderia sair caso o austríaco fosse afastado — uma situação evitada quando Marko renovou até 2026, acordo que agora termina antecipadamente. Resta saber se o campeão mundial mantém a confiança na estrutura sem Marko ou se interpretará esta saída como mais um sinal de erosão do núcleo que o rodeava.
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Cágado1
9 Dezembro, 2025 at 15:08
A F1 deve a Helmut Marko ter convencido Dieter Mateschitz a investir a sério na F1, como veículo promocional, e tb em todas as feeder series de onde saíram montões de pilotos. As suas escolhas foram no entanto sempre muito dúbias e poucos os que vingaram sob as cores RB (até Vettel já era um júnior BMW, que Marko foi pescar). Fará falta o seu dinamismo e cpacidade de lelvar as coisas para a frente. Quanto ao resto…
Pity
9 Dezembro, 2025 at 15:21
Auf wieder sehen.
Jura que foi ele que pediu, Mintzlaff? 🙂
Entre os nomes citados, que deixaram a Red Bull, aquele que menos falta faz é Helmut Marko, pelo tipo de funções que ocupava. Resta saber quem será o novo gestor da academia.
jo baue
9 Dezembro, 2025 at 21:42
Aquela de tentar tirar o Dunne da da McL que no fim resultou no rasgar do contrato a troco de uma indemnização, a promoção do Lindblad também sem dar cavaco, e a do ataque ao Kimi A., terá sido o pretexto para ele sair.
Simples detalhes num extraordinário percurso que daria ( dará?)um fantástico filme. Piloto rápido e eclético ( e já tinha um contrato- promessa com a Ferrari), um hábil homem de negócios, um percursor enquanto procurador e descobridor de talentos, Berger,Montoya, Vettel,… , simpático ou antipático , é uma autoridade que merecia ser escutado com atenção, ele que atravessou 3 épocas bem diferentes da F1, a dos anos 70 mais rudimentar e explosiva, a dos 80 com o crescimento do negócio/ business e a seguinte mais tecnológica, e não estamos a falar de um tecnocrata ou especialista de marketing como os q por aí andam.
Já estou a ver o início do filme, com o Marko a fazer corridas nocturnas em Graz com o seu amigo Jochen Rindt, ou a acariciar os 400 kms/h nas Hunaudie’res apenas protegido por um bocado de fibra de vidro à frente dos seus pés,ao volante do 917 KH. Grandes memórias que deixa.
Pity
10 Dezembro, 2025 at 14:51
Não sabia que a saída do Dunne da esfera da McLaren tinha mão do Marko. Julgava que a decisão partira da própria McLaren.
Posso estar enganada, mas penso que a filosofia da equipa vai mudar bastante… se será para melhor, só o futuro dirá.