F1: Renault não quer Force India como “equipa B” da Mercedes

Por a 2 Agosto 2018 16:05

Depois do anuncio do início do processo de insolvência da Force India e com a entrada de um novo dono para breve (assim tudo corra pelo melhor), começou a falar-se dos prémios devidos à Force India, que para serem entregues, deveriam ter a concordância de todas as equipas. A maioria das equipas aceitou que a Force India recebesse a sua parte do “bolo”, até para evitar que o processo de recuperação da equipa fique prejudicado ( fala-se de um valor a rondar os 150 milhões de euros) mas a McLaren, Williams e Renault ameaçaram votar contra.

Cyril Abiteboul explicou o motivo da posição da Renault, afirmando que não quer que a Force India se torne numa equipa B da Mercedes:

“Esse não é o tipo de F1 que gostamos. Estamos com receio de que tal construção impossibilite a competitividade para qualquer equipa que não esteja a aproveitar os benefícios de uma equipa principal e de uma equipa B. Começamos a ter alguns vislumbres disso, em certos aspectos quer  no desenvolvimento de chassis ou do motor. Temos de ter certeza de que isso não se torna uma necessidade, caso contrário, o nosso modelo não funciona e o nosso envolvimento torna-se insustentável”.

A Ferrari tem começado a usar este modelo, quer com a Haas e mais recentemente com a Sauber (mais vincado nesta última) e os benefícios são claros. Além da colocação de pilotos jovens nas equipas B, o desenvolvimento de certos componentes pode ser feito durante a época, com carros cujos objectivos são mais modestos. A Haas e a Sauber receberam novos motores antes da Ferrari, o que pode servir como primeiro ensaio antes de colocar  a nova unidade motriz no carro da Scuderia.

A Mercedes já admitiu em Janeiro que tinha interesse numa equipa B e em declarações a ESPN, Toto Wolff disse o seguinte:

“É algo que estamos a considerar. Não é fácil, porque não queremos distrair a nossa organização com uma colaboração com outra equipa. Não somos os únicos a ter ideias inteligentes – estamos em discussões mas nada está concluído ainda “.

É esse receio que paira nas equipas como a Renault, McLaren e Williams, que neste momento não conseguem ter essa possibilidade:

“Faremos tudo para que nenhum emprego esteja sob ameaça, isso é certo”  – disse Abiteboul. “Apenas queremos entender a visão do detentor dos direitos comerciais sobre este assunto. A única coisa em que queremos ter um pouco de clareza é que entendemos que agora há uma série de incentivos para que equipas grandes e pequenas se unam e aproveitem os regulamentos actuais ou regulamentos futuros.”

Sobre o veto ao negócio da Force India o francês foi peremptório: “A resposta é não, porque queremos salvar os empregos. Mas queremos ter a certeza necessária antes de votarmos ”.

A Mercedes entretanto mudou o discurso que tinha no início da época e afirmou, pela voz de Toto Wolff que não pretende ter uma equipa B:

“Não gostamos do conceito de equipas B na Fórmula 1 ”, disse à BBC Sports. “Preferimos não ter essa estrutura porque ela oferece vantagens para ambas as equipas. Não  vamos comprar a  Force India e preferimos não ter o conceito de uma equipa B. Eu entendo que há perguntas do Cyril e outros em relação ao futuro da F1, se equipas grandes  comprarem equipas menores, o que eu respeito completamente. Compartilho essas preocupações e não acho que seja o caminho certo a seguir. Espero que possamos ter uma discussão para que o nível de cooperação seja reduzido entre equipas. Existem acordos comerciais que fazem sentido, mas há desvantagens também. Temos de encontrar uma solução para as equipas pequenas  poderem beneficiar da infraestrutura compartilhada, mas, ao mesmo tempo, não obterem uma vantagem que é actualmente possível.”

Quanto ao negócio da Force India:

“Tivemos discussões com todos os potenciais compradores, e o mais importante é que alguém com os fundos certos compre a equipa. Mas nós não estamos a controlar o processo. Está nas mãos do administrador.”

Os receios evidenciados pela Renault fazem sentido. A Red Bull tem aproveitado este conceito com a colocação de jovens pilotos na Toro Rosso e agora com a comparação de motores entre a Honda e a Renault. E são raras as vezes em que vemos um carro da Toro Rosso “dar luta” a um carro da Red Bull em pista. A cooperação entre ambas as equipas não será tão estreita como acontece com Ferrari/Sauber/Haas, mas ainda assim há algumas vantagens inegáveis. Com a Ferrari o caso parece mais flagrante. A Haas deu um salto qualitativo enorme de um ano para o outro graças à cooperação com a Ferrari. Um salto que a Force India demorou anos a fazer. Mesmo a Sauber tem aproveitado a cooperação com a Ferrari e este ano apresentou um nível competitivo inesperado para uma equipa que no ano passado não conseguia sair das últimas posições. Claro que este tipo de cooperação tem contrapartidas, e é preciso avaliar se este tipo de contrapartidas não descaracteriza a F1 e não retira alguma da verdade ao campeonato. É que assim o fosso entre equipas grandes e pequenas irá tornar-se insuperável. Equipas como a Haas e a Sauber conseguirão andar nos lugares do meio da tabela, nunca serão um incómodo para as equipas grandes, mas irão retirar pontos e  prémios às equipas singulares que não têm este tipo de aliança e cujo crescimento fica em perigo.

Se a Force India se tornar numa espécie de equipa B dificilmente poderá voltar a ameaçar equipas grandes o que seria uma pena pois apesar de tudo, foi a única estrutura que cresceu e conseguiu tornar-se competitiva ao ponto de incomodar equipas com mais orçamento. Tem a palavra os responsáveis da F1.

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