F1: Quem se segue na Ferrari?

Por a 12 Maio 2020 12:15

A Ferrari está agora em busca de um sucessor para Sebastian Vettel, que irá deixar a equipa no final da época. Certamente não faltarão candidatos à vaga mas alguns nomes ganham mais força nesta fase.

Se é quase certo que a grande maioria dos pilotos gostaria de representar a Ferrari, pela história e pelo potencial que a equipa apresenta, nem todos reúnem as condições para serem escolhidos. Os rumores são muitos e apontam para dois nomes: Daniel Ricciardo e Carlos Sainz.

Daniel Ricciardo está em final de contrato com a Renault e o primeiro ano da parceria com a marca francesa não correu como previsto. A desejada aproximação ao top 3 não se materializou e pior que isso, a equipa perdeu terreno para a McLaren, que se tornou na quarta maior força do grid. Ricciardo tem optado por um discurso politicamente correto, dizendo que quer ter sucesso com a equipa, mas nunca fechou a porta a outros desafios e certamente não terá gostado de ver mais uma reestruturação na Renault.

Este pode ser o desafio há muito desejado pelo australiano. Ricciardo é experiente (171 GP) e considerado como um dos melhores do grid, com sete vitórias e 29 pódios conquistados até agora. Tem a seu favor a experiência, a sua visibilidade que fazem dele um alvo apetecível ao nível do marketing, a sua ascendência italiana, o que até pode desempenhar um papel neste cenário e, acima de tudo, tem uma relação muito boa com Charles Leclerc o que se pode tornar decisivo.

Leclerc é a estrela da companhia e poderá ter uma palavra a dizer quanto ao seu novo colega de equipa e Ricciardo ganha vantagem assim. O australiano já teve momentos menos bons com Max Verstappen na Red Bull, mas o ambiente nunca ficou demasiado crispado entre ambos e a Ferrari quer evitar a todo o custo que a nova dupla de pilotos seja um potencial foco de desestabilização. Contra ele tem uma época fraca na Renault, onde não se adaptou com facilidade a um novo carro e uma atitude descontraída que poderá não ser do agrado dos responsáveis da marca.

Carlos Sainz é provavelmente a opção mais vezes referida como a que mais interessa à Scuderia. O espanhol vem de uma época excelente na McLaren, onde conquistou o título virtual do “campeonato B”. Sainz foi o mais regular ao longo de 2019 e mostrou uma maturidade e um ritmo muito interessantes para a Ferrari.

A aposta em Sainz é claramente uma aposta na juventude, mas com a experiência necessária para enfrentar a pressão da Scuderia. O espanhol tem 102 GP em seu nome, tendo conquistado apenas um pódio até agora. Contra si tem o facto de ter apenas uma época em que vimos o verdadeiro potencial de “Carlitos”.

A primeira época na Toro Rosso foi boa, apesar de ter sido ofuscado pelo “fenómeno Verstappen” e mostrou potencial na segunda época, que não se confirmou na sua mudança para a Renault. Na equipa francesa andou um pouco “à deriva” com resultados abaixo do esperado e foi dispensado para dar lugar a Ricciardo. Felizmente para ele, abriu uma vaga na McLaren onde encontrou um carro com qualidade, um colega de equipa com quem se deu logo bem e uma equipa sem pressão, apenas com vontade de continuar a crescer.

A grande dúvida da Ferrari será se Sainz tem mesmo capacidade para enfrentar o desafio. Do que já vimos, é justo dizer que sim, mas não tal não é garantido.

Outro nome que interessa referir é o de Lewis Hamilton, que tem sido constantemente associado à Ferrari. Embora o piloto diga que gostaria de terminar a carreira na Mercedes, o desafio Ferrari seria aliciante e tentar o título numa terceira equipa seria um feito estrondoso, mais ainda nos tempos que vivemos. Neste cenário há um terceiro “jogador”… Toto Wolff pode ser determinante para a decisão futura de Hamilton. Se o austríaco estiver com vontade de sair (Aston Martin é dada como possível destino), Hamilton poderá seguir-lhe o exemplo. Resta saber se a Ferrari quer Hamilton na sua equipa. Mais uma vez está em cima da mesa a vontade de fazer de Leclerc a referência e, apesar do respeito demonstrado pelo monegasco, Hamilton não costuma facilitar nas lutas internas e pode ser tão feroz quanto Alonso, tornando-se esta possível dupla como potencial fonte de desestabilização. Por outro lado ter o nome Hamilton associado à Ferrari poder ser uma jogada fantástica a nível de marketing. É um nome que tem sido progressivamente descartado, mas que ainda faz muito sentido

António Giovinazzi tem ligações com a Ferrari e já afirmou no passado estar na calhar para um lugar na equipa. Ter um piloto italiano seria o sonho de muitos tifosi, mas para isso Giovinazzi teria de mostrar mais capacidade, algo que ainda não fez. O italiano melhorou muito em relação ao início da época, mas ainda não fez o mínimo necessário para convencer os responsáveis da Scuderia. Este timing não é o ideal para o italiano que nesta fase ainda não fez qualquer corrida para convencer as chefias da Ferrari. Tudo dependerá se a Ferrari quer esperar para ver ou se irá avançar em breve para a contratação de um substituto. Giovinazzi é hipótese, mas não a mais forte.

Valtteri Bottas também termina contrato este ano e pode ser incluído nesta lista. O finlandês ainda não deslumbrou ao serviço da Mercedes mas é claramente um bom piloto que assegura bons pontos para a equipa. Não tem sido referido como hipótese para a Scuderia mas olhando à sua experiência e situação contratual, também pode ser colocado na lista embora as hipóteses também não pareçam ser muitas. Tem a seu favor a experiência na Mercedes, o espírito de team player e uma atitude calma e reservada, sem enfrentar as chefias. Bottas melhorou em 2019 e promete mais este ano.

No campo das possibilidades mais remotas, podemos encontrar Fernando Alonso. O espanhol avisou que iria desvendar os planos para a sua época 2021 em breve e a F1 nunca deixou de ser um objetivo, desde que fosse para uma estrutura com capacidade para lhe dar um carro vencedor. A vaga abriu-se e o interesse de Alonso pelos carros da nova geração poderá aumentar o apetite do espanhol. A Ferrari é que poderá não ver o regresso de forma tão positiva, sabendo como o espanhol trabalha. A ida de Alonso para a Ferrari iria quase de certeza desestabilizar Leclerc e seria uma dor de cabeça ainda maior lidar com esta dupla, do que foi lidar com Vettel. Mais ainda, Alonso não entra num F1 há algum tempo e esta paragem prolongada pode ser um fator dissuasor.

Outro nome que já foi associado à Ferrari no passado é o de Sergio Pérez. O mexicano é muitas vezes subvalorizado, mas já mostrou qualidade para uma equipa de topo. Tem contrato de três anos com a Racing Point, que se tornará Aston Martin, num projeto aliciante, mas a Ferrari dará condições de sucesso imediato e não é descabido que Pérez possa tentar também um lugar na Scuderia. No entanto é uma hipótese mais remota e há alvos com situações contratuais bem mais simples de resolver e talvez mais aliciantes.

Se eu tivesse que escolher?

Numa opção meramente pessoal, se fosse responsável da Scuderia escolheria Daniel Ricciardo. Desportivamente faz todo o sentido e a sua qualidade fala por si, a relação com Leclerc pode ser saudável, o que ajuda imenso no trabalho de equipa e ao nível do marketing a Ferrari poderia explorar opções que não fez até agora. Carlos Sainz é uma excelente opção também, mas a convivência com Leclerc poderá não ser tão salutar além da estatística mostrar que o espanhol é um alvo menos apetecível que o australiano. As próximas semanas darão mais luz sobre quem será o 110º piloto da Scuderia.

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