F1: Primeiras corridas ‘decidem’: Ferrari entre 2020 e 2021…

Por a 19 Fevereiro 2020 09:23

Por Jorge Girão

A temporada de 2020 será profundamente complexa para todas as equipas, dado que, para além de terem de colocar dois carros em pista, terão também de preparar a época de 2021, que marcará a introdução de um regulamento técnico completamente novo, o que coloca uma enorme pressão sobre elas.

O momento em que decidirão transferir os seus recursos do programa deste ano para o do próximo poderá ser determinante para o seu futuro competitivo e Louis Camilleri deixou algumas pistas quanto à abordagem que a Ferrari poderá assumir esta época.

Depois de uma temporada em que ficou aquém do esperado, continuando a sua travessia do deserto – o último título da ‘Scuderia’ data de 2008 – e perdendo competitividade face a 2018, a frustração pairou em Maranello, catalisado por uma pré-temporada de 2019 em que a Ferrari foi apontada como a principal favorita à conquista dos campeonatos.

Há alguns dias, na apresentação do SF1000, carro que a formação transalpina espera poder ser capaz de lhe garantir ceptros, Louis Camilleri assumiu que a pressão está bem presente na equipa, muito embora garanta que é canalizada de uma forma positiva. “A Ferrari tem um apelo mágico, que é tão poderoso como difícil de descrever. Todos nós na Ferrari estamos muito conscientes das enormes responsabilidades que estão sobre os nossos ombros e estamos claramente focados no derradeiro objetivo, que é a vitória e acreditamos que temos o talento e a determinação para tornar as nossas ambições numa realidade. Com a responsabilidade vem muita pressão, o que vimos de uma forma positiva, uma vez que tem o efeito de nos unir e inspirar para fazermos ainda melhor. Posso assegurar que somos mais exigentes connosco que alguém alguma vez poderia ser”, afirmou o CEO da Ferrari.

É evidente que a Scuderia arranca para 2020 com o objetivo claro de reconquistar os títulos que lhe escapam há onze anos, mas numa época em que os conhecimentos reunidos pouco impacto poderão ter no carro de 2021, qual será a reação da formação transalpina, se a competitividade lhe voltar a escapar?

Uma temporada na luta pelo título pode ser esgotante e a Ferrari sabe bem disso. Em 2008 esteve envolvida na batalha pelos dois ceptros até à última curva do derradeiro Grande Prémio, sendo obrigada a manter grande parte dos seus recursos no desenvolvimento do F2008 para poder contrariar os desejos da McLaren.

No ano seguinte, com um novo pacote regulamentar introduzido, a Scuderia, tal como a McLaren, viu-se ultrapassada competitivamente pela Brawn e Red Bull, vencendo apenas um Grande Prémio.

Recentemente, Toto Wolff, o responsável máximo da Mercedes, assumiu que o momento em que as equipas decidirem transferir recursos do projecto deste ano para o do próximo poderá ser determinante para a competitividade das próximas campanhas. “Este ano teremos um campeonato de dois anos”, começou por dizer o austríaco, continuando: “Não é apenas 2020 e o actual regulamento. Existe uma alteração tão profunda no regulamento de 2021 que equilibrar a alocação de recursos será crucial no que diz respeito aos recursos que serão transferidos para o carro de 2021.

Obviamente, a curva de aprendizagem e de desenvolvimento é muito mais pronunciada no início.

Portanto, se alguém errar, ficará com meses de atraso, o que poderá significar meio segundo”.

Os homens da Ferrari parecem estar conscientes da importância de 2020 e, segundo diversas informações, a equipa reforçou-se tanto financeiramente como humanamente para poder dar resposta às exigências da próxima temporada e poder preparar-se convenientemente para o novo regulamento técnico de 2021.

Mas Camilleri vai mais longe, e deixa transparecer que, mais importante que a época que se aproxima, é o futuro ao mais alto nível da Ferrari, o que poderá significar, caso o SF1000 não mostre a competitividade que permita a Sebastian Vettel e a Charles Leclerc lutarem pelos títulos deste ano, transferir a maior parte dos recursos para o projeto de 2021. “Será um ano muito interessante com competição dura, mas será também um ano importante, dado que paralelamente temos de desenvolver e criar um carro de acordo com o regulamento de 2021 e anos seguintes, portanto, a equipa estará muito, muito ocupada. Penso que o Mattia e a sua equipa estão a realizar um grande trabalho e estamos ansiosos por sucesso, mas não estamos apenas a olhar para a próxima temporada ou a próxima corrida. Estamos focados no longo prazo”, sublinhou o responsável da equipa.

Camilleri deixa, assim, claro que as primeiras corridas da próxima temporada serão preponderantes para o desfecho da campanha da Ferrari, sendo possível ver a equipa de Maranello apostar totalmente em 2021 até ao meio da temporada, caso o SF1000 não demonstre ser capaz de ombrear de igual para igual com o Mercedes e o Red Bull, ultrapassando a dificuldade de gerir dois programas em paralelo e procurando ganhar vantagem para a introdução do novo regulamento.

Veremos…

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