F1: Os caminhos diferentes da Porsche e da Audi

Por a 19 Outubro 2021 13:00

O ingresso da Audi e da Porsche na Fórmula 1, em 2026, parece uma mera formalidade, mas segundo rumores no paddock, a forma como cada uma das marcas do Grupo Volkswagen abordará a categoria máxima divergirá bastante.

Com o regulamento alinhado com os desejos do conglomerado, o gigante de Ingolstadt e o de Zuffenhausen estão a um anúncio oficial da entrada na categoria máxima e vão surgindo alguns rumores sobre a forma como isso se concretizará.

Qualquer um dos construtores tem duas possibilidades para ingressar no mundo dos Grandes Prémios – ou entrar como fornecedor de motores, como faz este ano a Honda, ou assumir-se como um concorrente de pleno direito, com acesso ao dinheiro do Acordo Concórdia, ou seja, a como equipa.

Segundo os rumores, a Audi e a Porsche seguirão caminhos diferentes, escolhendo a primeira adquirir uma equipa e a segunda a assumir o fornecimento de motores.

A grande questão será qual a formação que a marca de Ingolstadt irá comprar e a quem a de Zuffenhausen cederá as suas unidades de potência.

A situação da Porsche parece ser a mais simples de todas. A Red Bull e o Grupo Volkswagen têm uma longa relação e nas discussões para definir o regulamento de motores do próximo ciclo estiveram alinhadas politicamente, o que foi determinante para que alguns dos desejos dos alemães pudessem avançar contra a resistência da Ferrari, Renault e, sobretudo, Mercedes.

Para além disso, com a Red Bull está a construir e a edificar um centro para a concepção e construção de unidades de potência de Fórmula 1, não se vê grande dificuldade em haver um entendimento e para que a curto trecho comecem a chegar a Milton Keynes engenheiros e técnicos oriundos do Grupo Volkswagen. Seria a recriação de um cocktail que tanto sucesso levou à Porsche nos anos 80, então com a McLaren.

Estes motores seriam usados pela Red Bull, que seria a equipa oficial do construtor germânico, sendo ainda cedidos à Audi para usar nos seus monolugares, onde seriam batizados com o nome desta.

A marca de Ingolstadt favorece a compra de uma equipa, mas neste momento, são poucas as que estão disponíveis, uma vez que Ferrari, Mercedes, Alpine e Aston Martin não estão à venda por motivos óbvios e as estruturas da esfera da Red Bull também não.

Sobra a Haas, que tem ligações profundas à Ferrari, a Sauber, que deverá cair nas mãos da Andretti Autosports, a McLaren e a Williams.

Estas duas últimas equipas têm à sua frente dois homens que conhecem bem o Grupo Volkswagen – Andreas Seidl liderou o projecto LMP1 da Porsche e Jost Capito foi o homem do leme da Volkswagen, quando dominou a cena do Campeonato do Mundo de Ralis.

Numa primeira análise, a McLaren, um construtor automóvel de pleno direito, parece ser uma possibilidade morta à nascença, mas desde que a pandemia da COVID-19 rebentou que tem vindo a passar por dificuldades financeiras, tendo alienado algum do seu património.

A questão passa por saber se a sua estrutura acionista, liderada pela Mumtalakat Holding Company, que detém 56,4% das acções do McLaren Group, está na disposição de continuar a pagar as contas ou se verá numa oferta feita por um grande construtor uma forma de deixar o grupo de uma forma airosa e ainda com algum dinheiro na algibeira.

O problema seria perceber o que seria feito com a McLaren Automotive, uma vez que a Audi já controla a Lamborghini, uma concorrente directa da marca de Woking.

Ganhar o controlo da Williams seria bastante mais simples e mais barato. Neste caso, a Audi estaria a comprar apenas uma equipa de Fórmula 1, sem construtores de automóveis associados, não tendo de encontrar uma solução, como seria o caso da McLaren.

No entanto, seria necessário realizar um investimento maior nas infraestruturas da equipa, que hoje não estão ao nível daquilo que as grandes equipas possuem. A ligação de Capito ao Grupo Volkswagen pode, porém, facilitar um contacto maior que se traduza numa aproximação das duas entidades de modo que, em 2026 a Williams possa estar em posição de poder representar a Audi.

Não existe, portanto, um anúncio oficial, mas parece que tanto Porsche como Audi têm já os respectivos caminhos traçados para um ingresso na Fórmula 1.

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Cágado1
2 anos atrás

Espero que se alguma delas optar por ter uma equipa, que tenha uma equipa a sério: que a construa de raiz!

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  Cágado1
2 anos atrás

Honestamente achas que é realizavel? Qual foi a última equipa que fez isso com sucesso?

RedDevil
RedDevil
2 anos atrás

A F1 vai por um caminho muito perigoso…
Os autores do “dieselgate” mais o autor do “crashgate”… tudo a entrar à uma!!!! E com cobertura de um CEO apalermado…
Só fica faltando o Bafo de Onça e os irmãos Metralha…
…. a Mercedes já deve estar a fazer as malas… e a Ferrari vai ficar “embrulhada” no meio do pelotão…

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  RedDevil
2 anos atrás

Realmente pensas que a malta da F1 são como o Mickey?
Os Metralha já lá estão, são as equipas inglesas. A Ferrari tem pinta de Mancha Negra e Bafo pode ser a Mercedes. Se Maga e a Madame Min se juntam fica perfeito.

RedDevil
RedDevil
Reply to  Lagaffe
2 anos atrás

O que é interessante é a sequência de acontecimentos… o Domenicalli vai para a Lambo (com uma sequência de fracassos na F1), depois salta para CEO da F1… e agora vem atrás os ex-patrões… com as regras adaptadas ao seu gosto… E a Honda? … pensava que estava a vender os seus motores à RB e afinal… sem saber, vai entregar a tecnologia toda ao grupo VW… Podem estar todos com as melhores intenções mas isto larga um “bafo”… E porque é que vem Audi e Porsche juntas? … talvez porque a Audi é uma “farsa de marketing” e apenas… Ler mais »

Lagaffe
Lagaffe
Reply to  RedDevil
2 anos atrás

Imagino que para um Ferrarista o que importa é a vitória no final do campeonato. Agora não sei em que métricas pode definir-se o trabalho do Domenicalli. Segundo sei na Lambo as coisas não andavam mal. A função de CEO da F1 é diferente por isso não sei até que ponto faz sentido comparar. O Carey nem sequer sabia o que era um F1.
Não acredito que a Honda não tenha deixado algumas proteções à tecnologia que desenvolveu. Há sempre acordos de confidencialidade com períodos largos de proteção de informação.
Porque dizes que a Audi é uma farsa de marketing?

RedDevil
RedDevil
Reply to  Lagaffe
2 anos atrás

O último “trabalho” do Domenicalli foi o F14… um “monte” de erros e equívocos em cima de 4 rodas… A questão não é “perceber de mecânica”… é não ser competente e responsável… e temos um exemplo bem fresco… como é que ele não “obrigou” a Pirelli a conhecer o novo asfalto do circuito das Américas? Estão milhões envolvidos e vão na “aventura”… à espera que tudo corra bem sem ter feito nada para que isso aconteça… A Audi é um produto com uma roupagem premium (e preço também) mas por baixo são as soluções genéricas do grupo VW… e depois… Ler mais »

MiguelSilva
2 anos atrás

Bom artigo!
Preferia que a Audi e a Porsche criassem as suas próprias equipas…
Assim não será tão interessante.

MP67
MP67
2 anos atrás

Bom mesmo era poderem criar duas novas equipas e termos novamente qualificações com 24 carros com os 4 últimos a eliminar. Isso équera!

bastos76
bastos76
2 anos atrás

As conjecturas são boas, mas ainda falta desvendar qual é o papel da Andretti nesse cenário. Na Fórmula E esteve associada a BMW, mas não acredito que os bávaros estejam pensando em entrar novamente na F1… ou estão?

Scb2
Scb2
Reply to  bastos76
2 anos atrás

BMW? Se mesmo do grupo VW estou em ver para crer, da BMW diria que a probabilidade é muito reduzida.
A Andretti tanto faz parcerias com a McLaren ou a United AutoSports, como corre com motores Honda na Indy, com carros Holden (Opel) na Austrália. Não terá problemas em ser cliente de qualquer marca.

chicanalysis
2 anos atrás

É um bocado estranho que a vw esteja apostada em ser 100% elétrica e simultaneamente vá apostar com duas submarcas numa competição que está a fazer tudo para manter a tecnologia de combustão até não poder mais. Ver para crer.

Last edited 2 anos atrás by Chicanalysis
FormulaTwo+1
Reply to  chicanalysis
2 anos atrás

Sem dúvida! Bem observado.

Lagaffe
Lagaffe
2 anos atrás

Terá a Wolksvagen tanto interesse em queimar euros em duas estruturas de F1? Logo eles que nunca entraram nesse meio? Parece-me difícil mas seria um cenário muito interessante.

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