F1: O que a nova dupla da Alfa Romeo traz à equipa?

Por a 16 Novembro 2021 10:04

A Alfa Romeo confirmou, finalmente, a sua dupla para 2022, com Valtteri Bottas e Guanyu Zhou a serem os escolhidos. Uma renovação total na equipa, com uma dupla completamente nova.

Valtteri Bottas é já um piloto bem conhecido das equipas e dos fãs. Com uma carreira nos campeonatos de iniciação absolutamente sublime, Frank Williams viu nele uma futura estrela da F1 e Williams apostou no jovem finlandês que começou a dar nas vistas, especialmente no arranque da nova era híbrida, em 2014. Estabeleceu-se na F1 até surgir o convite surpresa da Mercedes, quando Nico Rosberg resolveu pendurar o capacete, após o seu título em 2016. Era a oportunidade de ouro de Bottas de mostrar o seu valor e lutar pelo título, mas nunca mostrou argumentos para isso. A sua qualidade era clara, mas faltou-lhe estofo para ser campeão. O problema nunca esteve no seu talento, mas sim na sua mentalidade e neste desporto uma mentalidade forte é indispensável para o sucesso. Bottas, além de ter do outro lado da garagem provavelmente o pior colega de equipa que podia ter (um Hamilton numa forma tremenda), nunca conseguiu que a equipa confiasse a 100% nele, porque nunca teve épocas consistentes. A sua ida para a Alfa Romeo é boa para ambas as partes. Bottas vai para um ambiente com menos pressão, onde será a referência e poderá mostrar um pouco mais do que pode fazer e a Alfa recebe um piloto experiente, que sabe como uma equipa vencedora funciona e muito mais motivado que o finlandês que agora sai da equipa, que sempre admitiu que a F1 para ele era agora um passatempo (bem pago). Kimi Raikkonen trouxe exposição, experiência e talento, mas também trouxe uma postura muito própria, talvez nem sempre a melhor, para uma equipa como a Alfa. Claro que essa postura lhe valeu fãs por todo o lado, mas deve ser difícil para uma equipa lidar com um piloto que encara tudo o que tem de fazer como um incómodo necessário para se poder sentar no carro e pilotar. Bottas não encara a F1 como um passatempo, tem uma postura mais aberta e estará interessado em fazer crescer a Alfa e com isso tentar aproximar-se dos lugares da frente. Uma escolha inteligente por parte da equipa, que fica a ganhar.

Guanyu Zhou é o segundo piloto escolhido, para ocupar o lugar de Antonio Giovinazzi. O italiano vinha a demonstrar sinais de insatisfação, um sinal de que já sabia que não era o escolhido para se manter na equipa. E a Alfa Romeo fez bem. Giovinazzi não é um mau piloto, mas nunca mostrou que podia ser mais do que um piloto de meio de tabela. A sua frustração por não ter sido opção para a Ferrari é infundada pois nunca mostrou argumentos para ser um piloto de equipa de topo. Foi evoluindo gradualmente e até chegou a superar Raikkonen em várias ocasiões o que não pode ser esquecido, visto estarmos a falar de um campeão do mundo. Mas estamos a falar de um campeão do mundo em modo “pré-reforma” com tudo o que isso implica. A Alfa Romeo precisava de sangue novo e esta era a melhor altura para o fazer. Zhou foi a escolha. Uma escolha… interessante, mas não entusiasmante. Deu nas vistas na F4 italiana e o seu talento parecia indicar que podia finalmente ser o primeiro piloto chinês na F1. Está a fazer uma boa época na F2, onde luta pelo campeonato, tendo também conquistado o título da F3 asiática. Mas a carreira de Zhou é feita de altos e baixos e apesar de ter potencial para ser um bom piloto, não é o talento mais entusiasmante da F2. Fica a sensação que os momentos de estagnação que teve não foram mais penalizadores graças ao passaporte que tem, evoluindo sempre nas categorias de iniciação, com as marcas e as equipas interessadas no mercado chinês. Oscar Piastri, por exemplo, que chegou a ser associado ao lugar, parecia ser uma opção mais interessante, dado o talento e potencial, ou até Theo Pourchaire que chegou a ser equacionado, mas foi considerado demasiado jovem para este salto. Mas é também injusto pensar que Zhou chegou à F1 apenas por ser chinês. Já demonstrou talento e se está na luta pelo título na F2, é um sinal que pode ter o que é preciso para ser bem sucedido. Posto isto, Zhou traz muita coisa positiva à equipa. Traz juventude, irreverência e acima de tudo dinheiro, abrindo um mercado importante para as marcas e a F1. Zhou é uma espécie de compromisso perfeito entre um piloto com algum talento, que  até pode singrar na F1 e uma porta para o mercado chinês, quer para a Alfa Romeo, quer para a F1.

Resumindo, a Alfa Romeo fica, em teoria, a ganhar com estas trocas e pode encarar o futuro com otimismo.

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5 Comentários
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Scb2
Scb2
2 anos atrás

Um traz experiência e o outro dinheiro.

MiguelCosta
MiguelCosta
Reply to  Scb2
2 anos atrás

Excelente análise.

917/30
Reply to  Scb2
2 anos atrás

Nem mais.

831ABO
831ABO
2 anos atrás

Muito mais que só experiência e dinheiro, embora no caso do Guanyu Zhou os yuans tenham pesado na decisão. Valtteri Bottas e Fréderic Vasseur conhecem-se há muito – Bottas pilotou para a ART em 2009, 2010 e 2011 – e o finlandês vai conduzir a um nível de que o Kimi, por muito bom que fosse, já não era capaz. Livre da pressão dos contratos anuais e de ser o piloto sacrificado na luta pelos títulos, como foi entre 2018 e esta época, estou certo que o Valtteri Bottas vai levar a Alfa Romeo a um patamar bem mais alto.… Ler mais »

Last edited 2 anos atrás by 831AB0
garantia4
garantia4
2 anos atrás

Nem 1 menção a alguma das prestações excelentes nestes anos que foram destruídas pelo “muro”. Sintomático. Certo. Bom, excelente, é o Russell com aquele Williams.
Bem se safou o Vasseur do confronto do escolhido Bottas com o Giovinazzi. Não convinha.

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