F1: O novo capítulo da Haas

Por a 10 Janeiro 2024 18:10

A Haas é a estrutura mais recente da F1. Entrou no Grande Circo em 2016, sendo feita praticamente de raiz, trazia consigo a bandeira americana, um mercado que já na altura, antes da Liberty pegar no leme da competição, a F1 queria desbravar. Com a saída de Gunther Steiner, acaba um capítulo importante da equipa.

Steiner era o rosto da Haas. O carismático diretor que convenceu Gene Haas a apostar na F1 e que conseguiu alguns sucessos. Nas oito épocas da equipa, a Haas conseguiu um quarto lugar (melhor resultado em corrida), um quinto lugar final no campeonato de construtores e tudo isto em três épocas. A filosofia da Haas era comprar tudo o que podia e desenvolver o mínimo indispensável, uma forma mais barata de competir, que parecia estar a dar resultado. Mas se 2018 foi um bom ano para a Haas, com o tal quinto lugar nos construtores, em 2019 iniciou-se uma descida vertiginosa em que os maus resultadso se foram acumulando. Em 2021 veio a aposta na juventude com Nikita Mazepin e Mick Schumacher, que vieram para o lugar de Romain Grosjean e Kevin Magnussen. A aposta foi um fracasso e duas épocas depois, a Haas voltou a ter uma dupla de pilotos experiente com o regresso de Magnussen e a aposta em Hulkenberg.

Mas a sensação que fica da Haas é que nunca foi uma equipa que apostou seriamente no seu crescimento, mesmo depois da implementação do limite orçamental. A Haas continuo a ter desempenhos abaixo do desejado, mesmo com o forte apoio da Ferrari. Com o limite orçamental, praticamente todas as equipas ganharam um novo “élan”, umas mais tarde do que outras. Mas a tendência mostra equipas a reforçarem e a planearem o futuro com mais cuidado e com mais ambição. Não foi o caso da Haas. Na equipa americana, feita de retalhos, com a sede da equipa nos EUA, com um polo no Reino Unido e outro em Maranello (Itália), o produto final nunca foi entusiasmante. E terá sido isso que levou à rotura entre Gene Haas e Steiner.

Aparentemente, Steiner queria mais. Mais investimento, para fazer crescer a equipa. Gene Haas, por seu lado, queria mais resultados com a estrutura existente. O desacordo levou ao fim de uma relação de oito anos. A Haas perde o seu porta-estandarte, a sua voz de comando, o seu elemento mais carismático (com efeitos brutais no marketing da equipa). Mas mais que isso, esta mudança não parece, à primeira vista, trazer um vento de mudança. Uma solução interna, numa equipa que pouco tem evoluído nos últimos tempos e que demora a convencer.

A Haas é, neste momento, uma equipa estagnada, com uma estrutura distribuída por três países e com pouco investimento. A Haas é uma equipa que neste momento apenas existe e não faz muito para crescer. Gene Haas e o seu desinteresse pela equipa é notório pelo tempo que passa com ela. Seria de esperar que um dono de uma equipa de F1 aproveitasse toda a exposição para pelo menos aparecer. Lawrence Stroll, outro homem de negócios bem-sucedido, faz questão que a sua presença seja sentida (pelo melhor e pelo pior). Gene Haas é quase uma pessoa anónima com pouco impacto mediático e pouca força na equipa (aparentemente).

Com a saída de Steiner, fecha-se um capítulo. O da criação e crescimento em que Steiner teve um papel fulcral. Resta saber o que será da equipa, sem o homem que lhe deu forma e alma. Será que a Haas vai crescer, ou estagnar, colocando-se a jeito para uma venda futura?

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