F1: O fim de semana das despedidas

Por a 23 Novembro 2018 18:12

O último GP do ano será marcado por muitas despedidas. Entre pilotos que saem da F1 (por vontade própria ou por obrigação), temporariamente ou até definitivamente, passando por aqueles que mudam de equipas, vamos ter um fim de semana repleto de emoções.

 

Kimi Raikkonen, um dos pilotos mais experientes do grid, fará a sua última corrida pela Ferrari, para dar lugar ao jovem prodígio Charles Leclerc. O finlandês não parece muito triste com a mudança pois continuará a fazer o que mais gosta, talvez com uma menor exposição mediática (uma hipótese pouco provável pois Kimi será sempre Kimi) num regresso às origens antes de fazer o adeus definitivo. Esta segunda passagem pela Ferrari não correu tão bem quanto gostaria e demorou muito a voltar ao nível que nos habituou. 2014,2015 e 2016 foram épocas complicadas para o finlandês, mas 2017 e 2018 viram o ressurgir do Iceman, com boas exibições. A saída da Ferrari pode parecer injusta, mas talvez a Scuderia precise de sangue novo nesta fase e Raikkonen, embora ainda rápido, não parece ter argumentos para chegar ao andamento dos mais rápidos. Vai para a Sauber aproveitar os últimos anos de F1. Deixa um legado importante na Scuderia com 150 GP, 10 vitórias, 7 poles, 52 pódios e 23 voltas mais rápidas, sem esquecer o campeonato conquistado em 2007 (mais 87GP pela McLaren – 9 vitórias, 37GP pela Lotus – 2 vitórias, e 17GP pela Sauber, número que irá aumentar). Pode não ter sido dos pilotos mais bem-sucedidos da Ferrari (tinha talento para isso), mas foi certamente um dos mais carismáticos.

 

Daniel Ricciardo é também outro piloto que irá mudar de cores. O #3 passou a sua carreira toda sob a alçada da Red Bull, mas aceitou o convite da Renault para mudar de ares. O australiano que começou a sua carreira em 2011 (HRT), passou pela Toro Rosso onde suplantou a concorrência de Jean-Eric Vergne. Foi o escolhido para substituir Mark Webber e logo no primeiro ano bateu o pé a Vettel, que pouco depois se mudou para a Ferrari. Foi sendo o melhor piloto da Red Bull, com a companhia de Daniil Kvyat e quando chegou Max Verstappen, teve um adversário à altura. Sai na sua pior época na Red Bull, depois de uma série quase inacreditável de azares (8 abandonos). Vai para uma Renault que mostrou um plano ambicioso, mas que agora enfrenta algumas dúvidas com mudanças nas chefias da marca (que para já não deverão afectar o plano traçado). Ricciardo trouxe de volta o espírito irreverente e jovem que caracterizou a Red Bull nos primeiros tempos e que se perdeu na época do domínio Red Bull/ Vettel. Leva para a Renault experiência, talento e uma capacidade única de ultrapassar os adversários de forma limpa e eficaz. Leva também um potencial a nível de marketing muito maior do que Hulkenberg e Sainz poderiam dar. A Red Bull fica a perder pois Ricciardo era muito mais que apenas um bom piloto. Gasly é bom e tem potencial, mas ainda não tem o carisma de Ricciardo. Sai da Red Bull com 100GP feitos pela equipa de Milton Keynes (mais 11 pela HRT e 39 na Toro Rosso), com 7 vitórias, 3 poles, 13 voltas mais rápidas, 29 pódios e muitos momentos únicos que fizeram sorrir a equipa e os fãs.

 

Fernando Alonso é mais um nome da velha guarda que agora se afasta do grande circo. Alonso é considerado unanimemente  um dos melhores pilotos da acutalidade e para alguns é o mais talentoso da sua geração. A sua carreira está recheada de vitórias, polémicas e exibições inacreditáveis. Foi com o seu talento que conseguiu colocar a Ferrari a lutar por título quando provavelmente o carro que tinha não merecia o rótulo de candidato. Teve uma passagem conturbada na McLaren, e duas passagens pela Renault, a primeira com dois títulos e a segunda já com a marca do losango longe da competitividade que o talento do espanhol merecia. A segunda passagem pela McLaren foi pautada pela falta de andamento dos seus carros. Não será descabido dizer que a última vez que pilotou um carro verdadeiramente capaz de lutar pelo título foi em 2007. Ficará para já com 312 GP (105 pela Renault, 96 pela Ferrari, 93 pela McLaren, 17 pela Minardi) no seu currículo, onde se incluem 32 vitórias, 22 poles, 23 voltas mais rápidas, 93 pódios e 2 títulos mundiais, números respeitáveis mas que não fazem justiça ao enorme talento de Alonso, que agora vai em busca da Triple Crown, faltando apenas a vitória na Indy500, que tentará em 2019. Alonso será lembrado pelo seu talento e pela falta de pontaria na escolha das suas equipas. Mas deixou uma marca única na F1 e será lembrado como um dos melhores. E que ninguém se espante se em 2020 estiver de regresso para tentar o desejado tri.

 

Esteban Ocon foi uma das vítimas do mercado. O francês mostrou talento mais que suficiente para se manter na F1, mas as movimentações do mercado não jogaram a seu favor. Ficará como piloto de reserva da Mercedes, enquanto espera por 2020 e por novas oportunidades. Entrou na Manor e “encostou” Pascal Wehrlein, ultrapassando o alemão pela vaga na Force India. Chegou, bateu pé a Sérgio Pérez e mostrou que pode ser um dos nomes a ter em conta no futuro. Terá 50 GP em seu nome (41 pela Force India e 9 pela Manor), com o melhor resultado a ser um quinto lugar (por duas vezes).  A sua regularidade e velocidade serão trunfos que a Mercedes não irá desaproveitar no futuro.

Carlos Sainz irá também mudar de cores. Depois da sua breve passagem pela Renault, o espanhol irá substituir o seu ídolo na McLaren. Ocupar o lugar de Alonso não será fácil e terá no seus ombros a responsabilidade de guiar a equipa rumo a um futuro melhor. Na Toro Rosso deu nas vistas, mas na Renault alternou entre exibições excelentes e outras mais apagadas. Ficará com 81 GP em seu nome (56 pela Toro Rosso e 24 pela Renault). Vai para a McLaren com algumas dúvidas em seu redor e terá de confirmar, numa situação menos favorável, todo o potencial que mostrou na Toro Rosso. Um teste de fogo para Carlitos.

 

Charles Leclerc vai cumprir o sonho de muitos e pilotar pela Ferrari. Com apenas 21 anos, é a grande aposta da Scuderia que muito raramente escolhe pilotos tão jovens. Fez uma época de estreia brutal na Sauber, com excelentes resultados, tornando-se num dos destaques desta época.  A promoção é mais que justa e chegará à Ferrari com 21 GP e com um sexto lugar como melhor resultado, fruto da sua velocidade, maturidade e calma. Mas Leclerc tem muito mais para dar e será um dos grandes pontos de interesse de 2019. Vettel que se cuide!

 

Pierre Gasly é também outro dos jovens talentos que agora despontam na F1 a dar o salto para uma equipa de topo. O francês irá ocupara a vaga deixada em aberto por Ricciardo. O francês teve uma época muito boa na Toro Rosso e confirmou as credenciais que trazia das categorias de iniciação. Irá para a Red Bull com 26 GP e com um quarto lugar como melhor resultado. Irá enfrentar Max Verstappen e é uma das grandes curiosidades para 2019… será Gasly capaz de se mostrar ou será ele secado pelo talento e pelo ego de Verstappen?

 

Stoffel Vandoorne sai da F1, rumo à Fórmula E depois de duas épocas em que se tornou uma das maiores desilusões. Rotulado de próxima estrela da F1, não foi capaz de se impor numa McLaren em apuros e contra um tal de Alonso. A tarefa não era fácil, mas esperava-se mais. Vai correr pela Mercedes, nos elétricos, e vai ser piloto de simuladores pelos flechas de prata, muito longe do potencial que já mostrou. Sai com 42 GP e o melhor resultado a ser um sétimo lugar (por duas vezes).

 

Marcus Ericsson sai da F1 depois de 5 épocas, com 16 corridas pela Caterham e 81 pela Sauber. Nunca convenceu os fãs e ficou a clara impressão que se manteve graças aos seus apoios. Conquistou 18 pontos, mas é injusto avalia-lo por isso, pois nunca teve máquina para lutar por mais, a não ser este ano. Deverá rumar a IndyCar Series.

 

Sergey Sirotkin é outro piloto que sai da F1. Após um ano de estreia difícil que  começou mal, mas acabou um pouco melhor, depois do período de adaptação, chegando inclusive a superar algumas vezes o seu colega de equipa. Uma passagem pelo grande circo fugaz e com pouca história.

 

Brendon Hartley não tem ainda o futuro definido, mas o mais certo é que não seja piloto de F1 em 2019. O bicampeão do mundo de endurance teve dificuldade em adaptar-se à F1 e nunca mostrou a qualidade que mostrou no endurance. Apenas nas últimas corridas se viu algo mais, mas já terá sido tarde e Alexander Albon deverá ficar com o seu lugar. Esperava-se mais depois de ter esperado 10 anos pela oportunidade de correr na F1(25 GP no final do ano). O mundo do endurance deverá recebe-lo de braços abertos.

 

Lance Stroll também não tem destino oficial, mas deverá ir para a Force India. O filho do novo dono da Force India chegou cedo à Williams (talvez cedo demais) e nos 41 GP pela Williams alternou entre o muito bom e o mau. Tem um pódio em seu nome e já mostrou potencial para ser um bom nome na F1, sendo um dos melhores nas largadas, mas teve também prestações menos positivas que deixaram algumas dúvidas no ar. Vai para a Force India com a missão de dissipar essas dúvidas.

 

São muitas as mudanças para 2019 e há muito tempo que não víamos mudanças tão profundas. Com novos regulamentos novas duplas e novos carros, 2019 tem tudo para ser empolgante. Para já é tempo das despedidas.

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