F1, Notas AutoSport: O pesadelo da McLaren continua

Por a 7 Agosto 2018 16:40

O último titulo da McLaren remonta a  2008, quando Lewis Hamilton venceu o campeonato. Desde então a equipa de Woking tem estado arredada da luta pelo título. Até 2012 mostrou ter condições para fazer frente aos favoritos, mas desde essa altura que a McLaren tem sido uma sombra do que era.

Em 2015 iniciaram uma parceria com a Honda que daria apenas dores de cabeça e desilusões pelo que a separação se tornou inevitável. A história já é sobejamente conhecida, tal como alguns dos pormenores que levaram a este indesejado desfecho. Mas 2018 era ano do tira-teimas, agora com motores Renault, que permitiram à Red Bull vencer. A McLaren queria provar que de facto tinha feito um excelente trabalho ao nível do chassis e esperava estar perto da Red Bull, mas a realidade foi bem distante do que foi prometido. No início da época foram os atrasos na integração do motor no chassis que ditaram adiamentos e justificaram performances menos conseguidas. Chegados a Barcelona foi o tudo ou nada e o resultado foi… nada. O chassis britânico está longe de mostrar a performance tão falada e a McLaren, que começou o ano com esperança redobrada chegou ao meio da época a pensar no futuro, com mais uma reestruturação da equipa. Pode dizer-se que até agora a McLaren é uma das desilusões do ano

 

O filme até agora

O primeiro fim de semana de competição em 2018 seria o pior do ano, segundo Alonso, o que deixou os fãs da equipa animados com o sexto posto do espanhol. Aproveitaram muito bem as desistências dos Haas e superiorizaram-se aos Renault. Alonso mostrou toda a sua qualidade e ganhou várias posições, depois de uma qualificação em que ambos os carros ficaram de fora na Q2. Mas o espanhol fez questão de provar que a nova parceria com a Renault poderia dar mais alegrias, aproveitando também o VSC que permitiu que o piloto Mclaren ficasse à frente de Verstappen, que não teve argumentos para o passar. Um excelente resultado e uma excelente exibição. Vandoorne não esteve tão bem e o primeiro stint prejudicou as aspirações do jovem belga. Ainda assim, conseguiu acabar nos pontos e ajudar a equipa. Um belo começo de ano, quando se esperava uma corrida para esquecer.

Mas o pior veio a seguir. Afinal o pior fim de semana da equipa veio logo a seguir no Bahrein. A qualificação deixou os homens da McLaren perplexos. Mais uma vez o sábado não foi o melhor dia da equipa de Woking, mas desta vez a Toro Rosso colocou um homem na Q3 o que fez soar os alarmes. Houve reunião e talvez tenha começado aí o descalabro deste ano.  Mas em corrida o cenário foi melhor, com Alonso novamente a fazer um grande arranque (um hábito) e a mostrar bom andamento. Vandoorne, por seu lado, teve um arranque péssimo, caiu para último e teve de recuperar terreno, algo conseguido graças a uma boa estratégia da equipa. Duas boas exibições.  Alonso resumiu bem a situação: “Temos de dar um significativo passo em frente”.

Na China… mais do mesmo. O discurso dos responsáveis da equipa não foi o melhor e depois de terem dito que foram demasiado ambiciosos na forma como fizeram a instalação da unidade Renault no chassis, desculparam-se dizendo que foram pouco ambiciosos nos objectivos traçados ao nível da performance. O que valia era Alonso. O espanhol é uma máquina de fazer render o pouco que tem. A estratégia não foi a ideal e o Safety Car complicou a vida ao espanhol, mas mesmo assim subir de  13º para 7º não foi nada mau. Já Vandoorne não teve uma corrida muito boa e ficou apenas em 13º.

Se duvidas que Alonso é um piloto fantástico em Baku essas dúvidas ficaram dissipadas. Viu-se envolvido num incidente, cujo o resultado foi um duplo furo e um monolugar bastante danificado. Alonso não virou a cara a luta e voltou para a pista para conquistar um espantoso 7º lugar.  Vandoorne começou mal a corrida e teve problemas em colocar os pneus na temperatura ideal. Conseguiu no último stint dar a volta à situação e chegar aos pontos.

Para a Espanha esperava-se uma McLaren melhor, com o chassis de 2018, sem adaptações. A McLaren avisou que ia trazer um carro praticamente novo  e não falhou com a promessa, trazendo uma versão repensada do seu monolugar, onde se destacaram o novo nariz, com uma capa proeminente na traseira do mesmo, um conceito já usado na Mercedes e na Red Bull. Alonso aprovou as mudanças que acabaram por se tornar em melhorias, e  a máquina ganhou alguns décimos por volta, que deram a Q3, pela primeira vez este ano. Mas a distância para os homens da frente continuava a mesma. Na corrida,  tal não foi tão visível, mas tanto Alonso como Vandoorne perderam 3 lugares nas primeiras curvas, o que não ajudou à tarefa. Ainda assim, Alonso esteve ao seu nível e não falhou com a dose diária recomendada de pontos para a McLaren, enquanto Vandoorne teve um dia para esquecer, com penalizações e uma desistência.

O Mónaco era um dos destinos mais esperados pela McLaren, onde contavam ter uma boa prestação.  Acabaram sem marcar qualquer ponto, a primeira vez que tal aconteceu este ano.  Alonso estava confortavelmente nos pontos, mas uma falha na transmissão acabou com a sequência de corridas no top10. Vandoorne esteve mais uma vez abaixo do espectável e a pressão começava a acentuar-se para o belga.

No Canadá a situação começou a piorar drasticamente. A McLaren, com um motor melhorado, ficou atrás dos Toro Rosso e deu uma pálida imagem de si. Mais uma falha na fiabilidade do carro provocou a desistência a Alonso, que festejou o 300º GP da pior forma possível. O espanhol não estava a ter uma prova brilhante, mas cumpria a sua parte quando um problema no escape acabou prematuramente com a sua corrida.  Vandoorne também não conseguiu contrariar o mau momento e acabou em 16º, prejudicado com um furo na primeira volta. Depois de um início prometedor a McLaren acumulava desilusões.

Na França voltaram a ficar fora dos pontos.  Até Alonso teve um dia mau e isso não acontecia há muito tempo, mas tratou de corrigir na Áustria onde foi novamente o Alonso do costume. Desta vez o espanhol saiu para a pista das boxes, com uma asa “nova” (na verdade foi uma versão de 2017 que foi usada). Sem peças novas para colocar, a equipa voltou a uma asa antiga, mas para Alonso isso não era problema. Aproveitou o VSC e geriu os pneus de forma fabulosa e acabou em oitavo, num carro que dificilmente dava para mais. Vandoorne desistiu com problemas no seu monolugar, mas foi novamente mais um em pista sem nada acrescentar. Na Grã-Bretanha Alonso fez mais do mesmo e largando de 13º acabou em 8º em luta acesa com Magnussen. Esteve mais uma vez em grande nível e mostrou (outra vez) que merecia muito mais do que um carro de meio de tabela.

Mas até Alonso se farta e na Alemanha chegou a exibição mais cinzenta do ano. Vandoorne voltava a ter problemas com o carro que não lhe dava garantias (problemas no chassis) e Alonso esteve apático sem nada acrescentar. Na Hungria voltou a aproximar-se do nível habitual e apesar das dificuldades continuarem, acabou por ser um bom fim de semana para a McLaren. A chuva atrapalhou a qualificação, mas na corrida a excelente estratégia colocou ambos os carros nos pontos. Usaram os pneus macios da melhor forma e esticaram o primeiro stint o máximo que conseguiram (Volta 39 para Alonso e 40 para Vandoorne) e graças a isso ficaram à frente dos adversários directos. Alonso chegou ao fim, mas Vandoorne, com problemas de caixa, foi obrigado a desistir. Mas foi uma boa corrida por parte da McLaren, bem gizada e bem executada. Vandoorne esteve sempre no mesmo ritmo de Alonso e embora tenha desistido tem motivos para se animar.

 

 

Alonso vs Vandoorne

Em qualificação o “score” está em 11-1 a favor do espanhol e em corrida Alonso lidera 8-4. Não há dúvida que o #14 é um dos melhores do grid e talvez um dos talentos mais desaproveitados de sempre (os erros na escolha das equipas dão nisto). Alonso começa a mostrar sinais de desinteresse e de desmotivação, o que é natural dada a confusão que vai na McLaren. Num carro melhor estaria na luta pelos lugares do topo, mas assim tem de fazer milagres com o material à disposição. Pode estar de saída para a Indy, o que seria uma pena tremenda. A F1 precisa dos melhores e Alonso é sem dúvida um dos melhores. Na luta interna tem dominado  por completo, mas a tarefa de Vandoorne era ingrata desde início. O talento do belga é inquestionável, mas as circunstâncias não são as ideais para se mostrar e tem agora o lugar em risco. É mais um talento desaproveitado pela McLaren. Devia ter mostrado mais até agora é certo, mas tal como aconteceu a Magnussen, o cenário com que o jovem se deparou na sua estreia não era o melhor e ficou cada vez pior ao longo do tempo. Se estivesse numa equipa com menos pressão e menos problemas talvez os resultados fossem diferentes.

 

O que esperar da segunda metade da época?

Não se espera grande coisa da McLaren.  O carro não é competitivo e as melhorias não resolvem os problemas de uma equipa que já pensa em 2019. Resta saber quem serão os pilotos para 2019 (Vandoorne está para sair e Alonso parece estar com vontade de experimentar outros ares), mas a nível competitivo não teremos grandes novidades por parte da McLaren. Algumas corridas nos pontos e pouco mais.É quase criminoso ver uma equipa com tanto potencial neste nível.

 

Nota meio da época

 

Fernando Alonso: Nota 9

Stoffel Vandoorne: Nota 6

McLaren: Nota 4

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