F1, Notas AutoSport: Meia época negra para a Williams

Por a 6 Agosto 2018 11:22

A Williams já tem passado por fases menos boas ao longo da sua existência, mas esta é provavelmente uma das piores de sempre. A estrutura de Grove, nove vezes campeã do mundo de construtores, é um dos nomes mais míticos do desporto. O carisma e a resiliência do seu fundador, Frank Williams reflectem-se no espírito da equipa, que nunca desiste e espera sempre que o melhor esteja ao virar da próxima curva.

Desde 1997 que a equipa não chega à glória, e de 2004/2005 até 2013, a competitividade revelou-se abaixo do desejado, com uma sucessão de anos longe do top3, até chegar 2014. A nova era da F1 trouxe também uma Williams renovada, reavivada e mais próxima do topo. Os dois anos seguidos no terceiro posto era um sinal muito positivo, mas a histórica equipa começou de novo a baixar de rendimento. A filosofia implementada na construção dos seus monolugares esgotou-se e era preciso pensar de forma diferente. O início de 2018 ficou marcado pela apresentação de um chassis completamente diferente, esquecendo a busca pela velocidade em recta e optado por ir buscar performance onde é mais difícil, mas onde os proveitos são maiores… nas curvas. Um conceito novo, baseado no aumento do apoio aerodinâmico, fundamental para o sucesso na F1 era um corte radical, mas necessário com o passado recente.

Infelizmente as coisas não correram da melhor forma e o carro desde cedo começou a mostrar problemas e falta de andamento. Nos testes em Barcelona o staff técnico entendeu o tamanho do desafio que tinha pela frente e 2018 iria ser um ano duro para a estrutura britânica.

 

O filme até agora

Na primeira corrida do ano ficou dado o mote para o que seria uma primeira metade penosa. Stroll ainda conseguiu um lugar na Q2, no sábado mas foi o único registo positivo da equipa nesse fim de semana. Sirotkin desistiu cedo da corrida com problemas nos travões e Stroll não conseguiu ter um andamento bom, com dificuldades em colocar os pneus a trabalhar de forma ótima. Ficou atrás de Leclerc o que também foi um sinal do que viria a acontecer no futuro.

No Bahrein, Sirotkin, resumiu o fim de semana de forma simples : “Não conseguimos seguir os adversários. O ritmo não foi mau, mas quando estamos atrás de outro carro não conseguimos segui-los e danificamos muito os pneus.”  Stroll não conseguiu sair do último lugar na qualificação e em corrida, embora com uma boa largada (um hábito do canadiano), foi obrigado a entrar mais cedo nas boxes para trocar de asa dianteira. O  ponto forte do piloto canadiano voltou a estar em evidência na China, mas não era suficiente para conseguir passar do 14º lugar, enquanto Sirotkin mantinha as dificuldades em mostrar um andamento minimamente competitivo.

Baku voltou a ser um palco acolhedor para a Williams e para Stroll. Se no ano passado conseguiu o seu primeiro pódio na F1, este ano o prémio foi bem menor. Dada a situação da equipa, os quatro pontos que Stroll conquistou eram um bálsamo que chegava numa boa altura. O canadiano mostrou um ritmo de corrida aceitável que permitiu acabar no top 10, depois de uma qualificação boa. Esteve em 7º, mas não conseguiu segurar um Alonso, que mesmo com uma máquina danificada encontrou soluções para passar o Williams. Já Sirotkin ficou cedo fora de prova.  Primeiro, um erro do russo obrigou-o a travar com a ajuda da traseira de Perez e pouco depois foi entalado por Hulkenberg, o que resultou num furo que o obrigou a desistir. O russo não começava bem a época e tinha dificuldade em encontrar um rumo.

Em Espanha, Stroll voltou a estar perto dos pontos enquanto Sirotkin continuava a marcar passo. Foi preciso esperar pelo Mónaco para que o russo começasse a mostrar algo mais, mas ainda assim Stroll manteve-se como o melhor dos dois. Problemas nos travões levaram a várias paragens e arrasaram com a pouca esperança que haveria num resultado positivo.

Os maus resultados e más exibições sucederam até ao GP da Grã Bretanha onde se viu alguma evolução, sinais que se voltaram a ser registados na Alemanha, algo que se diluiu na Hungria, uma pista mais exigente nos chassis e onde dificilmente conseguiriam destacar-se.

 

Stroll vs Sirotkin

Stroll começou a época como o melhor piloto da equipa, e a sua experiência acumulada na época passada terá sido o factor determinante. Mas o jovem canadiano tem vindo a cair de produção, ao contrário do que aconteceu com Sirotkin que a cada corrida foi mostrando algumas melhorias. O desânimo será um dos elementos a ter em conta na situação de Stroll que deverá estar focado em sair da equipa o mais rapidamente possível, enquanto Sirotkin começa a ver que a sua estadia na F1 pode prolongar-se por mais um ano. Apesar das boas indicações, continua a ser o único sem qualquer ponto marcado este ano, enquanto Stroll mantêm os quatro pontos de Baku. Em qualificação a vantagem é para Sirotkin, que ficou mais vezes à frente do colega de equipa (7-5) e em corrida temos um empate (6-6). Depois das primeiras cinco corridas do ano temos assistido a um equilíbrio na luta interna entre pilotos.

 

O que esperar da segunda metade da época?

Pouco. O carro deverá melhorar, mas a equipa já deve estar focada em 2019. Stroll poderá manter o nível, caso entenda que o seu futuro não passa por ali e a entrada na Force India ganhe força enquanto Sirotkin terá como missão marcar pontos, superar o seu colega e justificar que pode ficar para a próxima época. A Williams está com vontade de unir-se à Mercedes recebendo mais componentes, numa tentativa de usar o “método Haas” em seu proveito. Resta saber se Claire Williams se vai manter no leme da equipa, ela que já deu sinais de querer sair e se Paddy Lowe consegue encontrar solução para os problemas da equipa. A situação de Kubica também irá ser foco de curiosidade. O polaco tem agora hipóteses de fazer a época na F1, pois a provável saída de Stroll abre-lhe essa possibilidade. A não ser que a Mercedes use a Williams para lançar George Russell na F1 e aí as coisas podem complicar-se.

Em resumo, uma época má, com pouca tendência para melhorar e a esperança de todos os fãs de F1, que a equipa consiga dar a volta a esta situação.

 

Nota meio da época

Lance Stroll: Nota 6

Sergey Sirotkin: Nota 6

Williams: Nota 4

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