F1, Notas AutoSport: Bastou meia época para Leclerc dar nas vistas

Por a 6 Agosto 2018 15:45

Para a Sauber, a chegada das motorizações turbo-híbridas ia significando o fim da equipa. A estrutura de Peter Sauber criada em 1993, conta até agora com 10 pódios (esquecendo os tempos da BMW – Sauber) e nos últimos anos ia lutando mais contra as dívidas do que com os adversários em pista.

 

A equipa chegou a um ponto em que participava na F1 apenas para não fechar, esperando por melhores dias, sem mostrar capacidade nem potencial para outros voos, com o ponto mais baixo a ser 2016 e 2017. Mas 2018 trouxe novidades e uma nova esperança para a equipa. Fréderic Vasseur pegou na batuta, olhou para a Haas e gostou do que viu. Os lanços com a Ferrari ficaram mais fortes e a Sauber ganhou um novo nome… Alfa Romeo. Além disso passou a ter um apoio mais forte e recebeu um jovem prodígio que arrasou a concorrência nas categorias de iniciação.

O novo carro da equipa era radicalmente diferente dos anteriores que eram quase uma cópia do que os regulamentos permitiam, sem grandes inovações. Esta época a Sauber apostou numa filosofia completamente diferente, com alguns conceitos inovadores, como as entradas de ar laterais. Passou também a contar com motores Ferrari de última geração, o que tem sido um trunfo, dadas as melhorias a unidade italiana. 2018 era encarado como o primeiro ano de uma nova fase, e as expectativas foram obviamente refreadas, embora o optimismo fosse difícil de disfarçar. As razões não demorariam a ser conhecidas.

 

O filme até agora

Logo na primeira corrida do ano, ficamos com a ideia que a Sauber se tinha apresentado de forma muito positiva. Leclerc fez uma excelente corrida na sua estreia e conseguiu ficar à frente do Williams de Stroll, o que na altura parecia um feito. Ericsson ficou de fora com problemas na direção. Mostraram um andamento ligeiramente superior ao esperado.  Os primeiros pontos chegaram logo na jornada 2 do campeonato, pela mão de Ericsson.  O sueco interpretou da melhor forma a estratégia arrojada de uma paragem apenas, e fez render os médios o quanto pôde.  Terminar em nono, à frente de Force India, Renault, Haas e Williams, para uma equipa que no ano passado não aspirava a mais do que fechar o baile, era um passo significativo. Leclerc não teve uma corrida fácil, ainda assim ficou em 14º. Para a Sauber era um sinal de que o trabalho estava a ser bem feito e este resultado era bem motivador para uma estrutura em reorganização.

Na China tiveram o primeiro fim de semana menos conseguido. Leclerc andava com tendência para fazer piões. Foi assim na qualificação no Barhein e na China ficou por duas com a cabeça a andar à roda. Ericsson acabou em 16º num fim de semana claramente fraco em comparação com a performance mostrada anteriormente.

Baku foi claramente o tiro de partida para o que passou a ser o “Leclerc Show”. Depois de três provas promissoras, com alguns erros comprometedores, o citadino do Azerbaijão foi palco da primeira grande exibição do monegasco. A inexperiência e a vontade de mostrar tudo de uma vez, impediam-no de mostrar o seu verdadeiro potencial, mas em Baku respirou fundo, deixou cair alguma da pressão, fez uma excelente corrida e um espantoso 6º lugar. Era a segunda vez que a equipa ficava nos pontos, mas esta exibição de Leclerc será lembrada como uma das primeiras amostras do talento deste jovem que irá dar muito que falar. A sua prestação na qualificação foi também notável e tudo isto num citadino onde os erros se pagam caro. Já Ericsson poderia ter ficado nos pontos também, mas um erro custou-lhe a vaga no top 10.

Depois da prestação brilhante em Baku, o jovem avisou que não iria mudar a sua abordagem e cumpriu com a palavra em Espanha, onde voltou a conquistar pontos para a Sauber. Charles Leclerc aguentou um tal de Fernando Alonso durante várias voltas e tentou fazer o mesmo a Pérez sem sucesso, conseguindo ainda assim mais um pontinho para a equipa.  Já Ericsson foi apanhado na confusão da primeira volta e nunca mais conseguiu recuperar.

A evolução da equipa era clara e no Mónaco voltou a sentir-se. Marcus Ericsson  ficou em 11º e mostrou um andamento decente e Leclerc ficou frustrado com a falha nos travões que ditou a sua desistência, pois sentia que podia chegar novamente aos pontos. A equipa estava ciente das dificuldades que o jovem estava a sentir e suspeitava que os travões pudessem não aguentar até ao final, o que aconteceu de forma espectacular com um choque contra Hartley, que Leclerc tentou evitar a todo o custo. Não foi o fim de semana ideal, mas havia bons indicadores.

No Canadá Leclerc voltou às boas exibições e aos pontos, algo que repetiu em França onde igualou o número de pontos conquistados por Ericsson em toda a sua carreira na F1. Na Áustria, mais do mesmo,  numa altura em que a equipa chegou aos  16 pontos de 2018. Mais uma prova imaculada do jovem que, cada vez mais, convencia os fãs e os responsáveis da Scuderia que olham para ele como alternativa cada vez mais válida. Ericsson também voltou aos pontos, fruto de uma estratégia apurada.

Uma época é sempre feita de altos e baixos e o GP de Grã Bretanha não foi o melhor fim de semana para a Sauber, que via Leclerc mais uma vez com capacidade para acabar nos pontos, o que seria um feito espantoso para a equipa. Uma falha na roda do Sauber do monegasco acabou com a sua corrida e Ericsson perdeu o controlo da sua máquina na zona DRS, que nessa corrida incluía uma curva. Mais uma vez ficou mostrado o potencial da equipa e a evolução feita este ano.

Os pontos passaram a ser um hábito e na Alemanha voltou a acontecer, mesmo com exibições menos brilhantes.  Desta vez não foi Leclerc a marcar os pontos.  A primeira metade foi ao seu estilo… muito rápido e competitivo, sempre nos pontos, mas a troca para os intermédios, quando a chuva chegou demasiado tímida estragou-lhe a prova. Como se não bastasse, um pião (daqueles que costumava fazer no início da época) acabou com qualquer tipo de esperança que ainda restasse.  Quem aproveitou foi Marcus Ericsson. Na qualificação foi novamente “aniquilado” pelo seu colega, mas na corrida soube evitar os azares e tomar as decisões certas para acabar no nono lugar.

A última corrida antes da férias do verão não correu muito bem. Leclerc ficou arredado bem cedo da prova, o ponto mais baixo de um fim de semana fraco, em que nem na qualificação conseguiu suplantar Ericsson. O sueco ficou encarregue de fazer durar um jogo de pneus médios durante praticamente toda a corrida. Parou na volta 6 e nunca mais foi visto nas boxes. Não apresentou um andamento  bom, mas com a gestão que foi obrigado a fazer, dificilmente conseguiria muito melhor, numa pista que também não favoreceu muito a Sauber.

 

Leclerc vs Ericsson

Em qualificação, Leclerc ficou à frente do seu companheiro de equipa por nove vezes e em corrida o marcador está em 7 -5 com vantagem para o jovem.

Leclerc é claramente um caso sério. Começou titubeante, mas desde que encontrou a fórmula do sucesso, tem sido um dos grandes destaques deste ano. Um piloto fantástico que a Ferrari tem obrigação de aproveitar. Resta saber se será já em 2019 ou se o talento de Charles ficará mais um ano a maturar numa equipa de meio de tabela. É um predestinado e vai com certeza lutar por títulos no futuro. Ericsson tem sido suplantado por um rookie, o que mostra bem a capacidade do sueco. Está na F1 desde 2014 e, embora sempre em carros pouco competitivos, nunca mostrou potencial para mais. Está este ano sob pressão e tem de mostrar mais para convencer a Sauber. Tem cinco pontos contra 13 do seu colega de equipa.

 

O que esperar da segunda metade da época?

É difícil fazer uma previsão. Por um lado Leclerc poderá ainda surpreender e fazer mais exibições de encher o olho, mas a Sauber já está focada em 2019 e o desenvolvimento da máquina deste ano parou, o que poderá ser um handicap se as restantes equipas ainda tiverem algumas melhorias a caminho. Mas a equipa pode já estar satisfeita com o trabalho feito. Mostraram uma evolução surpreendente e uma competitividade notável, tendo em conta o que vimos no passado recente. Vasseur fez um trabalho excelente e Leclerc assumiu-se como estrela bem cedo. É caso para dizer que a época da Sauber está praticamente feita e o que vier agora “é lucro”. Esperamos obviamente que consigam manter o nível. Será complicado chegar à Toro Rosso e dificilmente serão ameaçados pela Williams pelo que resta apostar nos traçados certos para chegar aos pontos. Uma agradável surpresa em 2018.

 

Notas meio da época

 

Charles Leclerc: Nota 9

Marcus  Ericsson: Nota 7

Sauber: Nota 8

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
Já não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Oferta de um carro telecomandado da Shell Motorsport Collection (promoção de lançamento)
-Desconto nos combustíveis Shell
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
7 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas F1
últimas Autosport
f1
últimas Automais
f1
Ativar notificações? Sim Não, obrigado