F1, Notas AutoSport: A desilusão Renault

Por a 19 Agosto 2019 13:00

Com alguns altos e baixos, o projecto Renault foi sempre evoluindo desde 2016, ano do regresso, até 2019. Na época em que se esperava (e foi prometida) uma aproximação às equipas da frente, eis que surge a primeira época verdadeiramente negativa da Renault.

O primeiro ano foi claramente um “ano zero”, aproveitando o trabalho da antiga Lotus, que tinha perdido o fulgor das épocas 2012 e 2013 e que desde o início da nova era híbrida, caiu na tabela. 2017 e 2018 trouxeram a evolução esperada, especialmente tendo em conta o investimento feito pela marca. Os homens da Renault sempre afirmaram gastar menos que a Mercedes e a Ferrari, mas o investimento feito foi, ainda assim avultado, com melhorias na estrutura de Enstone e reestruturação em Viry-Châtillon, responsáveis pelo chassis e e motor, respectivamente.

Nunca faltou ambição à Renault, mas tem faltado uma execução mais aprimorada do plano. No ano passado conseguiram ficar em quarto, mas a sorte esteve do seu lado. A Haas desperdiçou pontos importantes no início da época e a Force India, com o processo de insolvência e tudo o que se seguiu, perdeu os pontos conquistados na primeira metade da época. A Renault fez 122 pontos, contra 93 da Haas (menos 29 pontos) e 52 pontos de meia época da Racing Point.

A equipa assim admitiu que havia muito para melhorar, especialmente na parte do chassis que estava ainda muito longe de chegar à valia das equipas da frente. A estrutura prometeu novamente mais e melhor, apostou forte e foi buscar Daniel Ricciardo, admitindo que a chegada da estrela australiana aumentava a pressão de mostrar trabalho. O que vimos até agora está longe do desejável. A Renault tem coleccionado falhas mecânicas e prestações fracas. O melhor fim de semana da Renault foi no Canadá, com 14 pontos conquistados, um sexto e sétimo dos dois pilotos. Em 12 provas feitas até agora, a Renault pontuou apenas em seis, manifestamente pouco para quem pretendia encurtar distâncias.

O problema está no chassis, que tem de evoluir muito e não deu o salto necessário. A unidade motriz tem qualidade suficiente para pelo menos se aproximar das equipas da frente, e a McLaren é a prova disso. Ricciardo sentiu isso e a mudança de um chassis de topo como o Red Bull para o Renault reflectiu-se nos primeiros erros, em que nas travagens mais tardias perdeu o controlo do carro.

A Renault está numa situação complicada. Não está a evoluir ao ritmo que pretendia, nem está a aproveitar uma das melhores duplas de pilotos do grid. É tempo de questionar (outra vez) processos e melhorar procedimentos, algo que já teria sido feito pela equipa, mas que pelos vistos não surtiu os efeitos desejados.

Daniel Ricciardo – Um sorriso menos brilhante

A saída da Red Bull tornou-se quase inevitável com a cada vez maior influência de Max Verstappen na equipa. A pouca confiança na Honda e outros pormenores (certamente que o dinheiro pago pela Renault terá pesado) foram catalisadores para a troca mais surpreendente de 2018. Mas para já o balanço da mudança é negativo. A Renault não conseguiria dar ao australiano o mesmo que dava a Red Bull, mas certamente que Ricciardo esperava mais nesta fase. O piloto falou em falta de mentalidade vencedora, o que pode ser sintomático de uma equipa ainda à procura de rumo. Temos visto alguns pormenores aqui e ali que lembram o feroz Ricciardo da Red Bull, mas a falta de qualidade da sua máquina não tem permitido fazer mais. Uma pena que um dos mais entusiasmantes pilotos da actualidade esteja “preso” num carro de menor valia.

Nico Hulkenberg – O pódio que nunca mais chega

A qualidade de Nico Hulkenberg nunca foi questionada por ninguém dentro da F1. Mas o estranho caso de Hulkenberg continua e na sua décima época na F1 continua longe dos pódios que o seu talento prometia. Esteve perto de acontecer na Alemanha mas, mais uma vez, falhou no momento crucial. Pela primeira vez desde que ingressou na Renault não é o melhor piloto da equipa, mas a diferença para Ricciardo é curta. O seu nome foi ligado a uma possível vaga na Red Bull o que para já parece ser apenas um rumor demasiado optimista. Hulkenberg foi dos pilotos que mais venceu e mais entusiasmou nas categorias de iniciação. Na F1 está longe disso. A Renault deve-lhe os melhores resultados desde 2016, mas continua no seu registo regular… mas sem um rasgo de génio.

Renault – Nota 4: 6º lugar – 39 pontos

Abaixo do prometido e abaixo do que já fizeram em 2018, muito por culpa de uma concorrência mais forte e capaz. A Renault tem desiludido e não parece ter encontrado o caminho que a levará a aproximar-se do top 3. Alain Prost foi integrado na estrutura executiva recentemente talvez para ajudar a minimizar a falta de rumo que se tem visto por parte dos franceses. Cyril Abiteboul tem prometido muito, mas os resultados ainda estão longe de convencer.

Daniel Ricciardo – Nota 6 : 11º lugar – 22 pontos; Melhor resultado – sexto no Canadá

Dar nota negativa a Ricciardo seria algo injusto. O piloto continua a demonstrar as mesmas qualidades do passado e apesar de um arranque titubeante com alguns erros, encontrou o equilíbrio necessário e aprendeu que tem de guiar o carro de forma diferente. Será sempre parte da solução e não do problema. Assim que tiver uma máquina de qualidade irá dar os resultados desejados à Renault.

Nico Hulkenberg – Nota 5: 14º lugar – 17 pontos; Melhor resultado – sétimo no Canadá

Esteve perto de “matar o borrego” na Alemanha, mas mais uma vez deixou fugir a oportunidade. Tem estado abaixo de Ricciardo e perdeu algum do protagonismo na equipa. Ou seja perdeu uma oportunidade de ouro e está a perder no grande desafio que era enfrentar Ricciardo, frente a frente. Hulkenberg tem muita qualidade, mas por algum motivo não a tem demonstrado. Se a Renault quiser “refrescar” a dupla, a sua saída é quase inevitável. Mas seria pouco sensato abdicar de um piloto que já deu tanto e pode continuar a dar.

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