GP Austrália F1, o ‘novo’ traçado de Albert Park: de ’10’ para 34 ultrapassagens…

Por a 14 Abril 2022 10:15

Melbourne recebeu a F1 pela primeira vez desde o início da crise pandémica. O palco que era habitualmente a primeira corrida do ano recebeu a terceira ronda do campeonato do mundo de F1 2022, com algumas novidades no traçado da sua pista. Várias curvas foram redesenhadas para permitir mais lutas e mais ultrapassagens, com o grande destaque a ir a mudança radical na chicane das curvas 9 e 10 que deixou de existir para dar lugar a uma secção mais fluída e rápida. Foi a primeira intervenção de fundo no traçado de Melbourne que se manteve praticamente inalterado desde a sua entrada no calendário em 1996.

Um dos motivos que levou a que a pista fosse alterada foram as estatísticas, nomeadamente o número de ultrapassagens. O GP da Austrália, fosse corrido em Adelaide ou Melbourne, nunca teve números impressionantes no que a ultrapassagens diz respeito. E se é verdade que o número de ultrapassagens não pode nem deve ser um fator essencial para avaliar a qualidade de uma corrida, não é menos verdade que o público e as suas vontades tem mudado ao longo do tempo e que caminhamos a ritmo acelerado para o “mais é melhor”. Gostar ou não desta abordagem já é uma escolha puramente pessoal.

Os carros da nova geração já nos mostraram que, apesar do seu peso excessivo, gostam de lutas em pista. Os duelos têm sido animados e é justo dizer que as primeiras três corridas do ano foram muito boas de seguir. O GP do Bahrein, por exemplo, teve 77 ultrapassagens e o GP da Arábia Saudita teve 33. Melbourne quis aumentar o seus números e as mudanças feitas na pista pareciam inicialmente algo exageradas (Pierre Gasly usou esse termo) e a presença de quatro zonas DRS surpreendeu. No entanto, uma delas foi removida por questões de segurança. No final, tivemos mais uma excelente corrida, com um total de 34 ultrapassagens (apenas manobras em pista, sem contar manobras na curva 1, mudanças de posição com carros nas boxes, trocas de posição com bandeiras azuis ou por saída de pista). Foi claramente melhor do que no passado. Em 1997 não vimos uma única ultrapassagem em Melbourne e nos últimos anos a média de ultrapassagens por corrida rondava a dezena, numa estimativa feita por alto e com boa vontade. Mas em 2022 vimos o maior número de ultrapassagens nesta pista. Apenas em 2010 com 29 manobras, nos aproximamos do registo atingido este ano.

Assim, olhando para o que os promotores pretendiam, as mudanças na pista foram um sucesso. Será justo dizer que a qualidade da corrida foi influenciada na sua grande maioria pelas mudanças? Não podemos dizer isso com certeza, pois já vimos que estes carros permitem de facto lutas mais próximas. Mas se as quatro zonas DRS se tivessem mantido é justo pensar que os números aumentariam. Será que mais ultrapassagens significam melhor espetáculo? Nem sempre. O exemplo do Bahrein é simples, apesar das 77 ultrapassagens, todos vibraram mais com a luta Max Verstappen vs Charles Leclerc e são poucas as pessoas que tenham tido uma noção clara do festival de ultrapassagens que aconteceu. Se tivéssemos tido metade das manobras com a mesma luta na frente, dificilmente alguém teria mudado de opinião sobre a qualidade da prova. Serve este argumento para dizer que, apesar das atualizações nas pistas serem fundamentais, não se deve caminhar para a descaracterização de traçados que já fazem parte da história. Evoluir é uma necessidade, mas manter as ligações com o passado é fundamental para qualquer desporto. Em resumo, Melbourne melhorou com as mudanças, a corrida foi entusiasmante, e o calor das bancadas foi tremendo. A F1 está agora numa fase fantástica onde alia a qualidade do espetáculo em pista com o colorido do espetáculo nas bancadas. Que não se peque por excesso. 

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