F1: McLaren / Toyota, a nova dupla forte para o futuro?

Por a 30 Setembro 2023 10:39

Desde a assinatura de contrato entre a McLaren e o piloto da Toyota Ryo Hirakawa, que compete neste momento no WEC, que os rumores de uma parceria entre as duas marcas se têm multiplicado. É uma ideia que poucos imaginaram até agora, mas que faz todo o sentido.

O grupo Toyota manteve em 2022 a liderança sendo o maior construtor do mundo de veículos automóveis, com 10,483,024 de unidades vendidas. A força da Toyota no mundo dos automóveis é inquestionável e a sua contribuição para o desporto automóvel é também digna de nota. A Toyota manteve à tona um WEC moribundo, foi a última a abandonar os LMP1 e a primeira a colocar em pista um Hypercar. Sem a Toyota, o WEC talvez tivesse morrido. Uma situação similar pode estar a acontecer nos ralis. Com a M-Sport a dar sinais de fraqueza e a Hyundai a questionar seriamente o seu envolvimento, a Toyota poderá ser novamente uma tábua de salvação para um campeonato do mundo FIA que continua a não fazer as mudanças necessárias para crescer. A Toyota está presente no mundial de endurance, onde tem sido a força dominante, no mundial de ralis onde tem dominado também, no mundial de TT onde tem mostrado também a sua força face à concorrência. A Toyota está numa posição privilegiada, só falta mesmo a F1 para fazer “bingo” e estar presente em todas as frentes (a Fórmula E não parece interessar à marca nesta fase). Se puder estar em todas as frentes e vencer, seria um golpe de marketing tremendo.

Do lado da McLaren, poderá haver vontade de recuperar o último plano de Ron Dennis e tentar aliciar uma marca nipónica para ser fornecedora exclusiva. O plano do britânico tinha potencial, mas esbarrou na inexperiência da Honda no que diz respeito a estas unidades motrizes e na incapacidade da McLaren em produzir carros competitivos. Pior que isso, a falta de comunicação entre as partes fez azedar as relações. Mas o potencial da ideia era grande e foi aproveitado pela Red Bull, com os resultados que agora se podem ver. Houve rumores que a McLaren foi visitar a fábrica de motores da Red Bull, e tem atualmente um acordo com a Mercedes. A McLaren, que quer ser uma candidata ao título, depende do fornecimento de motores vindos de concorrentes diretos. As regras da F1 dizem claramente que os motores dos clientes devem ser sempre da mesma especificação dos motores das equipas oficiais, mas sabemos que nem sempre é assim e há sempre tecnologia que pode demorar um pouco mais a chegar aos clientes. Mais ainda, os motores são pensados para encaixarem na filosofia da própria marca e os clientes têm de adaptar-se. A McLaren não precisa de ser independente para ter sucesso, mas fica mais próxima disso se o fizer, algo que a Red Bull entendeu com os problemas com a Renault e foi obrigada a fazer com a saída temporária da Honda. Mesmo o regresso da atual parceira não demoveu a Red Bull de seguir o seu próprio caminho. É um sinal.

Assim, esta potencial parceria McLaren / Toyota seria uma dupla de peso para o futuro da F1. Primeiro, a F1 veria mais um grande fabricante juntar-se à competição; segundo, a McLaren poderia ficar com um fornecedor exclusivo, ou, pelo menos, privilegiado; terceiro, a Toyota entraria na competição que mais tem crescido, sem necessidade de fazer uma equipa de raiz, associando-se a uma das equipas mais míticas do desporto e que tem feito um excelente trabalho, mostrando muito potencial para o futuro.

A Toyota sabe fazer motores híbridos, que usa no WEC e nos ralis. Claro que falamos de tecnologia diferente, e um motor de F1 não é feito da mesma forma que um motor para ralis (sistema híbrido muito mais simples) ou um para resistência (filosofias de construção diferentes). Mas, com as novas unidades motrizes a serem mais simples para 2026 (sem o MGU-H) a Toyota poderia interessar-se em fazer um motor para uma competição onde teria ainda mais visibilidade, aliando-se a uma equipa bem estruturada, que já passou pelo seu “cabo das tormentas” e certamente aprendeu com os erros na segunda passagem da Honda por Woking. Ao contrário da Honda, a Toyota tem um departamento de competição sediado na Europa, o que reduz as dificuldades a distância física e cultural.

Tudo isto é um cenário hipotético. Neste momento, a única coisa concreta e a entrada de Hirakawa para piloto de simulador e desenvolvimento. Mas a McLaren quer assumidamente estreitar os laços com a Toyota e a marca nipónica, que diz que neste momento não está interessada na F1, admitiu que está aberta a essa possibilidade. A McLaren poderá estar a iniciar um namoro que pode ser bom para todos. E, se no futuro virmos uma McLaren/Toyota a singrar, Ron Dennis poderá dizer que tinha razão.

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Pity
Pity
7 meses atrás

A pergunta que se impõe é a seguinte: Pode a Toyota entrar, mesmo não tendo concorrido (e beneficiado com isso) ao fornecimento de motores a partir de 2026? A Audi beneficia de condições especiais como nova fornecedora, o que não acontecerá com a Toyota, caso esta decida entrar, deixando-a, teoricamente, em desvantagem. Ser equipa cliente não significa, necessariamente, ficar atrás. Veja-se o exemplo presente, em que a McLaren até está melhor do que a Mercedes, ou no passado, quando a Red Bull bateu a Renault. Como fã da McLaren, não gostaria de ver a repetição do que se passou em… Ler mais »

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