F1: Lando Norris venceu da maneira mais difícil… à sua maneira!
Lando Norris, Campeão do Mundo! Uma expressão que agora é real, mas que muitos duvidaram que alguma vez acontecesse. O jovem piloto de Bristol, com sorriso fácil e uma postura quase ingénua, desafiou as estatísticas, os entendidos e os fãs, provando que se pode ser campeão sem necessidade de recorrer a velhas fórmulas.
O caminho até a F1
Lando Norris construiu uma carreira marcada por uma ascensão fulgurante e por um talento precoce que o distingue como um dos pilotos mais rápidos da sua geração. Inspirado desde os 7 anos pelo ídolo Valentino Rossi, rapidamente se tornou uma referência no karting internacional, conquistando o Campeonato Europeu CIK-FIA KF-Junior em 2013 e, no ano seguinte, tornando-se o mais jovem Campeão do Mundo de Karting na categoria KF.
A sua transição para os monolugares, entre 2015 e 2018, confirmou a sua maturidade competitiva. Norris venceu o campeonato britânico MSA Formula no ano de estreia, em 2015, e protagonizou um 2016 avassalador ao conquistar três títulos internacionais: Toyota Racing Series, Eurocup Formula Renault 2.0 e NEC Formula Renault 2.0. Em 2017, triunfou na Fórmula 3 Europeia logo na temporada de estreia, garantindo a integração no programa de jovens pilotos da McLaren. Um ano mais tarde, terminou vice-campeão na Fórmula 2, assegurando a entrada na Fórmula 1.

A estreia na F1 em 2019, ao serviço da McLaren, mostrou de imediato o seu potencial. Norris destacou-se nas qualificações face ao experiente Carlos Sainz e, em 2020, conquistou o seu primeiro pódio no GP da Áustria. Entre 2021 e 2023 afirmou-se como líder da equipa, alcançando a sua primeira pole position na Rússia e tornando-se presença nos pódios, mesmo quando a McLaren ainda não dispunha de um carro capaz de lutar por títulos.
A temporada de 2024 marcou o salto definitivo: Norris venceu o seu primeiro Grande Prémio, em Miami, e somou quatro vitórias ao longo do ano, terminando vice-campeão mundial e posicionando-se como o principal adversário de Max Verstappen, à distância.
Em 2025, chegou finalmente a consagração. Num dos campeonatos mais disputados da última década, Norris deu a volta a uma primeira metade de temporada irregular, e fez uma segunda metada forte, sem erros e sem hesitações — incluindo triunfos icónicos em Silverstone, Mónaco e Interlagos. Apesar de momentos dramáticos, como a desqualificação em Las Vegas e abandonos no Canadá e Países Baixos, chegou a Abu Dhabi com vantagem mínima e garantiu o título ao terminar em terceiro, apenas dois pontos à frente de Verstappen (423 contra 421).
Com este feito, Lando Norris tornou-se o 11.º campeão mundial britânico de Fórmula 1, acumulando até então 11 vitórias, 16 pole positions e 44 pódios.

O campeão sempre fiel a si mesmo
Lando Norris entrou na F1 ao mesmo tempo que George Russell e Alex Albon. Os três jovens significaram na altura uma lufada de ar fresco na F1 com a sua irreverência, boa disposição e talento puro. Norris era o mais pequeno e o mais ingénuo dos três, mas entrou na estrutura certa, no momento certo. Com a McLaren em plena fase de reconstrução, sem pressão e com o melhor colega de equipa que podia ter tido… Carlos Sainz.
O espanhol é um dos mais inteligentes e sabia que não valia a pena entrar em guerra com o seu colega numa fase que a equipa precisava de evoluir e cedo entendeu que tinha pela frente um talento sério. Em qualificação, Lando Norris levou sempre a melhor face aos colegas de equipa desde que está na F1. E em corrida, apenas Carlos Sainz, o conseguiu superar.

Dos fãs aos “haters”
Norris sempre teve uma postura irreverente, divertida, de sorriso fácil e de alguma ingenuidade. E essa postura valeu-lhe uma legião de fãs nos primeiros tempos. Mas a sua evolução e da equipa aproximaram-no do topo e o piloto querido por todos, passou a ter agora uma legião de “haters”, sinal claro da sua chegada ao topo. Primeiro foi o Lando “No Wins” (sem vitórias), epíteto que deixou em 2024, em Miami. Depois foram as sucessivas falhas nos arranques que fizeram dele motivo de chacota nos “memes” da F1. Depois chegaram as acusações de que a equipa o estava a favorecer em detrimento de Oscar Piastri. De genuinamente popular, passou a ser alvo da desconfiança e do discurso abusivo de boa parte da comunidade F1.
E isso mudou Norris, inevitavelmente. Isso e as lutas em pista. O #4 foi obrigado a assumir um ar mais sério, menos sorridente, mais duro. Mas esse papel nunca lhe assentou bem e foi várias vezes atabalhoado na forma como tentou aproximar-se do papel de implacável candidato ao título. De tal forma que deixou de tentar e assumiu que não queria ser como os outro… queria ser ele próprio.
Standing on the shoulders of giants 🏆#McLaren | #AbuDhabiGP 🇦🇪 pic.twitter.com/PPsK4QCD9Z
— McLaren (@McLarenF1) December 7, 2025
Um talento menosprezado
O grande problema de Lando Norris foi sempre a sua mentalidade. Mentalmente, sempre pareceu mais frágil que outros. Mas essa sensação advém do facto de assumir de forma clara os erros em público. Foi sempre o primeiro a assumir a culpa pelos erros e nunca se escondeu atrás de “desculpas de piloto”. E, por isso, a sucessão de erros e desculpas poderá ter criado uma imagem de um piloto fraco, perdido e sem fibra de campeão.
Mas a verdade é que Norris é um dos mais rápidos em pista. Em velocidade pura, estará facilmente no top3 dos mais rápidos, a par de Leclerc e Verstappen. Falta-lhe astúcia e ser um pouco mais incisivo nas lutas roda com roda, mas em velocidade pura, não teme ninguém. E já vimos vários campeões com as mesmas forças e fraquezas em pista.

Lando Norris nunca será unânime. Tal como outros campeões, nunca será visto como um grande talento pelas falhas que ainda apresenta (e que parecem inerentes à sua personalidade). Mas, tal como outros campeões, será preciso o passar do tempo para realçar as suas qualidade. Um piloto justo em pista, que não recorre a manobras questionáveis para vencer. Um piloto que, apesar de algumas frases menos conseguidas, fruto da pressão, respeitou sempre os seus colegas e adversários. Um piloto rapidíssimo capaz de voltas impressionantes, quer em corrida, quer em qualificação. Nunca será um Verstappen, ou um Hamilton. Mas parece reconhecer isso sem problema.
Campeão à sua maneira
Norris vai mudar. Uma vez cumprido o sonho do título, a pressão de vencer, de fazer tudo bem, de ser perfeito vai diminuir. Talvez daqui para a frente possamos ver o melhor Norris, tal como vimos o melhor Verstappen após o primeiro título. Mas não deixa de ser bom ver um campeão diferente dos demais. Um campeão que fica mais feliz por ver a alegria dos outros do que pela sua conquista. Um campeão que admite publicamente as suas fraquezas, que chegou a dizer “talvez nunca venha a ser tão bom quanto outros, mas não faz mal”. Um campeão que nunca vai inspirar milhões, filmes ou séries. Mas um campeão de carne e osso, que erra, que mostra fragilidade e que mesmo assim, consegue fazer coisas impressionantes. Talvez seja essa a sua maior conquista.
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Breno Mascarenhas
8 Dezembro, 2025 at 13:39
Campeão pouco convincente.
Pity
8 Dezembro, 2025 at 13:55
Breno, é a segunda vez que leio essa frase num comentário seu. Explique porque é que ele é pouco convincente. Será porque você torce por outro? Podemos torcer por um piloto e reconhecer valor a outro(s).
Miguel Costa
8 Dezembro, 2025 at 14:03
LOL, estes artigos sobre o Norris parece a publicidade para convencer o povo a comprar o produto “deles”. Os websites da especialidade estão cheios de artigos de jornalistas, na sua maior parte especialistas, alguns Britânicos, que não são tendenciosos e não puxam a brasa às suas preferências (leiam-se pilotos preferidos), a demonstrarem por A+B que foi a McLaren que manipulou tudo para ter o seu campeão Britânico, e não Australiano, iam tendo uma surpresa porque se há alguém com quem não se pode deixar de contar é o Max, a volta da competitividade do McLaren do Piastri nas últimas duas corridas apenas surgiu para defender o Norris do Holandês, na minha opinião para roubar pontos, porque como se sabe o Piastri não se fica com as manobras duras do Max (e quem sabe um toquezito entre os dois ajudava o Britânico), já o Norris baixa sempre as calcinhas ao Holandês quando este mostra as garras. Como diz o forista acima: “Campeão pouco convincente”. Na minha opinião o mais fraco dos 3 candidatos. Mas lá está cada um tem a sua opinião.
Pity
8 Dezembro, 2025 at 14:05
Muito do haterismo ao Norris parte de certos “jornalistas” (não incluo o Autosport) e criadores de conteúdos na internet. Alguns, com milhares de likes por vídeo, especializaram-se em rumores, outros especializaram-se em dizer mal do Norris, faça ele o que fizer. Esses é que são os verdadeiros influencers.
malhaxuxas
8 Dezembro, 2025 at 14:35
Não se chateie.
É campeão e o resto é dor de cotovelo pela sua amada Rossa. CL ou baza dali ou nunca será WC.
Nrpm
8 Dezembro, 2025 at 16:21
Confundir honestidade emocional com inferioridade é uma falta de conhecimento técnico da condição humana. O L. Norris é aberto, sempre foi, e extremamente extrovertido – como a mãe – e num grande desempenho emocional e competitivo, chegou ao final da época Campeão. Teorias da conspiração sobre a Mclaren e opções, falham totalmente, pois a postura da equipa sempre foi clara em equidistância e fairplay.
Por isso não há menorizacção do título de Norris. Esteve na hora certa no sítio certo. Por acaso, não se distraiu, nem com detratores nem com projectos especulativos futuros. Não foi ele que foi injectado com ‘viroses’ Ferrari, Aston Martin ou Red Bull.
Pensar no pico da época e da luta pelo título em mudança de equipa é uma fatal falha de estratégia e objectivo. Foi o que fez o O. Piastri… e deu o resultado que fica para o histórico: 3° no Campeonato ’25. Assim dizer que o L. Norris é um Campeão pouco convincente, não é convincente. Os meios estavam lá, a equipa é a mesma – para o melhor e o pior – e não os aproveitar consistentemente é concentradamente, é o erro maior, a falha fatal.Pode ter dores de pilotagem, mas divagou em postura.
Esqueceu-se de olhar para trás e foi duplamente suplantado.
Veremos o que demonstrará 2026.
Nrpm
8 Dezembro, 2025 at 16:27
… ‘Pode ter dotes de pilotagem, mas divagou em postura.’ …
Pity
8 Dezembro, 2025 at 17:23
Miguel, o Hamilton também era pouco convincente em 2021? É que até Silverstone, ele também “baixava as calcinhas” (para usar uma expressão sua, muito pouco elegante) para o Max, simplesmente porque, conhecendo “a peste”, não queria correr riscos desnecessários, que o podiam prejudicar na luta pelo título. Os tempos de “ir para cima e logo se vê o que acontece” têm os dias contados, não porque os pilotos são frouxos, mas porque existe uma coisa chamada tecto orçamental.
Ser fã de um piloto, não obriga a desmerecer os outros.