F1, GP de São Paulo, Crónica da corrida: Verstappen vence e Alonso carrega Aston Martin até ao pódio

Por a 6 Novembro 2023 17:58

Uma vitória de Max Verstappen já há algum tempo que não é uma novidade, mas no Grande Prémio de São Paulo chegou-se a vislumbrar uma forte oposição de Lando Norris, ao passo que Fernando Alonso conquistou um pódio que não deveria ser seu depois de uma longa batalha com Sergio Pérez.

Quando as equipas deixaram a Cidade do México para se deslocar para a maior metrópole da América do Sul, poucos acreditariam que o Tricampeão Mundial pudesse ser contrariado em Interlagos, muito embora Lando Norris, no seu renovado McLaren, se tenha mostrado cada vez mais ameaçador.

Por seu lado, a Aston Martin tinha passado nos Estados Unidos da América e no México pelos seus mais difíceis fins-de-semana da temporada, longe das performances com o pódio em vista do início do ano.

Era, portanto, pouco expectável que Alonso pudesse ser um contendor na luta pelos três primeiros lugares.

Desde cedo ficou evidente que a McLaren estava forte na pista brasileira e que a Aston Martin estava mais competitiva que nas corridas anteriores, muito embora, sem potencial de se bater pelos lugares do pódio.

No entanto, a qualificação, realizada no final da tarde de sexta-feira, dado este ser um ‘fim-de-semana sprint’, foi realizada em condições difíceis, com muito vento e humidade que anunciavam a tempestade que acabaria por interromper a Q3 depois da primeira ronda de voltas lançadas.

Imune às condições da pista, Max Verstappen assegurava mais uma pole-position, tendo ao seu lado um surpreendente e surpreendido Charles Leclerc, ficando os dois Aston Martin na segunda linha, com vantagem para Lance Stroll.

Lando Norris, apanhado pelas condições, não ia além de sétimo – que se transformaria em sexto com a penalização de George Russell, que não seguiu as instruções do Director de Corrida no que diz respeito à velocidade mínima em voltas de preparação na qualificação – o que o deixava numa situação difícil na exigente tarefa de incomodar Verstappen durante o Grande Prémio de domingo.

A prova dominical teria um cenário completamente distinto do visto na sexta-feira, com sol e calor a colocar o foco nos pneus.

A corrida tinha o seu início de uma forma dramática, primeiro com Charles Leclerc a sair de pista durante a volta de aquecimento devido a um problema eletrónico no seu monolugar que desligou o motor e o deixou sem pressão hidráulica. O abandono do monegasco era inevitável, deixando vago a segunda posição da grelha de partida.

No arranque, os dois Haas e Alex Albon envolviam-se num toque que lançava para o abandono o piloto da Williams e Kevin Magnussen – causando ainda danos no McLaren de Oscar Piastri e no AlphaTauri de Daniel Ricciardo – criando uma situação de bandeiras vermelhas, depois de uma volta de Safety-Car.

A corrida esteve interrompida durante quase vinte e cinco minutos e, quando foi retomada, os dois primeiros mantinham as suas posições, mas Lewis Hamilton subia a terceiro à frente de Alonso, ao passo que Pérez, que alinhara originalmente no oitavo posto da grelha de partida, era sétimo.

Os dois da frente mantiveram as suas posições, ao passo que o espanhol se viu livre do inglês da Mercedes rapidamente, numa ultrapassagem na travagem para a Descida do Lago.

O piloto da Aston Martin, ao ganhar uma posição face ao seu adversário, sem conseguir acompanhar os dois da frente, ficou em posição de gerir os seus pneus, estendendo o seu primeiro ‘stint’ ao passo que Pérez suplantava Stroll, mas tinha de esforçar os seus pneus para suplantar os dois pilotos da Mercedes.

Entretanto, Norris acompanhava Verstappen nas primeiras voltas, dando a ideia de que poderia ser ameaçador para o piloto da Red Bull.

Na sétima volta, o inglês da McLaren lançou mesmo um ataque à liderança, mas o neerlandês dava-lhe o lado de fora da pista, na aproximação do ‘S’ de Senna, e mantinha a primeira posição.

A relutância do RB19 em aquecer rapidamente os pneus dianteiros, deixou Verstappen exposto a Norris, mas a partir de então, já com as borrachas em boas condições, começou a afastar paulatinamente do seu perseguidor, colocando-se numa posição que o deixava ao abrigo de qualquer ataque através de ‘undercut’.

Só na segunda ronda de paragens de Safety-Car se verificou uma possibilidade de Norris desfeitear o seu amigo, ao parar três voltas depois do piloto da Red Bull, na quinquagésima nona.

A McLaren estendeu o segundo ‘stint’ do seu piloto com o intuito de beneficiar de qualquer situação de Safety-Car que pudesse surgir… Mas esta nunca aconteceu.

Não havia nada a fazer, Verstappen tinha resposta para qualquer investida de Norris, e vencia o seu decimo sétimo triunfo da temporada com uma vantagem de oito segundos para o inglês, que assegurava mais um segundo posto.

Se a batalha pela vitória ficou clarificada cedo, a luta pelo degrau mais baixo do pódio estendeu-se até à bandeira de xadrez.

Alonso rodava no ar fresco, podendo gerir bem os seus pneus, o que lhe permitiu estender o seu primeiro ‘stint’, parou apenas na vigésima quinta volta. Pérez foi obrigado a antecipar a sua primeira paragem para a vigésima volta para poder suplantar os dois pilotos da Mercedes, o que teve de fazer em pista, vendo-se livre deles na vigésima terceira passagem pela linha de meta.

Com as paragens todas realizadas, Pérez estava no quarto posto a quatro segundos do espanhol e esperava-se que a vantagem do Red Bull face ao Aston Martin pudesse permitir ao mexicano chegar-se ao terceiro posto.

No entanto, com pneus mais frescos, Alonso conseguiu manter uma vantagem superior a três segundos relativamente ao seu perseguidor, o que o deixava ao abrigo de qualquer ataque através do ‘undercut’.

Ainda assim, quando percebeu através dos espelhos que Pérez entrou nas boxes, na quadragésima sexta volta, o espanhol informou a sua equipa de que poderia estender o seu ‘stint’ de modo a ficar com pneus mais frescos para a ponta final, assegurando que conseguiria ultrapassar o piloto da Red Bull.

No entanto, a Aston Martin decidiu responder na volta seguinte, mantendo a posição, mas sabendo que Pérez seria muito ameaçador no final da prova.

Alonso rapidamente começou a poupar os seus pneus para ficar na melhor situação possível quando o mexicano concluísse a inevitável recuperação até ao seu escape.

Mas quando o piloto da Red Bull apanhou o Aston Martin, Alonso aumentou o ritmo em meio segundo por volta, tentando a todo o custo manter o seu perseguidor fora da sua zona de DRS.

Mas mesmo quando isso aconteceu, o espanhol garantiu que saía sempre bem da Junção, que definia a velocidade até à travagem para o ‘S’ de Senna, juntamente com uma utilização inteligente da potência elétrica, dificultando a tarefa de Pérez, que não conseguia colocar-se em situação de discutir a travagem com o seu rival.

O carro de Silverstone tinha uma configuração de menor arrasto que o Red Bull, mas ainda assim Alonso mostrou um nível elevadíssimo.

Ainda assim, na penúltima volta, Pérez conseguiu suplantar o espanhol na travagem para o ‘S’ de Senna e, então, parecia que o caso estava definitivamente arrumado.

No entanto, no início da última volta, o mexicano alongou ligeiramente a travagem para a primeira curva e não foi preciso mais para que Alonso lançasse um ataque na aceleração para a Descida do Lago.

O espanhol não desaproveitou a oportunidade e ultrapassou Pérez, defendendo-se deste ao longo de toda a volta final.

Por 0,053s Alonso assegurou o terceiro posto e o seu primeiro pódio desde o seu segundo lugar no Grande Prémio dos Países Baixos, um resultado que não estava ao alcance do Aston Martin e que foi o brilhantismo do espanhol que assegurou.

Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images) / Red Bull Content Pool

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