F1: Ferrari muda de opinião sobre o tecto orçamental

Por a 6 Novembro 2018 11:45

As discussões em torno das novas regulamentações para 2021 continuam a arrastar-se, mas aos poucos vão se definindo os rumos. Na parte aerodinâmica já pudemos ver os primeiros esboços e nesta vertente é garantido que haverá mudanças. No entanto na parte da unidade motriz, parece cada vez menos provável uma alteração profunda. Tendo em conta a lista de interessados para entrar na F1, que neste momento é zero, a FIA e a FOM quererão manter satisfeitas as marcas presentes e isso terá de implicar manter as unidades motrizes atuais. Outro assunto que estava longe da unanimidade era a criação de um tecto orçamental para as equipas.

O tecto orçamental é um assunto antigo, que vem desde o tempo de Max Mosley, e que a cada vez que voltou para a mesa das negociações criou mau estar e regressou à gaveta de uma forma ou outra. Agora o cenário parece diferente e, inesperadamente ganhou um aliado de peso… a Ferrari.

A questão do tecto orçamental sempre dividiu as equipas da F1 com as grandes estruturas contra uma medida que poderia potencialmente impedi-los de gastar o dinheiro necessário para recuperar performance num ano menos conseguido (por exemplo), ou manter a vantagem competitiva. Claro que para as equipas mais pequenas o tecto orçamental é desejado há muito tempo pois só assim conseguirão diminuir o fosso existente. A Force India já afirmou por várias vezes que se todos tivessem o mesmo orçamento, conseguiriam estar no topo da F1, dada a eficiência com que trabalham.

Nos últimos dias quem se mostrou a favor do tecto orçamental foi o líder da equipa que mais força tem feito para que tal não vá para a frente. Louis Camilleri, CEO da Ferrari afirmou que a ideia “faz sentido”:

“Acho que houve progresso nas especificações técnicas, mas em termos de limite orçamental, não houve nenhum progresso”, disse Camilleri numa teleconferência com investidores, sobre o andamento das futuras regras da Fórmula 1. “Obviamente, a economia também está ligada ao tecto orçamental. Acho que a ideia faz sentido, mas o diabo está nos detalhes e, eventualmente, será do interesse de todos, mas ainda não chegamos lá.”

Pode parecer estranho que uma equipa como a Ferrari aceite este tipo de medidas, mas Ross Brawn explicou na altura em que este tema voltou a ser falado que mesmo as equipas grandes precisam deste tipo de limitações. Equipas como a Mercedes, Ferrari, Red Bull têm de trabalhar para vencer e com os recursos que têm à disposição, são quase obrigados a gastar mais para manter a competitividade. Esta buscar incessante por melhorias para se manterem no topo pode tornar-se impossível de sustentar e pode levar equipas a fechar portas. Basta olhar para a Mercedes e a quantidade de dinheiro que já investiu na F1. Se um dia a marca sofrer um revés e precisar de diminuir o investimento feito no desporto motorizado, irá olhar para a F1 como um gasto tremendo e a equipa poderá fechar portas. O cenário pode perfeitamente acontecer se estiver em vigor um tecto orçamental, mas com custos mais controlados os responsáveis sabem que não irão gastar quantidades absurdas de dinheiro,havendo hipótese de manter a estrutra. Além disso, limitação de custos é uma medida essencial para atrair novas marcas. Há um reverso da medalha que são os postos de trabalho que inevitavelmente se vão perder com esta medida. Será muito difícil às grandes equipas manterem o Staff atual e se alguns poderão ser aproveitados para equipas pequenas e dar-se assim uma injeção de conhecimento e de novas ideias nessas estruturas, será difícil a F1 absorver todos aqueles que terão de abandonar o seu trabalho, fruto das restrições financeiras.

Apenas o futuro dirá qual será o cenário, mas com a Ferrari a começar a aceitar a ideia, uma das principais forças de bloqueio começa assim a ceder e a medida poderá vir a ser aplicada.

Quanto ao momento atual da Ferrari, Camilleri afirmou que apesar do título de pilotos ter escapado e do título de construtores estar praticamente entregue, 2018 foi o melhor ano da Ferrari na última década:

“Ganhar é claramente uma prioridade para nós, é parte da nossa herança”, acrescentou. “Estivemos perto de o conseguir e o campeonato de Construtores ainda é matematicamente possível, e faltam duas corridas. Ganhar pela Ferrari é muito importante. O que precisamos para ganhar? Um ótimo carro e dois ótimos pilotos. Este ano chegamos muito, muito perto desse objetivo e esperamos que no próximo ano possamos chegar lá. Não há muito a acrescentar além de dizer que estamos a fazer tudo o que podemos para ganhar. Diria que 2018, apenas com base nos números, foi provavelmente a nossa melhor temporada desde 2008. Estamos a progredir, não estamos exatamente onde queremos estar e veremos onde estamos no próximo ano”.

 

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
Já não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Oferta de um carro telecomandado da Shell Motorsport Collection (promoção de lançamento)
-Desconto nos combustíveis Shell
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI
Subscribe
Notify of
6 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas F1
últimas Autosport
f1
últimas Automais
f1
Ativar notificações? Sim Não, obrigado