F1: Ferrari e a arte de complicar

Por a 15 Outubro 2019 18:15

O que seria da Ferrari se não complicasse tanto o que já é complicado? A Ferrari tem os meios, tem o talento e tem os carros para fazer frente à Mercedes, mas não o tem feito de forma consistente. E o único motivo é que tem tendência a dar tiros nos pés.

Na Rússia, o caso da nega de Sebastian Vettel à troca com Charles Leclerc mostrou que a estratégia foi mal montada, ou pelo menos mal explicada aos pilotos. Em Suzuka a indecisão em trazer Leclerc para a boxe e a paragem tardia para tentar a volta mais rápida que não deu em nada, mostrou uma forma de pensar difícil de entender. Leclerc já tinha o lugar assegurado e não estava sob pressão de ninguém. Para quê arriscar uma paragem que podia correr mal a troco de um ponto extra, que não foi conquistado?

Este tipo de decisões têm sido frequentes e já se repetem há mais de um ano. E é claramente o ponto mais fraco da equipa. A Ferrari tem dois excelentes pilotos, tem engenheiros de top, que conseguiram, de uma forma que ainda ninguém entendeu, tirar ainda mais proveito das unidades motrizes actuais, deixando para trás a Mercedes, algo que era impensável há um ano atrás. Mas as decisões e a gestão desportiva da equipa tem deixado a desejar. A luta interna entre pilotos apenas não tomou proporções maiores porque ambos são inteligentes o suficiente para entender que nesta fase não é do interesse de ninguém. Mas não é certamente pela gestão feita pelos responsáveis que a situação não tomou proporções mais dramáticas.

Se a Ferrari quiser lutar pelo título em 2020 tem de aprender a não dar tiros nos pés. A ser perfeita em todos os fins de semana. É a única coisa que tem faltado à Ferrari desde 2017. Se a Ferrari tivesse uma eficiência na gestão desportiva ao nível da Mercedes ou da Red Bull, talvez já pudesse ter um título nesta era híbrida.

De quem é a culpa? A maioria terá de apontar o dedo a Mattia Binotto, pois ele é o responsável máximo da equipa e é sobre ele que cai esse peso. Mas Binotto é claramente parte da solução e não do problema. Talvez a organização interna da equipa não esteja ainda no ponto, ou algum dos membros não faça o trabalho na perfeição. É fácil, sentado à frente de um computador, escrever que é preciso fazer mais e melhor, sabendo da complexidade de uma operação de F1. Mas outras equipas têm conseguido fazê-lo de forma regular, pelo que faz sentido dizer que a Ferrari também o pode fazer. A Ferrari usa muitas vezes um discurso de equipa jovem e inexperiente. Não o é nem se pode assumir como tal. Tem mais experiência do que qualquer equipa no grid e recebe mais precisamente graças a esse tempo a mais que tem em relação à concorrência. Há erros que têm sido cometidos e que são considerados lições para o futuro, mas que já foram cometidos antes e que deveriam ser lições já aprendidas.

Os mais fanáticos pela Scuderia dirão que este é apenas um texto que aponta o dedo à equipa. Mas esta é apenas a opinião de alguém que quer uma F1 melhor e que sabe que se a Ferrari estivesse ao nível da Mercedes no que decisões desportivas diz respeito, talvez ainda tivéssemos campeonato e talvez tivéssemos uma luta renhida e apaixonante até ao fim. O que este texto pretende, é afirmar que a Ferrari, mais que qualquer outra equipa, tem capacidade para fazer frente à Mercedes e de acabar com o seu domínio… Mas enquanto insistir nos mesmo erros, continuará a perder pontos desnecessariamente, a arranjar atritos internos dispensáveis e a dar uma imagem de desorganização que apenas servirá para motivar os adversários. E a Ferrari tem potencial para muito mais.

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