F1: As divergências entre McLaren e Alpine

Por a 1 Maio 2023 14:52

No Grande Prémio do Azerbaijão, o foco estava apontado à McLaren e à Alpine, mas dificilmente o brilho à luz poderia ser mais divergente entre estas duas equipas, com uma a poder abandonar Baku com o sorriso confiante, ao passo que outra passou pelo fim-de-semana com uma cara fechada e deprimida.

Ambas as equipas chegavam à quinta etapa do Campeonato do Mundo de Fórmula 1 deste ano com grandes novidades técnicas, apesar das especificidades do traçado azeri e do novo formato de eventos sprint, apenas com uma sessão de treinos-livres.

As barreiras da Baku poderiam colocar em risco a integridade dos novos componentes, ao passo que a falta de tempo para avaliar as novéis soluções poderia enublar qualquer tipo de conclusão.

Para além disso, o princípio por detrás das evoluções da McLaren e da Alpine eram completamente divergentes. Do lado da formação de Woking tratava-se de corrigir um caminho de desenvolvimento desviado dos seus objetivos que foi verificado ainda antes do início da temporada; no canto da estrutura do construtor gaulês o desiderato passava por realizar uma aproximação às quatro equipas que este ano se têm mostrado mais fortes – Red Bull, Aston Martin, Ferrari e Mercedes.

Podia-se até concluir que, o estágio de desenvolvimento era mais importante para a McLaren que para a Alpine, que tinha evidenciado competitividade desde a primeira prova da temporada, ao passo que a equipa liderada por Zak Brown tinha aproveitado as oportunidades para marcar pontos, mas estava muito longe de poder bater-se pela liderança do Segundo Pelotão.

Foi neste cenário que as duas equipas se apresentaram na única sessão de treinos-livres do Grande Prémio do Azerbaijão e, imediatamente, a fortuna das duas começou a divergir.

Ao fim de sete voltas, Pierre Gasly parou em pista com um princípio de incêndio no seu A523 provocada por uma fuga de fluído hidráulico.

Não querendo arriscar o monolugar de Esteban Ocon antes de verificar se tudo estava bem com ele, a Alpine manteve o seu outro carro nas boxes, o que se traduziu em quinze voltas completadas pelos dois pilotos e a falta de dados reunidos sobre o novo pacote aerodinâmico, que compreendia um fundo completamente novo, com uma nova filosofia, e apoios de suspensão diferentes.

Por seu lado, a McLaren completava quarenta e cinco voltas, o que lhe permitiu conhecer o seu novo pacote técnico – com um novo fundo – dando boas indicações, com Lando Norris a registar o quinto crono e Oscar Piastri o décimo segundo. A matriz para o fim-de-semana destas duas equipas estava definida.

Num circuito citadino, estar em pista para ganhar confiança é de capital importância para os pilotos e claro que os recrutas da Alpine estariam em desvantagem relativamente aos seus adversários mais próximos na qualificação que se realizou ao fim da tarde sexta-feira e que definiria a grelha de partida para o Grande Prémio do Azerbaijão.

Pela primeira vez esta temporada, nenhum dos franceses da formação gaulesa chegava à Q3, Ocon ficou no décimo segundo posto, ao passo que Gasly batia logo na Q1 e não ia além do décimo nono posto.

No sábado, ‘Sprint Shootout’ – o nome que se dá à qualificação que forma a grelha de partida para a corrida de sprint – o padrão manteve-se, com Norris na décima posição seguido do seu colega de equipa, ao passo que Ocon quedou-se pelo décimo terceiro lugar e Gasly pelo décimo nono, que voltou a ter uma fuga hidráulica no seu monolugar.

A prova de como a Alpine estava perdida com as afinações dos seus monolugares, devido à falta de quilómetros para conhecer os novos componentes, foi o facto de ter decidido mudar completamente a afinação do monolugar de Ocon, o que o obrigou a alinhar para a corrida sprint da via das boxes, assim como para o Grande Prémio.

Num evento sem grandes motivos de interesse, os pilotos das quatro mais fortes terminaram a corrida sprint nas oito primeiras posições, aqueles que dão direito a pontos.

A McLaren ainda tentou imiscuir-se entre elas, montando pneus macios no carro de Norris, mas estes não aguentaram a prova de dezassete voltas, obrigando-o a uma troca de borrachas, o que atirou para o décimo sétimo posto, imediatamente à frente de Esteban Ocon. Piastri viu a bandeira de xadrez da corrida sprint no décimo posto, ao passo que Gasly viu em décimo terceiro.

Com a distracção do ‘sábado sprint’ ultrapassada, que foi usado pelas duas equipas principalmente para gerar dados sobre os respectivos novos pacotes técnicos, o foco estava no Grande Prémio.

Evidentemente, a McLaren estava numa posição muito confortável que a sua rival – os seus pilotos arrancavam de posições pontuáveis, ao passo que a Alpine tinha um piloto na décima sétima posição da grelha de partida e outro do ‘pit-lane’.

No entanto, Baku é pródiga em causar situações que abrem oportunidades para aqueles tiveram qualificações difíceis e a Alpine jogou com isso. A arrancar da via das boxes, Ocon apostou nos pneus duros, contra médios da generalidade dos restantes pilotos, esperando fazer um longo primeiro ‘stint’ para poder beneficiar de uma situação de Safety-Car ou de bandeiras vermelhas para o colocar em contenção pelos lugares dos pontos.

No entanto, essa oportunidade surgiu logo na sétima volta, quando Nyck de Vries abandonou depois de um toque num muro, precipitando o aparecimento do Mercedes AMG GT Black Series pilotado por Bernd Maylander. Era demasiado cedo para todos os pilotos, quanto mais para o francês da Alpine, que se apanhou na oitava posição, seguido de Nico Hulkenberg, que tinha também arrancado da via das boxes e estava numa estratégia semelhante. Curiosamente, no encalço destes dois pilotos, durante grande parte da corrida, esteve Norris que se apanhou no escape do Haas depois de ter realizado a sua troca de pneus, durante a situação de Safety-Car.

Sem que tivesse surgido outra oportunidade criada por uma neutralização ou interrupção da corrida, Ocon teve de parar na última volta, entregando o nono posto a Norris, que venceu o desafio do Segundo Pelotão seguido de Yuki Tsunoda e do seu colega de equipa, Oscar Piastri.

Gasly, que na sexta-feira vira o seu carro arder antes de o levar a travar um conhecimento mais profundo com as barreiras, foi o melhor piloto da Alpine num desapontante décimo quarto lugar.

A frustração era o sentimento dominante nas hostes da equipa do construtor francês que passou pelo fim-de-semana azeri sem perceber se o seu novo pacote aerodinâmico é um passo em frente, esperando que o Grande Prémio de Miami, já no próximo fim-de-semana, possa ter uma conclusão efectiva.

Já a McLaren, que estava numa situação difícil, parece estar a conseguir a sair do buraco onde se encontrou e foi a equipa que liderou o Segundo Pelotão em Baku, tendo a evolução técnica estreada sido determinante para isso.

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