F1: A nobreza do gesto de James Vowles

Por a 3 Julho 2018 16:14

O desporto de alta competição é por vezes cruel e não admite erros. James Vowles foi um dos nomes mais falados no último fim de semana  pelo erro que cometeu, mas também pelo gesto que teve logo a seguir ao seu erro.

Vowles é um dos engenheiros com mais relevância na estrutura da Mercedes. O britânico de 39 anos é o responsável pelas decisões estratégicas da equipa e  já conquistou cinco campeonatos ao leme da estratégia das equipas por onde passou (Button, Hamilton por três vezes e Rosberg). Vowles é reconhecidamente um dos melhores, mas até os melhores têm dias maus. Na Áustria a sua decisão poderia ter custado pontos valioso, mas foi a falha na bomba de combustível da Mercedes que deitou tudo a perder.

Curiosamente, o incidente que poderia ter custado a vitória a Hamilton foi o mesmo que marcou o início do pesadelo da Mercedes. Quando Bottas saiu da curva 3 na volta 13, o seu W09 recusou-se a sair da segunda velocidade, devido a falta de pressão no sistema hidráulico do carro. Bottas encostou perto de uma saída de emergência e o Virtual Safety Car foi accionado para remoção da máquina prateada.  Como, em teoria, a corrida seria feita com apenas uma paragem, com os macios a aguentarem à volta de 50 das 71 voltas as equipas precipitaram-se para aproveitar uma paragem “de borla”. Quando o VSC foi accionado a Mercedes ficou com um dilema: parar logo e poder perder a posição em pista (este ano os estrategas têm dado mais importância à posição em pista, dando primazia a esse factor em detrimento  do possível andamento menos competitivo com borrachas mais gastas) ou esperar para ver o que as equipas faziam e parar uma volta depois, garantindo que a posição seria mantida e não haveria surpresas desagradáveis. Acontece que a remoção do carro foi mais rápida do que a Mercedes esperou e Hamilton não teve tempo de dar a segunda volta  em VSC e chegar às boxes.  O mal estava feito e o britânico ficou à mercê de Verstappen que, sem nada a perder, parou (excelente dupla paragem da Red Bull – mais uma) e ficou a 13 segundos do britânico (uma paragem em Red Bull Ring custava 20 segundos).

A equipa tentou reverter a situação com mais andamento, mas as borrachas macias pregaram uma partida. A pista estava 15ºC mais quente do que nos dias anteriores e as borrachas mais duras começaram a fazer bolhas. De repente, o pneu em que os Mercedes são mais fortes, começou a degradar-se mais rapidamente e a melhor escolha passou a ser os super-macios, mais resistentes às temperaturas mais elevadas. Hamilton ficou assim prejudicado de duas formas e por isso foi obrigado a parar a segunda vez. Para evitar as bolhas teria de usar a “técnica  Raikkonen” de ir aumentando gradualmente o ritmo de forma a aquecer mais suavemente as borrachas, algo que Hamilton não podia fazer.

Já não foi a primeira vez este ano que a estratégia da Mercedes não foi a melhor mas isto não serve para diminuir a capacidade da equipa prateada, mas sim para mostrar a dificuldade que os homens responsáveis pela decisões mais importantes num GP têm enfrentado este ano ( já tivemos mais exemplos de equipas a não decidirem da melhor forma). Mas deve ser realçado o gesto de Vowles. Com Hamilton a queixar-se da estratégia, assumiu o erro publicamente e pediu desculpa por várias vezes. Um gesto louvável de alguém que já deu muitas vitórias à equipa e que perante o mundo inteiro ficou com o peso do erro. A F1 é feita de grandes caracteres não só dentro de pista mas também fora. A vida do staff de uma equipa de F1 é muito exigente e esta serie de 3 provas seguidas é um teste tremendo à capacidade das estruturas. Por isso se deve ponderar bem se a F1 precisa de mais de 20 provas por ano, correndo-se o risco de exigir demasiado de homens e mulheres que já dão 100% de si durante todo o ano.

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