A melhor forma de manter as grandes competições internacionais? É ir ver ao vivo

Por a 2 Maio 2023 16:55

Ir ver uma corrida ao vivo. É provavelmente uma das melhores coisas que os adeptos deste desporto podem fazer. E até mesmo se não gosta, experimente. Corre o risco de gostar. Num mundo onde temos toda a informação acessível com dois cliques, chegar às corridas é também cada vez mais fácil. Quer pela subscrição de canais desportivos, quer no YouTube ou nas redes sociais, é agora muito mais fácil ver provas em todo o mundo. Mas nada se compara a ver as máquinas e os artistas ao vivo. E é este o segredo do sucesso das provas internacionais em solo português.

O que torna o Rali de Portugal, que está aí a chegar, especial? Claro que a qualidade do rali e da organização é fundamental e podem dizer que o país tem défice de talento em muitas áreas, mas na organização de provas de grande dimensão, estamos no topo. Porque, além da organização minuciosa, temos a capacidade típica lusa de “desenrascar” qualquer situação e isso, numa organização de grande calibre, é muito importante. É impossível planear tudo e o improviso por vezes é a solução. Mas tudo isto deixa de fazer sentido se as pessoas não forem ver ao vivo.

Do que vale o Rali de Portugal ter uma das melhores organizações do mundo, se ninguém for ver o rali ao vivo? O grande segredo do sucesso é o número de pessoas que se deslocam para ver as provas. Temos um exemplo flagrante. Portimão recebeu o DTM e ninguém duvida da capacidade do AIA em receber provas desta dimensão. Mas as bancadas desprovidas de público não agradaram aos germânicos que viram a festa de Vila Real e acharam que podia ser melhor mudar (uma mudança que apenas não aconteceu pela falência da ITR e que ainda não está totalmente colocada de parte).

O circuito de Vila Real é espetacular, mas as competições não vão a Trás-os-Montes por causa do traçado. Felizmente, há muitas pistas de qualidade pelo mundo. O que não há em todo lado é um publico fervoroso que enche uma cidade do interior para três dias de festa. O que não há em todo o lado é um milhão de pessoas de todo o país (e de fora também) a ver um rali ao vivo, como acontece na prova portuguesa do WRC. O equivalente a 10% da população nacional. Mesmo no rali Terras D´Aboboreira, Kris Meeke confessava ao AutoSport estar surpreendido por ver tanta gente a ver os troços ao vivo.

O segredo para manter as grandes provas é só um… ter muita gente a ver. É isso que as marcas querem, que os patrocinadores querem, que os promotores querem. É assim que se justifica o negócio. Na F1, se não fosse a festa brilhante que todos os anos se faz no México, talvez essa vaga no calendário já tivesse sido ocupada por pistas com bolsos mais fundos. Mas são as fotos como as das bancadas do México repletas de gente que correm o mundo. São fotos como o Confurco repleto que correm o mundo, ou do Tiago Monteiro com um mar de gente atrás de si em Vila Real. Para termos boas corridas em Portugal, só podemos ganhar num capítulo. Em todo o lado há boas pistas, pessoas competentes a trabalhar e boas organizações. Nós também temos. Mas também temos um público caloroso que faz toda a diferença. E é essa diferença que é cada vez mais difícil de encontrar. Se aproveitarmos isso a nosso favor… podemos ter calendários ainda mais bem preenchidos.

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1 Comentário
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Pitão
Pitão
11 meses atrás

Se o AIA fosse AIN…em que o N correspondesse a alguma cidade no norte de Portugal, enchia até nas provas de amadores….

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