100 anos de Grandes Prémios: Gloriosos malucos

Por a 9 Abril 2020 16:10

Glorioso Acontecimento: primeiro Grande Prémio Automóvel. Data: 26 de Junho de 1906. Local: Le Mans, França. Carro vencedor: Renault AK.

Piloto vencedor: Ferenc Szisz, húngaro.

O ano de 2006 foi o do centenário das corridas de Grande Prémio. Se bem que o Campeonato do Mundo de Fórmula 1 só se tenha disputado pela primeira vez (sob essa designação) em 1950, a verdade é que a história começou bem mais cedo, num dia de Verão de 1906, na localidade francesa de Le Mans. Apesar de ainda não se chamarem F1, os carros de Grande Prémio já eram os veículos de quatro rodas mais velozes e potentes do planeta – mesmo se, só as rodas traseiras estavam equipadas com (rudimentares) sistemas de travagem.

Por exemplo, os motores de quatro válvulas por cilindro fizeram a sua aparição em GP ainda antes da I Guerra Mundial, por intermédio da Peugeot em 1913. Terminado o conflito mundial, carros cada vez mais potentes e velozes foram-se sucedendo na lista de honra dos GP, até ao apogeu dos monstros alemães da Auto Union e da Mercedes, ambos capazes de produzir mais de 550 cv e superar os 300 km/h, que viriam a dominar os últimos anos da fórmula 750 (entre 1934 e 37 o peso máximo era de 750 kg, sendo em 1938 introduzida uma graduação do peso mínimo em função da capacidade do motor, com os carros de 3 litros sobrealimentados, ou 4.5 litros atmosféricos, a terem de pesar 850 kg). Nuvolari (o maior dessa época e um dos grandes de todos os tempos), Caracciola, Varzi e Rosemeyer são os nomes dos heróis que conseguiam explorar a performance dessas máquinas assombrosas, com jantes de raios e pneus estreitos, em pistas inimagináveis!?!…

E é, precisamente, o indomável espírito desses pioneiros da velocidade, dos seus brilhantes seguidores (Fangio, Ascari, Moss, Clark, Rindt, Stewart, Lauda…, até aos mais recentes Prost, Senna, Schumacher, Alonso e Räikkönen) e dos homens cujo génio tecnológico lhes forneceu o instrumento ideal para exprimirem o seu talento (entre os quais Colin Chapman é um referencia incontornável) que a exposição dos 100 anos de GP, apresentada no Autosport International, pretende celebrar.

Renault AK 1906

O carro vencedor do primeiro Grande Prémio disputado em Le Mans, corria o ano de 1906, tinha um motor de quatro cilindros com 13 litros de

capacidade capaz de debitar 90 cv às 1200 rpm. O suficiente para atingir impressionantes (à época) 148 km/h. Curiosamente, os seus amortecedores hidráulicos só voltariam a ser vistos em GP no final da década de trinta.

Bugatti 35 B 1928

O seu motor de oito cilindros em linha sobrealimentado era capaz de debitar 135 cv às 5300 rpm, o suficiente para lançar o 35 B a velocidades superiores aos 200 km/h. Porém, o seu aspeto tecnológico mais marcante, porventura, eram as jantes de liga leve fundidas com tambor incorporado, um conjunto significativamente mais leve (e rígido) do que uma jante de raios equivalente.

Auto Union Type 650 1940

Suspensões independentes às quatro rodas (com molas moles e amortecedores hidráulicos rígidos), chassis tubulares, sobrealimentação em dois estágios. Tudo inovações introduzidas nos seus carros. O deflagrar da II Guerra Mundial impediu que este Auto Union com motor 1.5 alguma vez competisse. Os Auto Union foram os primeiros carros de GP com motor traseiro bem sucedidos.

Ferrari 500 1952/53

Um dos carros mais dominadores da F1. Em duas épocas consecutivas ganhou todos os GP menos Monza em 1953 e deu a Alberto Ascari dois títulos mundiais. O seu motor de dois litros e quatro cilindros debitava entre 165 e 180 cv às 7.500 rpm, permitindo-lhe atingir os 250 km/h. Com o motor bastante recuado no chassis era, também, um carro muito bem equilibrado.

Lancia D50 1954/55

Projectado por Vittorio Jano, o D50 foi um dos carros mais inovadores da sua época. O motor era um V8 muito rotativo (8.000 rpm) capaz de debitar entre 230 a 260 cv e, pela primeira vez, tinha funções estruturais, servindo de ponto de ancoragem da suspensão dianteira de triângulos sobrepostos. Modificado pela Ferrari deu a Fangio a sua quarta coroa Mundial, em 1956.

Maserati 250 F 1954-57

O 250 F foi por muitos considerado o mais equilibrado dos F1 de motor dianteiro, O motor de seis cilindros em linha debitava entre 260 e 270 cv, permitindo-lhe atingir os 280 km/h. Também existiu uma versão com motor V12 de 310 cv às 10000 rpm, capaz de aflorar os 298 km/h, mas sofreu sempre de problemas de estabilidade e fiabilidade.

Vanwall 1957-58

Com chassis e suspensões desenhados por Colin Chapman e a carroçaria da responsabilidade de Frank Costin, este foi o primeiro carro de Grande Prémio alvo de um aturado estudo aerodinâmico. O motor de quatro cilindros debitava 285 (em 57 com Avgas) e 260/270 cv (em 58 com gasolina), atingindo velocidades entre os 265 e os 275 km/h.

BRM P57 1962

O carro que levou ao primeiro título mundial Graham Hill. Com a vantagem de potência do V8 BRM e uma fiabilidade superior, Hill era uma espécie de sombra do dominador Clark no seu Lotus 25, capitalizando vitórias sempre que a dupla Clark/Lotus desistia por falhas mecânicas. O motor BRM V8 com os seus característicos escapes verticais tipo megafone debitava cerca de 210 cv.

Lotus 25 1962/64

O primeiro F1 com chassis monocoque. A leveza da estrutura (30 kg) e a sua rigidez permitiam utilizar taragens de suspensão mais moles, beneficiando a velocidade de passagem em curva e a tração. O Lotus 25 venceu 14 GP, sendo que os sete triunfos de Jim Clark em 63 fizeram dele Campeão, O motor era um V8 Coventry Climax que debitava entre 180 e 200 cv.

Brabham BT20 Repco 1967

Evolução positiva do antecessor. Com a combinação BT19 V8 Repco Jack Brabham tornou-se o primeiro (e único) piloto a sagrar-se campeão do Mundo num carro com o seu nome. O BT19 não era o mais rápido nem potente (entre 300 a 330 cv) mas era fiável, robusto e, neste primeiro ano da F1 três litros, podia ser pilotado a fundo durante mais tempo do que os seus adversários.

Lotus 49B 1968-70

O Lotus 49 tinha uma área frontal do chassis exatamente igual às dimensões do V8 Cosworth, o qual tinha sido projetado para ser aparafusado à coque e funcionar como elemento portante das suspensões traseiras e da caixa. O 49B de 68 é uma versão refinada, com maior distância ente eixos e adaptado para receber as primeiras asas da F1.

Lotus 72 1970-74

A forma em cunha ultra baixa, com a maior parte do peso deslocado para trás (o aileron traseiro está colocado bem longe das rodas traseiras) e os travões inboard foram tentativas de melhorar a aerodinâmica e a tração, diminuir a massa não suspensa e manter o calor dos travões longe dos pneus. As suas várias versões tiveram uma carreira de sucesso.

Ferrari 312B 1970

Com um motor de 12 cilindros boxer (que garantia um centro de gravidade muito baixo) capaz de 460 cv (cerca de 20 cv a mais do que um bom Cosworth DFV, entretanto generalizado), ganhou quatro GP em 70, três com Ickx e um com Regazzoni (Monza). O piloto belga ficou em segundo no campeonato desse ano e a Ferrari voltou a ser uma força com que contar.

Tyrrell 006 1973

O maior rival do Lotus 72. Algumas das soluções (como os travões inboard e a linha de geral baixa) são idênticas, mas Tyrrel optou por uma distribuição de pesos diferente. O resultado foi um carro muito ágil nas mudanças de direção mas com reações vivas só ao alcance de um piloto como Stewart. O 006 deu-lhe a terceira coroa mundial e a última das suas 27 vitórias.

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