F1, Pat Symonds: “Não estou convencido de que a eletrificação seja a única resposta”

Por a 17 Janeiro 2022 14:30

Eletrificação e sustentabilidade são palavras cada vez mais referidas no mundo automóvel. Passou-se da negação à revolução em poucos anos e os carros elétricos ganham uma força cada vez mais vincada no mercado. A luta contra as emissões de gases de carbono é agora a grande guerra que os construtores estão a tentar travar, mas há ainda muitos pontos de interrogação. Pat Symonds é um dos que não tem certeza sobre se a eletrificação é a única solução viável.

Se está a ler este artigo é porque, muito provavelmente, gosta do som dos motores e das sensações que eles provocam. Porque fica arrepiado quando ouve um V8 ou um V10 a gritar de forma estridente, porque sorri quando ouve uma sucessão de reduções. E por isso torce o nariz quando ouve falar que o futuro é elétrico, silencioso e pouco emocionante (à primeira vista). O debate é intenso e muitos se questionam se os carros elétricos são mesmo a solução para o futuro.

Não pode haver dúvidas que o futuro da mobilidade é elétrico. Dizer o contrário é fechar os olhos a fatores que não podem ser esquecidos. Os elétricos são mais eficientes e por isso desperdiçam muito menos energia, têm menos partes móveis, o que os torna potencialmente mais fiáveis e permitem soluções que os motores a combustão não igualam. Um dos argumentos que têm sido levantados é a questão das baterias, especificamente a sua fabricação, o seu tempo de vida e a forma como serão descartados. Um carro elétrico implica mais emissões de gases de carbono na sua fabricação, mas ao longo do seu tempo de vida acaba por emitir menos 75% dos gases que um veículo com motor a combustão. No entanto, os efeitos da exploração mineira para extração de lítio e cobalto levantam preocupações a nível ambiental e humanitário.

Como se pode ver, a mudança para os elétricos não é pacífica, nem pode ser, pois há vários pontos que devem ser melhorados. E por isso muitos olham para outras soluções. O desporto motorizado tem aqui um papel importante, pois além de permitir a evolução de componentes que serão úteis para o futuro (baterias mais leves e mais eficientes, por exemplo), pode também ajudar a fazer uma transição mais suave e que cause um menor impacto no consumidor. É o caso da solução dos combustíveis sintéticos. Substituir o número de veículos motorizados em todos o mundo, por veículos elétricos a tempo de ter um impacto significativo para a redução da subida da temperatura global é utópico, mas o passo que a F1 deu, assim como outras competições, nas busca de combustíveis 100% sintéticos pode permitir fazermos uma transição mais suave e acima de tudo mais eficaz.

É por isso que Pat Symonds, responsável pelo grupo de trabalho que elaborou os novos regulamentos que entram este ano em vigor, não acredita que a eletrificação seja a única solução e que a F1 deve estar atenta a esses caminhos. Numa entrevista à Blackbookmotorsport.com, disse o seguinte:

“Não estou totalmente convencido de que a eletrificação seja a única resposta. É uma parte muito, muito importante da resposta, não há dúvida sobre isso, e penso que é provavelmente a resposta ideal num ambiente urbano, mas o que dizemos, é que essa não é a única resposta. Há múltiplas partes para um futuro de baixo carbono e precisamos de estar totalmente empenhados no que essas partes são. Não importa o que elas são, só precisamos de estar lá, precisamos de fazer parte delas. Iremos definitivamente aumentar a nossa hibridização. A nossa próxima fórmula não será talvez exatamente 50-50 de potência do motor de combustão interna e energia elétrica, mas certamente não muito longe disso. E, ao envolvermo-nos nesse sector da tecnologia, iremos impulsioná-lo”.

O futuro já se começa a sentir e as equipas já terão de usar este ano uma mistura de 90% combustível fóssil e 10% de etanol sustentável, uma mudança que inicialmente foi vista com algum desagrado, mas que aos poucos vai ganhando força:

“Quando comecei este projeto [mudanças de regulamentos na F1], provavelmente no início ou durante 2018, tinha um trabalho em mãos para tentar persuadir algumas pessoas de que isto era algo que podia ser feito e algo que tínhamos de fazer. Eu diria mesmo que algumas companhias petrolíferas, tinham alguma relutância, mas o que tem sido esclarecedor, o que tem sido gratificante, é que ao longo do tempo em que temos falado sobre isto as pessoas têm aceitado.”

As marcas sabem que o desporto motorizado pode ter um papel importante, não só na procura de novas soluções, mas também para mostrar que a mobilidade sustentável, seja ela qual for, pode ser “cool”. Se as corridas sempre foram um exercício de marketing, neste contexto, ganha ainda mais força, pois é preciso convencer os consumidores que a mudança é inevitável e não é tão cinzenta quanto parece. A F1, que cresce agora ao nível da popularidade, ganha uma relevância cada vez maior nesse capítulo. Esperamos que saiba dar o exemplo, sem perder a sua essência, mas sem deixar de olhar para o futuro.

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3 comentários

  1. pintinha

    18 Janeiro, 2022 at 17:44

    Me too … aposto no Hidrogenio (nada mais limpo) como aquele que irá vingar no futuro …
    Lá chegara o temepo que o loby da elecrificação (batrrias, litios e afins) caia como esta a cair o do petroleo. …
    O Portugues Lider do Grupo Peugeot ja o afirmou há muito (no inico desta electrificaõ auto) e com argumentos muito solidos … não é liquido que um electrico em todo o seu ciclo de vida seja menos poluente qeu um actual a combustão

  2. José Pereira

    18 Janeiro, 2022 at 19:07

    Quando a competição automóvel se render aos lobys da EU, eu passo a ver as corridas de clássicos, nem penso duas vezes

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