Tiago Monteiro fala sobre a Fórmula 1 e WEC…

Por a 10 Dezembro 2017 13:21

Entrevistámos Tiago Monteiro, que entre muitos assuntos nos falou também da Fórmula 1 e do WEC…

A Fórmula 1 atravessa uma fase de redefinição. O que achas desta F1 e que esperas do futuro?

Acho que a F1 não está perfeita, mas não está tão má. A direção que foi tomada era quase obrigatória e seria difícil não apostar nos híbridos. A maior dificuldade é a vertente do espetáculo, e os grandes erros que foram cometidos foram essencialmente o som dos carros, que não agrada os adeptos e as formas de ultrapassagens artificiais. O DRS permite muitas ultrapassagens, mas não é aquilo que os adeptos gostam e querem. É preciso que as rotações dos motores subam e que os carros sejam menos eficazes em travagem e na aerodinâmica, para permitir que os carros rodem mais juntos e assim lutem mais diretamente. Não é algo que seja fácil, mas que deve ser ponderado pouco a pouco.

A F1 vai continuar a ser o expoente máximo do desporto motorizado, mas tem de haver alterações a nível técnico. O ponto positivo para mim foi a compra da F1 por parte da Liberty Media, cuja entrada tem sido muito boa, pela forma como abordam o espetáculo e como permitem uma maior aproximação e abertura. O trabalho que tem sido feito nas redes sociais, o tipo de vídeos que tem sido colocado no ar, conferem um aspeto mais moderno e divertido e tem sido um sucesso na minha opinião. Mesmo as equipas têm agora permissão para fazer vídeos muito interessantes, algo que no passado não era possível. Os adeptos querem ver as coisas de perto e isso agora está a acontecer. Estou confiante que a Liberty tem capacidade para daqui por 5 anos colocar a F1 a um nível excelente.

É preciso realçar que nunca mais vamos ter a F1 que tínhamos no passado. Os tempos das lutas do Prost e do Senna por exemplo, foram memoráveis, mas temos de ter a noção que nessa altura havia apenas dois ou 3 canais, não havia internet e nessa fase ligava-se a TV e via -se a F1 porque não havia variedade. Hoje em dia são inúmeros os desportos que podem ser vistos quer na TV quer online, há tanta escolha, que é mais difícil fazer com que as pessoas fiquem 2h a ver uma prova de F1. Se calhar o próprio formato da F1 terá de ser repensado, pois tem de lutar por um espaço com centenas de outros desportos que dão espetáculos fantásticos e muito dinâmicos. Às vezes fico chateado quando oiço dizer que a F1 não é a mesma coisa que era no passado. Não é nem nunca mais vai ser pois tudo mudou. Foram tempos fantásticos, ninguém duvida disso, mas temos de pôr de parte esse saudosismo e adaptarmos à nova realidade que também é muito interessante.

Que mudanças pensas que seriam interessantes?

Penso que as corridas deviam ser mais curtas, com mais ação, com mais onboards. Pode-se perder alguma identidade, mas será que faz tanta diferença uma corrida de 1h para 1h30? Os carros são tão eficazes e tão bons que se tornam pouco espetaculares para quem vê. Para quem guia são fantásticos, mas para quem vê já não é igual. É preciso repensar alguns aspetos para que a F1 se adeque aos novos tempos. E preciso ouvir os adeptos, o que eles querem e tentar adaptar o desporto à nova realidade.

O WEC também atravessa uma fase de indefinição. Que avaliação fazes?

O endurance é um caso mais complicado ainda. Mais do que na F1, o WEC cometeu erros na forma como geriu o regulamento e as aberturas que quiseram dar. Quando se dá demasiada abertura, principalmente com os híbridos que são uma tecnologia complicada e cara, está-se sujeito a isto. Este ano vimos carros LMP1 a apresentarem níveis de fiabilidade longe do ideal. A tecnologia é tão complicada que mesmo com grandes investimentos e com os melhores engenheiros do mundo, não conseguiram fazer rodar os carros sem problemas durante 24h. Chegou-se a um extremo e é preciso voltar atrás para diminuir os custos e a complexidade da tecnologia, para que o espetáculo saia favorecido. Se calhar é preciso apostar mais na vertente do espetáculo e deixar a evolução tecnológica com a F1 por exemplo. Sou um fã do endurance, dos protótipos e das 24h de LeMans, e tenho pena que a situação seja esta. Nos LMP2 o campeonato está muito interessante, mas falta que a categoria rainha esteja ao nível que todos queremos.

A categoria DPi está a mostrar que é uma opção válida?

Sem dúvida! Mais simples, com menos custos, e com um espetáculo bom de seguir. É preciso atrair os construtores, os adeptos e não ter custos demasiado altos, para tornar o campeonato sustentável. O NASCAR é outro exemplo de um desporto que apostou no espetáculo em detrimento da tecnologia e com os resultados positivos que se conhecem.

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2 Comentários
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Não me chateies
Não me chateies
6 anos atrás

Eu acho que a F1 não pode passar a ser a GP2 ou seja ter corridas de 1 hora. Para mim corridas de 1 h são corridas de fórmulas inferiores. A melhor corrida da indycar são as 500 milhas de indianápolis, que é uma corrida de 3h 30”. Mesmo que as disputas e ultrapassagens não contem para nada a emoção está sempre presente. Os construtores estão a destruir o desporto automóvel, querem ideais utópicos, pouco amigos da carteira e do espectáculo. Chantageiam os campeonatos, com a treta do desenvolvimento, se for levado à risca a relevância para a indústria vai… Ler mais »

dumberdog
dumberdog
6 anos atrás

É certo que os tempos dos duelos Prost-Senna já lá vão, mas foi a partir daí que nunca mais deixei de ver GPs de F1; é preciso trazer carisma novamente à F1 e isso só se consegue com carros e circuitos lendários e pilotos fora de série. Regulem só o essencial e deixem os artistas trabalhar.
Cumps.

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