Miguel Faísca: “Sinto-me muito feliz por chegar a este nível”

Por a 10 Outubro 2014 12:01

Miguel Faísca vai estrear-se na categoria LMP2 na corrida do Estoril da European Le Mans Series, aos comandos do Zytek-Nissan da Greaves Motorsport. Há pouco mais de um ano, o jovem do Montijo só ‘pilotava’ sentado no sofá e em frente à sua televisão…

Miguel Faísca foi o terceiro piloto português a ser confirmado naquela que se espera ser a grande festa dos automóveis em Portugal durante o ano de 2014 – no que às pistas diz respeito – as 4 horas do Estoril, prova de encerramento das European Le Mans Series. Uma competição de topo que poderá consagrar a JOTA Sport e Filipe Albuquerque como Campeões. Organizada pela ACDME no fim de semana de 18 e 19 de outubro no Autódromo do Estoril, a competição conta ainda com a presença de mais dois pilotos lusos, Filipe Barreiros e Francisco Guedes, no habitual Ferrari 458 Itália GT3 da Ferrari Portugal, isto, claro, para além da presença de Filipe Albuquerque.

O jovem piloto da Nissan venceu a GT Academy em 2013, tornou-se piloto da marca nipónica em 2014, competindo na Blancpain Endurance Series com um Nissan GT-R GT3, e chega agora ao que se pode considerar o ponto mais alto da sua carreira em termos de pilotagem, pois chega aos sofisticados sport-protótipos de competição, LMP2, no caso um Zytek-Nissan, da equipa Greaves Motorsport.

Sem dúvida, mais um grande passo de um piloto que há pouco mais de um ano se limitava a pilotar sentado no sofá lá de casa, numa consola de jogos. Até aqui, uma carreira-relâmpago, sustentada num bom crescimento como piloto, que tem permitido que os responsáveis da Nissan continuem a depositar a sua confiança no jovem português.

Agora, pela frente, mais um grande desafio, e logo a primeira vez em que terá muita da atenção dos seus compatriotas, pois para além de Filipe Albuquerque que irá lutar pelo título, estará aos comandos de um carro de topo, com potencial para vencer a corrida, ainda que o vá fazer sem nunca o ter pilotado antes. Curiosamente, será também a primeira vez que Miguel Faísca irá competir na pista do Estoril. Uma dupla estreia que não intimida o português: “Quando recebi a notícia não contive a emoção, fiquei super contente. Sinto-me muito feliz por chegar a este nível. Esta é um ‘prenda´ de todo inesperada, pelo que só tenho de agradecer a confiança e a aposta que a Nissan está a fazer em mim. Pela minha parte, fica a certeza de ir trabalhar bastante para corresponder a esta aposta da marca, que muito me orgulha” começou por dizer Faísca, que sabia que isto era possível: “Bastou ver o Jann Mardenborough, que esteve a fazer GT3 e já subiu patamares, está na GP3, para saber que poderia ter uma possibilidade, mas para isso, tinha que o merecer. Apesar de para já ser só uma corrida e não ter mais nada garantido, é muito bom, pois vou pilotar um LMP2. É uma grande prova de confiança!”

A este nível, é extremamente complicado chegar, ver e vencer, e embora isso não seja impossível, as expectativas são mais baixas: “A Nissan já me disse que vou correr para acumular quilómetros, habituar-me ao carro, e isso também são boas notícias. É verdade que vou para a corrida do Estoril sem ter pilotado o carro, pois não há tempo para testar, mas mesmo assim é excelente.” O facto da Nissan lhe pedir para ganhar traquejo, só pode significar que poderá continuar a contar com ele: “Não sei o que pode acontecer, mas se esta for a minha última corrida, é uma boa forma de terminar. Acho que tudo depende como correr nas 4 horas do Estoril, como estiver o meu ritmo e a minha adaptação. Mas sinceramente não sei o que pode suceder. Se não continuar, será sempre mais do que estava à espera, já que de início contava apenas com o prémio, as 24 Horas do Dubai, e depois acabava. Se fosse bom o suficiente poderia continuar e foi o que aconteceu. Agora, apesar de querer continuar – estou a trabalhar para isso – tenho a noção que é complicado. Mas vamos esperar para ver o que acontece”.

Jovens lobos

No Estoril, Miguel Faísca vai fazer equipa com o norte-americano Matt McMurry que, no último mês de junho, com apenas 16 anos de idade, se tornou no mais jovem piloto a participar e a chegar ao fim das 24 Horas de Le Mans. Ainda que não esteja totalmente certo, é muito provável que não seja incluído qualquer piloto mais experiente na equipa: “Já disse à equipa que preferia ser só eu e o Matt (McMurry), para dessa forma termos mais tempo de pista. Vamos ser dois com pouca experiência e em princípio não seremos dos mais fortes em pista, e por isso não posso ir com o objetivo de ganhar a corrida, pois será a primeira vez que vou andar no carro. Para além disso nunca corri no Estoril! Logicamente já lá fiz algumas voltas, mas uma coisa é conduzir um carro normal e outra coisa é um protótipo LMP2. Toda a gente me diz que o Estoril é uma pista muito difícil, especialmente se estiver a chover”, referiu Miguel Faísca, que vai pilotar um carro igual ao de Filipe Albuquerque, mas enquanto este luta pelo título da competição, Faísca quer apenas brilhar o suficiente para assegurar um lugar ao Sol…

Greaves Motorsport ‘apadrinha’

A equipa com que Miguel Faísca via correr no Estoril é a Greaves Motorsport, e na impossibilidade de testar, pelo menos já ficou a saber boa parte do que precisa para competir: “Já se estava a ver que não dava para andar no carro e por isso fui a Paul Ricard a ver a corrida da ELMS. Estive com a equipa a ver como são os procedimentos deste campeonato para quando chegar ao Estoril já não ter ‘aqueles nervos’ de não saber bem o que fazer. Há uns tempos fiz um teste num Radical SR8, que já tem algum apoio aerodinâmico, e dá uma ideia do que é pilotar este tipo de carros”, acrescentou o piloto que chegará ao Estoril no culminar de um ano completamente louco: “Quando venci a GT Academy estava convencido que o prémio era apenas fazer as 24 Horas do Dubai num GT4. Tive sorte porque o prémio mudou, e disputei a época completa do Blancpain Endurance Series num GT3. Logo aí começam as boas notícias. Mesmo assim também disputei as 24 Horas do Dubai, o que já não era suposto depois da alteração. Por fim, na Blancpain, quem esteve comigo no carro Nº35 teve um bocado de azar. Logo em Monza tivemos um problema no radiador e o carro esteve parado uma hora. Na segunda corrida, em Silverstone, também não foi das melhores pois choveu imenso nos treinos, e esteve seco na corrida. Não conseguimos apanhar o ritmo, fomos diretos para a corrida sem experiência de pista no seco. Paul Ricard foi para mim a nossa melhor corrida, e aí ficámos em terceiro da classe Pro-Am. Em Spa adorei o circuito, é absolutamente fabuloso, mas tivemos azar, pois um Porsche bateu-nos e ficámos duas horas a arranjar o carro. Não era a nossa corrida! No Nurburgring, adorei a pista, tem curvas com relevé, a pista é espetacular, mas infelizmente não tivemos muita sorte, pois optámos por uma má estratégia, arriscámos e não choveu, tivemos de fazer uma paragem a mais. Resumidamente, apesar de não ter sido uma época em que tudo correu de forma perfeita, acho que para se aprender é preciso as também as coisas correrem mal. Dessa forma absorvi muito mais informação, aprendi com os erros, e desde o início que tenho vindo a evoluir. Estou agora muito mais forte como piloto do que quando comecei” concluiu Miguel Faísca, que terá no Estoril uma excelente oportunidade de provar a quem de direito que merece uma carreira nos desportos motorizados. As coisas têm corrido bem até aqui, mas agora será com os portugueses a apoiá-lo que vai dar um passo que lhe pode valer o futuro, mas que também pode ser o epílogo. Será por isso mais uma boa razão para os adeptos irem ao Estoril, apoiar o Filipe Albuquerque na luta pelo título, e apoiar o Miguel Faísca na luta pela sua carreira…

José Luis Abreu

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