A Melhor Marca de Le Mans dos 40 anos do AutoSport

Por a 27 Novembro 2017 18:52

As 24 Horas de Le Mans são um palco de excelência de onde tiveram lugar fabulosas disputas, entre algumas das melhores marcas do mundo ‘motorizado’. Os leitores do AutoSport escolheram, e o top espelha bem a ‘produção’ em pista de uma das marcas que melhor ‘chega’ ao coração dos leitores, a Porsche.

Por Ricardo Grilo

Será consensual afirmar que as 24 Horas de Le Mans serão uma das maiores, mais antigas e mais conhecidas provas do desporto automóvel. A lenda nasce em 1923 como um desafio maior para a indústria automóvel, onde se ensaiariam os melhores carros e os conceitos do futuro. E, em traços largos, tem sido sempre esse o espírito da grande clássica francesa.

Vencer Le Mans faz parte das páginas mais importantes do currículo de qualquer construtor de automóveis. Ou ainda mais do que isso, pois em marcas como a Bentley ou a Porsche, o prestígio internacional deve-se em boa parte aos sucessos nas diversas versões do circuito com cerca de 13,6 km que em boa parte ainda percorre as estradas nacionais entre Le Mans, Mulsanne e Arnage.

Em termos de futuro, essa constatação poderá ser a chave para o regresso de antigas glórias ou para o desembarque de novos construtores da Coreia do Sul e China, que poderão retirar incomensuráveis vantagens em termos de imagem de uma aposta estruturada para vencer Le Mans.

Mas guardemos para outra ocasião uma conversa sobre o futuro e, por agora, vamos referir as 10 marcas mais importantes do passado recente, de acordo com uma lista escolhida pelos nossos leitores, desde que o AutoSport número 1 foi para as bancas em 1977. Marcas essas que ao vencerem em Le Mans ajudaram a construir a lenda, motivaram os aficionados, fizeram sonhar e, obviamente, retiraram dividendos com as campanhas por terras de La Sarthe.

De acordo com a votação, por ordem decrescente de importância, comecemos pela McLaren, a 10ª classificada nesta escolha.  Por sugestão do piloto Ray Bellm, em 1995 a marca de Wocking adaptou o novo F1 de GT às solicitações das provas de endurance, sendo construídos 9 chassis F1 GTR para a temporada de 1995. Logo se verificou que tinham criado algo muito especial, sendo claramente o modelo a bater nas provas do campeonato BPR.

Mas o ponto alto da temporada é sempre Le Mans, onde os clientes habituais da marca se iriam confrontar, entre outros, com um protótipo Courage C-34 com motor Porsche e… com um McLaren F1 GTR oficial, inscrito por uma desconhecida equipa Kokusai Kaihatsu UK e patrocinado por uma clínica de vasectomia de Tóquio.

A chuva persistente iria equilibrar o andamento entre os GT e protótipos, com a equipa Courage a oferecer o triunfo à McLaren graças a uma inacreditável paragem extraordinária para limpar a publicidade e recolocar um autocolante com o patrocinador. No final venceria o McLaren “oficial” que saiu de Le Mans directamente para a sede da empresa em Wocking, onde ainda se encontra em exposição. Os F1 GTR equipados com o motor BMW S70 V12 ainda continuariam competitivos até 1997, mas não mais conseguiram vencer em Le Mans.

No 9º lugar das preferências dos leitores temos a Mazda, que foi a primeira marca japonesa a competir em Le Mans. Tudo começou em 1970 quando um motor rotativo da empresa equipou um Chevron B-16. Mas o esforço oficial sentiu-se com o advento do Grupo C, ao apresentarem em 1983 o modelo 717C, o primeiro sport-protótipo inteiramente concebido pela marca. Praticamente todos os anos apresentaram novidades que iriam culminar com o nascimento do sonoro 787C de 1990… que no ano seguinte iria beneficiar da guerra da FISA com Le Mans para triunfar na prova!

O triunfo começou a desenhar-se quando o 787C conseguiu escapar à penalização de peso (1000 kg para Le Mans) imposta a todos os Grupo C da anterior geração. A moda agora eram os modelos com motor 3,5 litros e 750 kg de peso e a Mazda, por ter sido considerada como “outsider”, pode alinhar com o novo 787 C pesando apenas 850 kg em vez dos 1000 dos outros Grupo C da sua geração. Menos peso significa melhores acelerações, menos desgaste de pneus e travões, menos consumo, maior agilidade e um triunfo no palmarés. O único de uma marca japonesa.

No 8º lugar os leitores escolheram outra marca britânica. Como referimos no início, a Bentley tinha sido um dos construtores cuja imagem muito beneficiara com os triunfos em Le Mans de 1924, 27, 28, 29 e 30. Por isso não deixou de ter alguma lógica que o regresso a Le Mans tenha sido anunciado pouco tempo após a marca ter sido adquirida pelo Grupo VW. Projectado por Peter Elleray na Racing Technology Norfolk (RTN), o primeiro Bentley EXP Speed 8 bebia inspiração e alguma tecnologia do anterior Audi R8C de 1999, também concebido na RTN. Mas era um carro novo, equipado com um motor derivado do V8 bi-turbo do Audi R8.

Um projecto a três anos deveria levar a renascida marca a um triunfo em Le Mans. Logo em 2001, ano de estreia, um dos dois EXP Speed 8 conseguiu o terceiro lugar do pódio, apenas batido pelos Audi oficiais. Nova presença em 2002 de um chassis solitário que ensaiava já as tecnologias que iriam ser utilizadas no novo Speed 8 de 2003. Menos elegante, porém mais eficaz, o novo modelo começou por vencer as 12 Horas de Sebring de 2003, para em seguida se impor sem dificuldade nas 24 Horas de Le Mans, pela sexta vez na história da marca britânica.

No 7º lugar surge a BMW, marca alemã que já tinha participado oficialmente em Le Mans nos anos 30. No pós-guerra, todas as participações foram sendo realizadas com recurso a modelos derivados de carros homologados, do 3.0 CSi ao M1. Mas com o fim do projecto da McLaren decidiram aproveitar o motor S70 de 12 cilindros em V para em colaboração com a Williams conceber um sport-protótipo aberto. Primeiro o BMW V12 LM de 1998 que deu lugar no ano seguinte ao mais evoluído V12 LMR que bateria todos os adversários num dos anos mais competitivos de sempre em Le Mans.

Quem adquiriu o AutoSport desde o início lembrar-se-á das reportagens que referiam o duelo Alpine-Porsche em 1977 e 78. Na realidade, a marca francesa já corria em Le Mans desde o início dos anos 60, mas a sua aproximação com a Renault e com a Elf em 1973 reforçou os meios e as ambições para a luta pelo triunfo. A base deste projecto foi o modelo Alpine A440 desenhado por André de Cortanze e a sua evolução A441 de 1974. Na versão A442 turbo alinhou nas edições de 1976 e 77 como o principal adversário da Porsche. E se não venceram em 1977 por má gestão dos acontecimentos, no ano seguinte com um renovado A442B o triunfo acabaria por ser mesmo para um dos carros amarelos, com Didier Pironi e Jean-Pierre Jassaud a partilharem a coroa de louros.

Outra marca que ocupou extensas reportagens do Autosport foi a Jaguar que os leitores posicionaram no 5º lugar das mais importantes. Tendo triunfado nas edições de 1951, 53, 55, 56 e 57, a Jaguar afastara-se da competição ao mais alto nível. Mas nos anos 80, primeiro com os americanos do Team Group 44 e depois com a equipa de Tom Walkinshaw os “Jag” foram crescendo de importância e os resultados acabariam por surgir com o modelo XJR9 de 7 litros de cilindrada, naquilo que acabaria por se revelar como a aposta de uma nação, com perto de 80.000 adeptos britânicos a apoiarem a marca no renhido triunfo de 1988. Glória essa que se reiteraria em 1990, agora com o modelo XJR-12 equipado com o mesmo motor.

Em 4º lugar vem a escolha mais controvérsia, pois trata-se de uma marca que já foi capaz do melhor e do pior em Le Mans. Se a primeira imagem que poderá surgir a muitos é a dos acidentes com os Mercedes voadores de 1955 e 1999, na realidade a poderosa marca de Estugarda conseguiu dois triunfos absolutos nas 24 Horas, em 1952 e em 1989. Este último, muito claro, concretizou o resultado da união da Mercedes com a equipa de Peter Sauber.

No terceiro posto das escolhas dos nossos leitores aparece a Peugeot. E aparece bem, pois se os primeiros triunfos em 1992 e 1993 foram algo facilitados por um regulamento favorável, o triunfo de 2009 foi tirado a ferros, fruto de uma intensa luta com a Audi que, na realidade, se arrastou entre 2007 e 2011. Cereja sobre o bolo, Pedro Lamy fazia parte da equipa francesa e iria conseguir dois segundos lugares absolutos nestes loucos anos em que a Peugeot e a Audi travaram alguns dos mais espectaculares duelos de sempre em Le Mans.

Por vontade de Ferdinand Piëch – que já fora o mentor do Porsche 917 – a Audi decidiu apostar em Le Mans em 1999, obtendo logo um pódio na estreia do R8R. No ano seguinte, apresentou o R8, que muitos consideram ter sido o primeiro LMP1 moderno, pensado de A a Z para ser resistente e facilmente reparável durante uma corrida. O resultado foi um modelo imbatível que conseguiu 63 vitórias absolutas, incluindo 5 nas 24 Horas de Le Mans. Depois apareceram os modelos com motor diesel: R10, R15 e R18. As vitórias somavam-se facilmente e nem a Peugeot conseguiu travar o domínio da marca de Ingolstadt nas provas de longa duração. Apenas uma marca o conseguiu…

…E foi precisamente a marca escolhida pelos leitores do Autosport como a mais relevante da história de Le Mans. Falamos, claro está, da Porsche.

A marca de Zuffenhausen começou a participar nas 24 Horas de Le Mans no distante ano de 1951 e, após um período dedicado a lutar pelas classes secundárias, venceu pela primeira vez à geral em 1970. Quando o Autosport apareceu nas bancas vivia-se o período dos Porsche 935 e 936 em luta com os Renault-Alpine. Foi o prelúdio de uma era ainda mais notável que veio logo em seguida, na figura dos Grupo C de 1982. Com o modelo certo na hora certa a Porsche tornou-se na grande dominadora da clássica francesa nos primeiros anos do Grupo C, até 1987. O mesmo iria acontecer na década de 90 e, mais recentemente, com o aparecimento do extraordinário 919 Hybrid de 1000 cv que ofereceu mais três triunfos consecutivos à marca em Le Mans, alcançando um total de 19 vitórias absolutas e mais de 100 na classe. Um mito, sem par.

Equipas Le Mans Nome

1 Porsche

2 Audi

3 Peugeot

4 Mercedes-Benz

5 Jaguar

6 Renault-Alpine

7 BMW

8 Bentley

9 Mazda

10 McLaren

[soliloquy id=”343146″]

 

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so23101706
so23101706
6 anos atrás

Não compreendo por que razão a Bentley consta da lista – o Bentley era um Audi travestido – e a Rondeau não é sequer mencionada. Que tristeza.

mekanik
mekanik
6 anos atrás

… que diga que há outros intervenientes também vencedores (como por exemlo Rondeau, Gulf-Mirage etc..) ainda dá para entender (embora o critério do voto (melhores 10) seja subjetivo e pelos vistos de acordo com uma votação, o que se respeita. Agora que diga que os Bentley que venceram em 1924/ 27/ 28/ 29 e 30 eram Audi(s) travestidos??? ahahah, essa não lembra ao diabo..
🙂

so23101706
so23101706
Reply to  mekanik
6 anos atrás

“The EXP Speed 8 (…) has a strong resemblance to and shares some technology with the Audi R8C”. (Wikipedia). Até os pilotos eram os da Audi (Kristensen e Capello), e em 2003 a equipa teve o apoio da Joest Racing – a equipa que inscrevia os Audi.
Para a próxima faça como eu: informe-se antes de escrever.

mekanik
mekanik
6 anos atrás

Acredite que não lhe darei mais qualquer resposta, independentemente das asneiras que escrever a seguir. Eu referi-me como pode confirmar se LER o que escrevi aos Bentlwy que venceram em 1924, 1927, 1928, 1929 e 1930, TODOS ELES REFERIDOS(e bem) NA PEÇA do Ricardo Grilo, que, acredite se quiser, é dos homens que em Portugal mais sabem sobre corridas de resistência e da sua história global. Não me referi como é óbvio aos recentes pois todos sabemos que a base de evolução deles era da Audi-Sport. Isso todos sabemos e não preciso de me ir informar numa revista estrangeira. E… Ler mais »

so23101706
so23101706
Reply to  mekanik
6 anos atrás

Reparou que o artigo é sobre os 40 anos do AutoSport? Por que havia eu de me referir aos Bentley dos anos 20 do Século passado? Deixe-me repetir-lhe o título do artigo, porque é evidente que não o leu: “A Melhor Marca de Le Mans dos 40 anos do AutoSport”.
Ainda bem que não vai responder. Serei poupado a mais disparates.

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