IMSA: Portugueses com corrida difícil no Canadá

A vida dos pilotos nacionais no Campeonato IMSA continua complicada pois se Filipe Albuquerque não tem contado com a ajuda de João Barbosa e não há meio de aparecer um pódio ou uma vitória, Álvaro Parente estará sempre dependente do que fizer a sua companheira de equipa Katherine Legge.

Os LMP2 voltaram a ganhar uma corrida do campeonato IMSA, mesmo depois das alterações feitas ao BoP (Balance of Performance) que deixaram de ridicularizar a prestação dos DPI e, em particular, dos Cadillac, modelos com o motor Chevrolet que e, sem dúvida, o mais potente do plantel. Uma vez mais a equipa Core Autosport escolheu para a corrida, depois de ter conquistado a ‘pole position’, desperdiçou essa vantagem para colocar na partida John Bennett, o muito mais lento colega de equipa de Colin Braun. Com isso, o Oreca da Core foi forçado a largar da última posição entre os protótipos, com Bennett a lembrar que “sou apenas um empresário que reuniu o dinheiro necessário para cumprir um sonho”. E a verdade é que o sonho já contabiliza vitórias.

A estratégia é muito simples: a equipa esgota o tempo mínimo que Bennett tem de estar ao volante, passando Braun para o lugar do empresário recomeçando a corrida a partir daí. Desta feita, no Canadian Tire Motorsport Park, palco da sétima ronda do campeonato IMSA, a equipa Core Autosport conheceu maior felicidade pois uma bandeira amarela muito cedo permitiu que Colin Braun pegasse no carro no 12º lugar, mas não exageradamente longe dos primeiros classificados.

E a verdade é que o piloto do Oreca fez de forma perfeita o seu papel pois o carro da Core Autosport chegou ao sexto lugar quando o relógio da corrida apontava o final da primeira de duas horas e quarenta de duração da prova.

Nessa primeira hora, assistiu-se a uma passagem pelo comando do Acura Penske de Dane Cameron, muito veloz com o DPI da divisão norte americana da Honda, especialmente pelo facto de ter herdado, devido á tática da Core Autosport, a “pole position”. No final da primeira volta, os “suspeitos do costume” já estavam a cercar o Acura. Falamos de Renger van der Zande no velocíssimo Cadillac DPI da Wayne Taylor Racing e o Mazda DPI da Joest Racing, pilotado por Jonathan Bomarito, deixando para trás o Oreca da JDC Miller pilotado por Robert Alon. Van der Zande ainda tentou desafiar o Acura quando este apanhou os primeiros carros da categoria GTLM para dobrar, mas no ar limpo, o carro da Penske mostrava rapidez suficiente para não dar chances ao Cadillac.

Quanto um Porsche 911 da categoria GTD se despistou e forçou a primeira situação de bandeiras amarelas, a classificação sofreu as primeiras alterações devido á estratégia de boxes: se o Acura de Cameron permaneceu em pista, o grande beneficiado foi o Cadillac da Action Express, infelizmente não o de Filipe Albuquerque, mas o de Filipe Nasr. Eric Curran, seu colega de equipa, teve a fortuna de parar antes da bandeira amarela e já com o brasileiro Nasr ao volante, o Cadillac conseguiu saltar para o terceiro lugar.

A segunda situação de bandeiras amarelas em todo o circuito surgiu muito rapidamente, mas ainda houve tempo para Van der Zande passar pelo Oreca da JDM Miller de Micha Goikhberg e demandar o segundo lugar. Resolvido o despiste do Porsche 911 da classe GTD pilotado por Christian Nielsen, o recomeço foi intenso com os DPI a darem grande luta aos LMP2. O Acura de Cameron manteve-se na frente, mas com vem der Zande logo atrás com o Cadillac DPI, comandando um pelotão composto por Filipe Nasr, Ryan Dalziel (ESM Nissan) e Ricky Taylor no outro Acura da Penske.

O líder parou muito tarde, já na volta 35 e debaixo de bandeira verde, o que acabou por ser um erro pois o Acura deu um valente trambolhão para lá dos dez primeiros.

Onde se mantinha um discreto Cadillac DPI pilotado por Christian Fittipaldi (no lugar do lesionado João Barbosa) antes de passar para as mãos de Filipe Albuquerque. Do grupo da frente, Dalziel acabava a sua corrida com problemas no turbo do motor Nissan.

As trocas de líder foram-se sucedendo até á chegada de uma terceira bandeira amarela em todo o circuito, devido a um Ligier ter perdido uma roda. Todas as equipas se precipitaram para as boxes, emergindo delas uma classificação diferente. O Cadillac de Jordan Taylor ultrapassou o Cadillac de Renger van der Zande, seguindo-se o Acura de Cameron e os Cadillac da Acton Express de Filipe Nasr e Filipe Albuquerque.

Porém, foi sol de pouca dura, pois nova bandeira amarela foi mostrada em todo o circuito devido aos detritos deixados em pista pelo Porsche 911 GTLM oficial de Earl Bamber, que quase desfez a traseira do 911 devido á explosão de um pneu traseiro. Foi o suficiente para causar nova cambalhota na classificação da corrida: o Acura de Cameron dirigiu-se para as boxes com um pneu furado e com a pressa de regressar á corrida, saiu das boxes com estas fechadas. Erro grave que resultou numa penalização de “stop and go” de 60 segundos, colocando-se assim o Acura da Penske com o nº6l, fora da luta pela vitória.

O recomeço colocou três Cadillac DPI no comando da corrida, liderados por Jordan Taylor, seguido de Filipe Nasr e, mais tarde, pelo carro de Filipe Albuquerque, depois de ter passado por Harry Tincknell (Mazda DPI) e por Jonathan Bomarito. Isto depois do piloto português ter recomeçado no quinto lugar, mas a equipa ter feito um excelente trabalho nas boxes e alguns adversários terem cometido erros quando em luta direta. Que o digam Tincknell e Braun.

Infelizmente para as cores nacionais, este terceiro lugar durou pouco, pois o Oreca da Core Autosport estava rapidíssimo e Colin Braun aproveitou para passar pelos dois Cadillac da Action Express ainda antes de nova bandeira amarela ser mostrada devido à perda de uma roda por parte do Acura pilotado por Juan Pablo Montoya.

A prova seria recomeçada quando faltavam, apenas, 17 minutos para a bandeira de xadrez e adivinhava-se uma luta intensa pela vitória entre Jordan Taylor (Cadillac DPI) e Colin Braun (Oreca LMP2), assistindo, impotentes, Filipe Nasr e Filipe Albuquerque. Tincknell acabou por fazer sair nova bandeira amarela, quando colocou fora de pista o Mazda DPI da Joest Racing. E esta acabou por ser o momento chave da corrida: numa ultrapassagem musculada, Braun colocou o Oreca na frente do Cadillac de Taylor ainda antes da bandeira amarela. O americano não se quis ficar e á com o circuito debaixo das bandeiras amarelas, Taylor cometeu o pecado capital: recuperou o comando. Naturalmente, teve de devolver a liderança ao carro de Colin Braun e quanto a corrida foi reatada a sete minutos do final, o piloto da Core Autosport concretizou uma extraordinária recuperação, de último entre os protótipos para a vitória, na frente de Jordan Taylor (Cadillac), Filipe Nasr (Cadillac) e Filipe Albuquerque (Cadillac), fechando o top 5 o Acura de Ricky Taylor.

Ford ganha nos GTLM com corrida de consumo

Durante a corrida, parecia que os Porsche 911 RSR iriam dominar as contas entre os GTLM, com Nick Tandy a timar conta das operações bem cedo na corrida. O Corvette de Jan Magnussen espreitava a oportunidade e o segundo 911 de Laurens Vanthoor acompanhava os dois primeiros tendo á sua ilharga o Ford GT de Ryan Briscoe.

As primeiras paragens nas boxes colocaram o BMW M8 GTLM de Jesse Krohn na liderança, mas alguma incapacidade do piloto finlandês na hora de ser passado pelos protótipos, permitiu que os mais experientes Tandy e Vanthoor rapidamente se assenhorassem das duas primeiras posições ao volante dos velozes 911 RSR. Mas acabou por ser curto o sonho da Porsche: o carro de Earl Bamber viu um pneu traseiro do lado esquerdo explodir depois de uma colisão com o Ford GT de Richard Westbrook o ter atrasado, enquanto o outro 911 RSR, na altura pilotado por Patrick Pillet, desentendeu-se com o BMW de John Edwards, atrasando-se ligeiramente.

Emergia, entretanto, a estratégia de consumo do Ford pilotado por Richard Westbrook e Ryan Briscoe era sublinhada por uma bandeira amarela que ofereceu uma paragem nas boxes sem perda de tempo para os pilotos do carro americano. Foi a machadada final na corrida, pois o Ford GT saiu das boxes na primeira posição e de lá já não saiu, com todos os outros pilotos a perderem tempo com uma derradeira paragem que o Ford não fez.

Já entre os GTD, o Mercedes AMG GT da equipa Teram Riley Mercedes esteve intratável, conseguindo uma vitória feito de muita velocidade e querer de Jeroen Bleekemolen e Bem Keating. Estiveram muito velozes a corrida toda e na parte final, uma ultrapassagem de classe de Bleekemolen ao Lexus RC de Kyle Marcelli, deu a vitória numa categoria onde Álvaro Parente foi vedeta enquanto esteve ao volante do Acura NSX GT3, rodando mesmo no segundo lugar. Nas mãos de Katherine Legge, as coisas complicaram-se e o português viu o seu carro perder posições até estacionar no quinto lugar final.

Classificação