A lenta agonia do DTM

Por a 3 Agosto 2020 14:56

Conheceu tempos de euforia e todos os que têm alguma memória lembram os ríspidos duelos entre carros como o BMW 635 CSI, Ford Sierra RS500, Volvo 240 Turbo, BMW M3, Mercedes 190E, Audi Quattro V8, Afa Romeo 155 V6 Ti, Opel Calibra, Mercedes Classe C, enfim, corridas para homens de barba rija embora por lá tenha andado a Ellen Lohr que tinha barba tão rija como Bernd Schneider, Klaus Ludwig, Nicola Larini, Volker Strycek, Kurt Thim e tantos outros.

O Deutsche Tourenwagen Meistershcaft (DTM) entreve-nos entre 1984 e 1996, tendo origem no ainda mais espetacular Deutsche Rennsport Meisterschaft (DRM) que nos ofereceu carros como o Ford Capri Zakspeed, Toyota Celica Turbo, BMW 320i Turbo, Lancia Betta Montecarlo e o Porsche 935, antes de mudar para os carros do grupo C acabando em 1985.

É o mesmo DTM que está, depois de regressar em 2000 com uma regulamentação totalmente diferente, a agonizar. Primeiro foi a Mercedes a retirar o tapete, deixando Audi e BMW sozinhas. Gerhard Berger fez um “flic flac” lateral ao unir-se ao campeonato Super GT do Japão e convencer a R-Motorsport a construir um Aston Martin Vantage já debaixo das regras da “Classe One” em tempo recorde. Parecia salva a face… mas os Aston Martin mostraram ser frágeis e, evidentemente, pouco competitivos por falta de desenvolvimento.

Ainda assim, Gerhard Berger tinha conseguido salvaguardar o futuro do DTM, mas o malfadado ano 2020 reservava amarga surpresa para o ex-piloto de Fórmula 1 e da Ferrari: primeiro, a R-Motorsport ficou sem dinheiro e sem carros, tirando os Aston Martin da competição, deixando Audi e BMW sozinhas. Depois, foi a Audi a anunciar que no final de 2020 acabaria o seu envolvimento com o DTM, fazendo com que o DTM se assemelhe, agora, aos grupos do Facebook: quando saem os criadores, o grupo fica vazio e desaparece, pois a BMW não vai ficar a falar sozinha. E a “Classe One” de ligação aos japoneses do Super GT… esfumou-se!

É caso para perguntar: “quo vadis DTM?!” Gerhard Berger, depois da Mercedes ter saído, estava firme na decisão de não fazer uma pausa em 2021, mas a bofetada que a Audi lhe deu ao sair pela porta da frente, fez o austríaco mudar de opinião e quebrado o acordo-que-nunca-foi-um-acordo com os japoneses, o mais provável é que o DTM volte a parar tal como sucedeu entre 1997 e 1999.

“Chegou a altura de pensar o que fazer do DTM, mas se os construtores alemães não estão dispostos a apoiar esta plataforma e o campeonato, as coisas vão complicar-se.” Quem o diz é Gerhard Berger que, apesar do conforto, oferecido pela BMW ao comprometer-se para 2021, mas como disse acima, a casa de Munique não vai ficar a falar sozinha e com a pandemia a retirar a internacionalização ao campeonato, o DTM está mesmo em falência. O DTM Trophy com os carros da regulamentação GT4 é o prenúncio de uma saída: os carros de GT. Aliás, Gerhard Berger já disse que se a ITR continuar “teremos de fazer GT3, pois é a única regulamentação em que os construtores estão envolvidos com 13 marcas a oferecerem propostas para este regulamento.”

Porém, essa possibilidade só faz sentido dentro do DTM Trophy, pois a Alemanha já tem um forte campeonato de GT (o ADAC Masters) e na Europa há excesso de oferta destas competições. Portanto, empurrado para um canto, Gerhard Berger tem de levantar os punhos e lutar, pois, quer se queira quer não, goste-se mais ou menos, os carros do DTM tem excelentes performances, sem BoP e com pilotos de elevada qualidade. É uma disciplina que precisa de ser reinventada. Mas que merece, sem dúvida, uma nova oportunidade!

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Cágado1
3 anos atrás

O DTM tem sido de há alguns anos para cá a minha competição automóvel favorita. Espero que encontrem uma saída, com envolvimento directo de marcas, pilotos profissionais por mérito e grande competição.

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