Paulo Gonçalves: “O Abu Dhabi Desert Challenge é a prova mais estratégica de todas”

Paulo Gonçalves é um dos nomes grandes do TT mundial. Vencedor da Taça do Mundo de Todo-o-Terreno em 2013, e segundo classificado no Dakar 2014, o piloto da Honda tem como objetivo conquistar os respetivos títulos na época 2015/2016, atualmente na posse do espanhol Marc Coma.

Esta contenda tem início no próximo sábado, primeiro dia ao cronómetro do Abu Dhabi Desert Challenge, e primeira de seis provas da Taça do Mundo de TT. Em conversa com o AutoSport, Paulo Gonçalves explicou que vai “tentar entrar o mais forte possível pois o Abu Dhabi Desert Challenge é uma corrida muito particular porque é disputada 100% em areia”.

“O ano passado, após uma luta intensa com o Marc Coma, acabei por perder o título e ser vice-campeão do mundo, este ano irei tentar estar permanentemente na luta pela conquista, novamente, do Taça do Mundo de Todo-o-Terreno. Começamos em Abu Dhabi, já este fim de semana, uma corrida que particularmente me tem trazido bons resultados. Na minha primeira participação obtive o terceiro lugar, depois segundo e o ano passado venci, ou seja, tenho boas referências de Abu Dhabi, mas obviamente é preciso estar-se muito atento, porque estão cá praticamente todos os pilotos de ponta presentes e vai ser uma corrida muito disputada. É preciso tentar ser competitivo mas ao mesmo tempo não comprometer o resultado de um campeonato, porque, ao mesmo tempo, é só uma corrida e o campeonato será longo, à semelhança dos outros anos”, explicou o piloto luso.

A importância da estratégia

Dado a prova ser totalmente disputada em areia, Gonçalves explica que esta é “muito estratégica, a mais estratégica de todas. Em edições anteriores o primeiro dia tem sido decisivo para a classificação final da corrida, porque os pilotos podem optar pela ordem de saída e, por norma, quem ganha o prólogo escolhe sempre arrancar em último, porque nas pistas de areia os da frente perdem sempre muito tempo”.

Segundo o piloto da Honda, “é uma corrida de cinco dias em que quem partir de trás no primeiro dia acaba por ter três dias para ganhar tempo, e apenas dois para perder. Nos últimos anos essa estratégia tem sido fundamental, não tem havido nenhuma outra forma de vencer a corrida a não ser arrancar em último no primeiro dia de prova, por isso vamos ver este ano o que é que acontece”.

Gonçalves salienta que, “para além da importância que tem o piloto estar com uma boa condição física, e num bom momento de pilotagem, é muito importante a estratégia. Se por acaso temos um pequeno percalço no prólogo que não nos permita ter uma boa estratégia de corrida, no Abu Dhabi Desert Challenge é muito difícil recuperar. Isso tem acontecido nos outros anos, eu tenho sido regular no dia do prólogo e isso tem-me permitido estes bons resultados, nunca fiquei fora do pódio nesta prova, por isso vamos ver este ano o que vai acontecer”.

Lote de inscritos com vários pilotos de ponta

Ao nível da Taça do Mundo de TT, a disputa nos dois últimos anos tem tido Paulo Gonçalves e Marc Coma como os principais protagonistas. Em 2015 “acho que o campeonato vai ser muito interessante, estão presentes praticamente todos os pilotos que estiveram a disputar os lugares cimeiros no Dakar: eu, o Marc Coma, o Joan Barreda Bort, o Sam Sunderland, o Ruben Faria, o Toby Price e o Matthias Walkner. Por isso vai ser, com toda a certeza, um campeonto muito intenso, muito disputado, e é importante que sejamos capazes de aliar à competitividade a, de outra forma é impossível conseguir um bom resultado final no campeonato”.

Abu Dhabi Desert Challenge e Sealine Cross-Country Rally separadas por 15 dias

Com o Abu Dhabi Desert Challenge a dar ‘luz verde’ para o início da época competitiva, Paulo Gonçalves explica que “esta é uma altura em que me sinto bastante bem embora não seja nosso melhor período do ano, porque chegámos do Dakar há sensivelmente dois meses e isto é ainda o inicio de época. Necessitamos de ter o nosso ponto alto em termos físicos mais para o final do ano e na altura do Dakar. Por isso é importante ter um início de forma moderada para não criarmos também estados de exaustão, é preciso também ser minimamente equilibrado nesse aspeto e acho que para a altura do ano estou com uma condição física bastante boa”.

A par da condição física, “em termos de pilotagem também me sinto bastante confortável e vamos ver aquilo que vai acontecer nesta primeira corrida, porque de seguida temos logo o Sealine Cross-Country Rally, no Qatar, com apenas duas semanas de intervalo. Como estas são as duas primeiras provas marcam um período importante, porque por serem muito juntas podem dar logo uma ideia daquilo que poderá ser o resto do campeonato”.

O piloto da Honda aponta à vitória nas duas frentes em 2015/2016

Para a próxima época, Paulo Gonçalves é perentório ao dizer, “o Dakar é sempre o nosso objetivo, a Taça do Mundo de TT, tendo muita importância obviamente, é para a fazermos sempre da melhor maneira possível como forma de preparamos o Dakar também de uma forma muito profissional e claro que seria agradável conseguirmos uma dobradinha”, sublinhou.

“O ano passado consegui, digamos, não foi dobradinha em termos de vitória, mas foi ser segundo na Taça do Mundo e segundo no Dakar, vamos ver o que acontece agora na época de 2015/2016, se melhoramos esse resultado e a acontecer apenas a vitória serve”, afirmou.

Já em relação à Honda CRF450 Rally “a base é idêntica há do ano passado, tem algumas melhorias, mas que são de detalhe e nós aproveitamos também estas corridas da Taça do Mundo para testar aquilo que a HRC vai desenvolvendo na fábrica”.