Romain Dumas: Sebring, Nürburgring, Spa, Pikes Peak, WRC… regresso ao Dakar: “fazer quilómetros e não fazer asneiras”
Romain Dumas e Alexandre Winocq vão formar uma dupla 100% francesa num dos três Ford Raptor cliente inscritos no Dakar 2026, sob a bandeira da estrutura RD Limited, que assume o papel de equipa satélite da formação oficial da marca norte‑americana.
Filho de um garagista de Alès, antigo piloto amador da Alpine, Porsche e Peugeot 205 em ralis regionais, Romain Dumas habituou-se desde cedo a preparar os seus próprios karts, antes de vencer o Volant Elf aos 16 anos e lançar uma carreira sólida na velocidade e na resistência.
Tornou-se um dos nomes mais versáteis do desporto motorizado, com três vitórias nas 24 Horas de Le Mans, um título mundial de resistência, triunfos em clássicos como Sebring, Nürburgring, Silverstone e Spa, além de múltiplos recordes em Pikes Peak, onde detém o maior número de vitórias (cinco) e a melhor marca absoluta desde 2018.
Depois de representar marcas como Porsche, Audi e Volkswagen, Dumas está ligado à Ford desde 2022 e escolheu em 2016 acrescentar o Dakar ao seu portefólio competitivo. Chegou ao top‑10 logo na segunda participação, em 2017, e, mais recentemente, regressou a um Toyota Hilux “mais convencional”, com que esteve no top‑10 na primeira semana de 2024 antes de partir um triângulo de suspensão e terminar em 14.º.
RD Limited como equipa satélite Ford no Dakar 2026
O nono Dakar de Dumas ficou selado a 15 de setembro de 2025, quando, aos 47 anos, recebeu o apoio da Ford para alinhar com um dos três Raptor cliente destinados à edição de 2026, paralelamente ao programa oficial. A RD Limited, estrutura própria do francês, que já concebeu o buggy DXX e viveu campanhas atribuladas nas primeiras edições sauditas, assume assim o estatuto de equipa satélite da marca.
Como parte da preparação, Dumas foi convidado a disputar a Baja 1000 em novembro de 2025, ao volante de um dos quatro Ford Ranger da equipa oficial americana, reforçando a experiência com o produto da marca em contextos de todo‑o‑terreno extremo. Para o Dakar, reedita a parceria com Alexandre Winocq, navegador com quem já tinha corrido em 2020, depois de ficar sem Max Delfino, entretanto comprometido com outro projeto.
Objetivos de Romain Dumas no Dakar 2026
Dumas reconhece que o projeto com a Ford demorou mais tempo do que o esperado a concretizar‑se, mas admite que a oportunidade era impossível de recusar, mesmo com uma preparação menos extensa do que os principais candidatos do W2RC. O francês traça um paralelismo com Le Mans, prova para a qual chegou a estar “tão bem preparado” que o dia de corrida parecia simples, e sublinha que, para as equipas que correm o campeonato completo, o Dakar será inevitavelmente mais fácil do que para uma estrutura com programa limitado.
Para 2026, o objetivo passa por “fazer quilómetros e não fazer asneiras”, acumulando experiência num rali que, apesar deste ser o seu nono Dakar, equivalerá em tempo de especial a apenas uma ou duas épocas completas dos protagonistas do W2RC. Dumas assume não ter metas classificativas rígidas, prioriza o prazer de competir e deixa aberta a porta a um programa mais alargado em rally‑raid com a Ford, deixando claro que Pikes Peak continua a ser a sua “corrida número um” em 2026, mas que não lhe basta em termos de ambição desportiva.
Alexandre Winocq: regresso a uma parceria “à antiga”
Marceneiro de formação, Alexandre Winocq chegou ao todo‑o‑terreno pela moto e pelo quad, depois de conhecer Éric Vigouroux, com quem se estreou no Dakar em 2000 como “portador de água” em quad e, mais tarde, como copiloto em buggies, chegando a um 13.º lugar final e ganhando reputação como navegador e mecânico de referência. A carreira internacional consolidou‑se com Guerlain Chicherit a partir de 2014, com quem regressou em 2022 e atacou o W2RC desde 2023, alternando entre Prodrive, Overdrive Racing e Mini X‑raid, até alcançar um 4.º lugar no Dakar 2024 — o seu melhor resultado de sempre.
Pelo meio, Winocq enfrentou um cancro, mudou‑se com a família para o Maciço Central, onde gere uma quinta com cerca de 20 cavalos e organiza treks de montanha no verão, e somou experiências marcantes como a 5ª posição obtida com Nani Roma em 2021, após um convite de última hora. Em 2026, com Chicherit afastado das pistas devido aos seus negócios, o francês abraça a 18ª participação no Dakar, regressando ao lado de Dumas numa operação que descreve como um “Dakar à antiga”, com estrutura reduzida e noites em tenda partilhadas com os mecânicos quando os hotéis estiverem fora de alcance.
Ford Raptor e ambições desportivas para 2026
Winocq admite ter passado apenas dois dias na oficina de Dumas para preparar o carro, mas relativiza essa limitação com a experiência acumulada ao lado de diferentes pilotos e programas intermitentes ao longo da carreira. O Ford Raptor é, diz, uma máquina que aprecia particularmente, pela semelhança conceptual com os Trophy Truck: motor V8, grandes cursos de suspensão, traseira bem assente e elevado conforto em piso degradado, num pacote que considera “fácil de tomar em mãos”.
Realista, o navegador reconhece que a dupla não estará ao nível das formações oficiais para disputar a vitória absoluta, mas acredita que poderá “brilhar em algumas especiais” e mostrar o seu valor sempre que o traçado não seja demasiado duna‑dependente, recordando que Dumas já provou ser capaz de andar na frente com um carro competitivo em pisos mais rápidos. Com a competitividade dos carros Ultimate muito próxima desde há três anos, Winocq vê espaço para que equipas satélite apareçam nos primeiros lugares em determinadas etapas, valorizando uma abordagem desportivamente aberta e a atmosfera familiar de uma estrutura pequena, em contraste com os meios dos programas oficiais.
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