O que muda no Dakar 2023

Por a 18 Dezembro 2022 19:55

O Dakar de 2023 tem, como sempre, várias novidades regulamentares, mas este ano as diferenças não são tão grandes quanto o foram no ano passado. Ainda assim há alterações de monta. Este é o segundo ano em que a prova é a primeira de cinco eventos do novo Mundial de Todo o Terreno. Mais à frente pode ficar a conhecer as principais alterações técnicas e desportivas.

Está à porta mais um Dakar, o terceiro consecutivo na Arábia Saudita. A prova tem algumas mudanças nos regulamentos, sendo que os pilotos de motos receberão um Road Book digital, como já aconteceu nos automóveis e camiões. O ASO acrescentou que não haverá secções neutras para os concorrentes nas subdivisões T1 e T2 na categoria de carros, com os concorrentes a fazerem a especial sem pausas. Mas há muito mais…

A novidade mais importante em termos de regulamentos passa pelo facto da ASO ter decidido introduzir um sistema de compensação, de modo a que a equipa que vença uma etapa num dia, não seja tão prejudicada no seguinte por abrir a estrada.

A ideia passa por atribuir bónus em tempo para quem rodar na frente da etapa, até ao primeiro ponto de reabastecimento que costuma ser, mais ou menos a 200 km da partida da etapa. Assim, a equipa que rodar na frente recebe um bónus de 1,5 segundos por quilómetro, o segundo um segundo por quilómetro e o terceiro 0,5 segundos por quilómetro.

Portanto, quem arrancar na frente, a cada quilómetro que passe, ‘recebe’ um bónus de 0.5s face ao concorrente logo atrás de si. Isto vai obrigar a quem rode atrás queira passar para a frente do seu adversário direto o mais depressa possível e isto aplica-se somente aos primeiros 200 km de cada etapa. Muitas vezes se via que, quem partia à frente, tinha muito mais dificuldades com a navegação, porque não tem marcas, mas desta forma, não perde tudo, tem o bónus a cada quilómetro.

Um detalhe que vai dar bem mais dores de cabeça aos concorrentes é o facto da validação dos WPS passa a ser 30 metros em vez de 90, e a validação dos WPC, será de 300 metros em vez de 200. Ou seja, os navegadores têm que ser mais precisos.

Equivalência de Tecnologia

Assegurar ao máximo igualdade de condições é uma questão recorrente no Dakar, em que os amadores correm junto dos profissionais. Este ano, numa tentativa de criar um ambiente ainda mais justo e aberto, os regulamentos do Dakar foram alterados com novas disposições técnicas para os carros, em forma de Equivalência de Tecnologia e bónus de tempo.

A pedido dos fabricantes envolvidos no Campeonato do Mundo de Rally-Raids, a ‘Equivalência de Tecnologia’, que é aplicável aos veículos inscritos nas classes T1.U e T1+, permitirá ajustar, se necessário, o nível de aceleração durante as provas como o Dakar.

Este sistema destina-se a permitir uma maior equidade desportiva entre carros de diferentes designs de engenharia, e desse modo limitar a escalada de custos.

Bónus de tempo nas Motos

Até este ano, as regras que determinam a posição de partida dos pilotos de motos têm habitualmente um efeito de montanha-russa que ‘castiga’ o vencedor da etapa anterior com a árdua tarefa de abrir a estrada. Para garantir mais equidade, foi implementado um sistema de compensação para recompensar quem anda na frente. Em praticamente todas as etapas, a transmissão instantânea dos tempos de passagem nos CP entre o início da especial e a paragem de reabastecimento (cerca de 200 km em média) determinará quais os pilotos que estiveram na frente e esses receberam os seguintes bónus de tempo: 1.5 s/km para o primeiro; 1.0 s/km para o segundo; e 0.5 s/km para o terceiro. Exemplo: se o piloto que arrancou em primeiro abrir a estrada durante 200 quilómetros, receberá um bónus de 300s (ou seja, 5 minutos), enquanto que o segundo receberá 200 s (3m20s) e o terceiro receberá 100s (1m40s). Isto fará com que rodar à frente seja menos penalizador, porque há bónus de tempo nos primeiros 200 Km.

Também na segurança há mudanças nas motos. As ‘slow zones’ continuam e reforçam-se, haverá um limite de velocidade de 160 km/h nas categorias RallyGP e Rally2. Mantêm-se as áreas de reabastecimento como ‘safety zones’ para descanso dos concorrentes. Contudo, aí só se pode mexer no Road-Book e verificar o funcionamento do airbag. E claro, há combustível, água e comida de substituição…

Original by Motul: só se pode vencer uma vez

Há uma alteração importante na categoria Original by Motul. como se sabe é uma competição para motociclistas que fazem a escolha consciente de enfrentar o Dakar em ‘modo difícil’. Contudo, agora, a fasquia de admissão a este ‘clube selecionado’ está ainda mais elevada. Os motociclistas que tenham ganho corridas de alto nível ou que tenham sido pilotos profissionais não poderão correr na categoria ‘Original’. Naturalmente, todos os que desejarem podem correr sem assistência, seguir o mesmo ‘modo de vida’ e até mesmo servir como Embaixadores Motul. Noutra mudança pensada para favorecer os pilotos amadores, os antigos vencedores da categoria deixarão de ser elegíveis para a vitória na corrida.

Privados (exploradores) premiados

Na edição de 2022 foi realizada uma experiência em que se exigia um intervalo de 20 minutos na paragem de reabastecimento para todas as equipas dos autos. No entanto, os benefícios mínimos em termos de recuperação foram ofuscados pela exploração desta regra para fins estratégicos, o que vai contra o espírito do desporto.

Por exemplo, a pausa permitiu obterem-se informações sobre os desempenhos dos seus rivais. Como resultado, os autos das categorias T1 e T2 passam a ter apenas uma curta neutralização técnica, antes de retomar a competição. Os carros das categorias T3 e T4 continuarão a parar durante 20 minutos, para encher os depósitos.

Será concedido aos pilotos dos carros da frente o estatuto ‘Prata’, ‘Ouro, ou ‘Platina’ com base nas suas atuações em edições anteriores do Dakar e outros grandes eventos de TT.

Lá mais atrás a competição floresce também graças ao dinamismo e empenho das equipas que se situam um pouco mais abaixo na classificação pelo que este ano será atribuído um prémio à melhor dupla entre os ‘exploradores’, uma categoria que inclui todos os pilotos sem um dos três estatutos acima mencionados.

Era digital chega para todos

O tempo dos navegadores a perderem horas a marcar road books acabou o ano passado para os Autos e Camiões! Neste Dakar 2023, o road book eletrónico estende-se também às motos. No ano passado, a visão para a navegação no Dakar foi renovada desde que as cores foram acrescentadas ao road book e, desde então, a decisão de não os distribuir até pouco antes do início dos especiais, tornou-se a regra geral. Na edição de 2022, ‘tablets’, uma versão digital dos road books, fizeram a sua estreia nos cockpits das equipas, numa ferramenta que substituiu os road books físicos para todos os concorrentes.

Agora, neste Dakar 2023, finalmente desaparece o papel para todos, e em todas as categorias haverá road book digital. Vários pilotos de topo já o testaram, e as motos vão tê-lo também no Dakar 2023.

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
últimas Autosport Exclusivo
últimas Autosport
autosport-exclusivo
últimas Automais
autosport-exclusivo
Ativar notificações? Sim Não, obrigado