Gintas Petrus/José Marques (MD Petrus Racing Team): “Caminho foi muito duro e difícil”

Por a 13 Janeiro 2024 17:10

Gintas Petrus/José Marques (MD Petrus Racing Team) terminaram a primeira semana do Dakar no 49º lugar da geral. Falta ainda um pouco para alcançar ou suplantar o 36º posto de 2021, mas a continuarem assim, vão consegui-lo. José Marques, fez o balanço a primeira semana de prova para o AutoSport: “Chegámos ao tão desejado dia de descanso do Rali Dakar 2024. O caminho até cá foi muito longo, mas mais significativo do que isso, foi muito duro e difícil: “A organização já tinha avisado que esta edição do Dakar ia ser mais difícil do que as anteriores. Com a criação da classe T1+ que trouxe um aumento do curso das suspensões e o aumento do tamanho das rodas, o nível dos carros da frente subiu exponencialmente, tendo tornado os percursos tradicionais do rali, num verdadeiro passeio para os carros apoiados pelas equipas oficiais.

O ritmo é de tal maneira elevado, quase sempre a fundo, que a organização viu-se obrigada a escolher percursos cada vez mais duros e difíceis, passando mesmo a haver dezenas de km contínuos de puro trial.

Este ano as passagens das dunas, nomeadamente na etapa das 48 horas, foram muito mais difíceis do que no ano passado. É claro que com esse aumento de dificuldade, quem saiu mais prejudicado foram as equipas privadas do agrupamento T1 agora chamada de Ultimate e os carros do agrupamento T2 que passaram ser Stock.

Os T3 e T4 agora com a designação de Challenger e SSV respetivamente, mantiveram a grande vantagem no mau piso e nas dunas, que já tinham em relação aos tradicionais T1.

O nosso rali começou com um prólogo cauteloso, sem arriscar absolutamente nada mas com andamento rápido o suficiente para não comprometer o resultado.

Na primeira etapa que se anunciava já muito difícil, com os 414 km de especial onde apanhamos 130 km de trial com pedra vulcânica, onde inevitavelmente furamos, pela segunda vez, já após um primeiro furo logo nos km iniciais. Foi uma especial muito longa, mais de 6 horas com os últimos 60 km a serem feitos de noite, um verdadeiro pesadelo para a navegação, que se dia quando se vê todas as pistas já é muito difícil, à noite torna-se quase impossível.

Mas seguindo rigorosamente os rumos e as distâncias lá viemos a passo de caracol, sempre no caminho certo. Os dois furos condicionaram o nosso andamento e tivemos de vir mais devagar nos últimos 200 km.

A segunda etapa deste Dakar levou-nos por pistas extraordinárias, paisagens espetaculares e longos cordões de dunas altas e difíceis, até parecia que estávamos na Mauritânia. Fizemos uma etapa limpa com apenas um pequeno atascanço no topo de uma duna, onde perdemos uns minutos, mas antes uns minutos no topo da duna do que umas horas de rodas para o ar na sua base, pois é muito fácil passar a crista da duna com demasiada velocidade, saltar e em seguida, aterrar de bico e capotar. Tivemos 2 transfers para evitar passar em 2 parques naturais onde ainda vivem gazelas em liberdade.

Terceira etapa, etapa maratona, ou antes etapa meia maratona, pois tivemos duas horas de assistência logo a seguir ao final da especial. Depois fizemos uma ligação de 170 km já de noite, até um bivouac da Dechatlon pois é o único tipo de tenda que se vê, com exceção de umas tendas especiais para algumas equipas também especiais. Em resumo, esta terceira etapa do Dakar, não teve grande história.

Andámos praticamente sempre no pó de outros concorrentes, após um furo logo ao km 13. Imagino que as paisagens fossem fantásticas, mas nós não víamos um palmo à frente do nariz. Só nas dunas podemos andar à vontade, mas mesmo assim ainda parámos uma vez.

No dia seguinte, a etapa número 4, embora mais curta, não foi necessariamente mais fácil; 200 km de ligação no início e mais 200 km no final, totalizando 400 km de ligação para fazer 300 de especial… enfim, é o Dakar.

Neste segundo dia da etapa maratona tivemos uma especial sem grande interesse, com excepção dos últimos 25 km, que foram feitos em dunas nível 1 e 2, mas bastante técnicas e com passagens difíceis. A primeira parte foi muitíssimo rápida, com constantes mudanças de direção a dificultar muito a navegação. A nós correu-nos muito bem e subimos algumas posições.

Para a quinta etapa tivemos de fazer uma ligação para sul de 508 km para fazer uma especial de 118 km, que mesmo assim ainda teve um transfer de 9 km para evitar algumas dunas perigosas, o que na minha opinião não se justificou.

Foi uma etapa sem grandes aventuras, onde regressou uma avaria que já tínhamos tido no rali de Marrocos. Uma das duas ventoinhas do radiador do líquido de refrigeração do motor, parava de funcionar, o que provocava um aumento súbito da temperatura do motor. A solução que encontrei, foi com o meu canivete forçar a ventoinha para um lado e para o outro, de modo a voltar a funcionar, e o facto é que até agora funcionou sempre. Apesar de termos montado uma nova para este Dakar, a avaria já voltou a acontecer mais vezes. Na segunda parte da especial, quando entrámos nas dunas maiores, o Gintas ficou mal disposto e tivemos de vir mais devagar”, escreveu José Marques.

Os últimos dois dias e duas noites, foram passados no Empty Quarter, primeiro em bivouac onde a internet não funcionava e depois no deserto mais profundo, no meio de dunas gigantescas com centenas de metros de altura, onde não existe mesmo nada, nem sinal GSM.

Foi um descanso, sobretudo na última noite, passada de baixo de um bilião de estrelas, que só no deserto é possível ver. Chegámos mesmo ao fechar do controlo que nos obrigava a parar para passar a noite, a organização deu-nos uma tenda e um saco cama, 6 litros de água, uma ração de combate e um saco de lenha. Juntamos-nos com outras equipas e motards que iam chegando, montámos as tendas, acendemos as fogueiras e aquecemos umas latas de comida, foi dos melhores jantares que já tivemos.

Ficámos à volta das fogueiras a contar as histórias e aventuras do dia, até o sono aparecer. Todos com quem falámos, gostaram muito desta experiência e acham que deve ser repetida na próxima edição. Foi quase como um regressar às origens do Dakar, todos os concorrentes sozinhos, por conta própria a ajudarem-se uns aos outros. Regressámos cansados e felizes por termos superado o Empty Quarter, mas muito satisfeitos de o ver pelas costas. Entregámos o carro à assistência no bivouac de Shubaytah e viemos de avião para Riad (800 km).

Hoje é o dia de descanso para os concorrentes mas não para os mecânicos, que têm de reconstruir motas, carros e camiões para mais 6 etapas que, de acordo com quem fez o roadbook, não vão ser mais fáceis do que as da primeira semana”, escreveu José Marques.

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