Entrevista a João Ferreira: “O objetivo é claro, lutar pela vitória…”
João Ferreira parte para o Dakar 2026 com a ambição clara de lutar pela vitória à geral, depois de um período de adaptação bem-sucedida à Toyota Hilux T1+. Numa longa conversa do AutoSport com o piloto, fica clara a ambição de ir à procura do sucesso, mesmo sabendo que numa prova da dimensão e dificuldade do Rali Dakar, nada pode ser dado como garantido.
João Ferreira considera concluída a fase de adaptação à Toyota Hilux T1+, garante sentir-se “muito confortável” com o carro e destaca o papel decisivo da equipa na rapidez dessa aprendizagem, depois de uma transição exigente em relação ao Mini, com diferenças marcantes de filosofia de engenharia, distribuição de peso e comportamento na ‘estrada’.
Ao nível competitivo, assume que o principal ajuste foi mental: deixar de pensar em somar apenas vitórias de etapa para passar a focar-se em ganhar ralis, apontando ao Dakar 2026 com um objetivo declarado de lutar pela vitória à geral, apoiado na experiência da equipa, na navegação de Filipe Palmeiro e numa abordagem mais madura à gestão de risco, pneus, esforço físico e ritmo diário.
No plano humano, sublinha a importância do trabalho de equipa na navegação, da calma perante erros ou furos e de uma disciplina rígida na recuperação física e mental, aconselhando quem se estreia no Dakar a desfrutar da experiência, a resistir à tentação de “ganhar todos os dias” e a evitar o erro típico de querer recuperar, de imediato e a qualquer custo, o tempo perdido.

AS: Disseste, logo após a troca para a Toyota que a forma de conduzir da Hilux era completamente diferente, mas que ainda precisavas de horas ao volante para atingir o mesmo ritmo que já tinhas no Mini. Provavelmente já ultrapassaste isso, pois na altura disseste também que o carro era fácil de conduzir. Como é que estás agora?
João Ferreira: “Estamos bem. A equipa tem facilitado muito esta aprendizagem. Já fizemos muitos quilómetros de corrida e de testes, portanto já nos sentimos muito confortáveis com o Toyota e acho que seria mau dizer que não consegui encontrar um ritmo certo, depois de algum sucesso que tivemos já este ano. Portanto, todos os quilómetros são importantes, mas acho que estamos bem preparados para o Dakar.”
AS: É muito diferente o Mini do Toyota, a condução?
JF: “Sim, é bastante diferente. Eu também tive, se calhar, um choque maior, porque apesar de ter feito grande parte dos quilómetros de desenvolvimento do Mini da X-Raid a gasolina, fiz muitos mais quilómetros com o motor diesel, obviamente, ao longo dos anos. Portanto, se calhar o choque foi maior porque mudei de carro, mudei de motor, foi tudo assim misturado e, portanto, tendo em conta isso o choque foi maior. Mas, de facto, são dois grandes carros, com provas dadas, ambos, maneiras muito, muito diferentes de conduzir e filosofias de engenharia completamente diferentes. O Mini tem dois amortecedores por roda, o Toyota só tem um.
Portanto, logo isso difere um bocado, a distribuição de peso é completamente diferente… mas são dois excelentes carros e não tenho dúvida que os dois, muito bem conduzidos, conseguem andar nos lugares cimeiros.”

AS: Para além da condução do carro, como é que tem sido o trabalho com a equipa? Uma equipa nova, são sempre coisas diferentes…
JF: “Sim, são coisas diferentes, de facto, mas estou muito contente com a performance do carro, e também muito contente com a equipa, pois apesar de terem ganho o Dakar este ano, e terem, digamos, o carro dominador do todo-o-terreno nos últimos cinco ou mais anos, querem e continuam a trabalhar muito.
Todos os dias querem trabalhar, têm a facilidade de fazer tudo nas instalações da SVR na África do Sul, em Joanesburgo. Portanto, alguma ideia que tenhamos ou que queiramos experimentar, é esperar um dia ou dois que esteja fabricado, podemos ir testar e, portanto, o trabalho é feito muito mais depressa e muito mais assertivo.
E volto a reforçar que, para mim, o mais importante é que querem evoluir, querem mais, querem ganhar, não querem simplesmente ficar onde já estão. Portanto, é muito bom ter uma equipa motivada assim ao nosso lado.”
AS: Houve uma coisa que logo a seguir ao Rally Raid Portugal me ficou na memória. Disseste, quando conversámos, que tinhas que começar a ganhar corridas e não somente ganhar etapas ou ser mais rápido nos parciais. Tinhas que reajustar aqui uma coisa ou duas. Quais são essas coisas?
JF: “Sim, são aspetos relacionados apenas e exclusivamente com o piloto. No Rally Raid Portugal tínhamos um carro excelente, vencemos duas etapas, andámos num ritmo sempre muito forte, mesmo no penúltimo dia que desistimos íamos à frente do setor. OK, talvez porque tínhamos a estrada mais bem marcada, tínhamos mais facilidades em relação aos demais, mas o carro estava excelente, o navegador um trabalho excelente como sempre.
Portanto, esses problemas foram problemas meus, e acho que – Deus queira que não – mas erros e acidentes todos temos. Mas acho que já ajustei aqui o mindset para o que é necessário, para tentar vencer corridas do campeonato do mundo. Vamos ver se as coisas correm bem.
Aliás, acho que consegui começar a pôr em prática em Marrocos. Acho que fizemos o Rally de Marrocos, mesmo com um ligeiro problema, um rali muito forte, acabámos em quarto lugar muitíssimo próximo do pódio e, portanto, acho que já temos aqui o mindset ajustado para o Dakar, espero eu.”
AS: Posto isto, que objetivos é que levas para o Dakar?
JF: “O objetivo é claro, lutar pela vitória. Como te disse, naquela célebre história do Rally Raid, que já chega de ganhar etapas ou parciais, há que começar a ganhar corridas e o Dakar é uma delas. Apesar de ser uma corrida muito especial, já vou para o meu quarto Dakar, já conheço a prova. Apesar de no Dakar nunca conhecermos bem as condições, já sei qual é o ritmo. Tenho uma equipa com muitíssima experiência, a equipa vencedora, um navegador com muita experiência e, portanto, tudo irei fazer para tentar lutar pela vitória do Dakar.
Mas não sei, é uma prova que tem muitos fatores externos que nos podem dificultar a vida, mas vamos ver o que é que consigo fazer. Mas sem dúvida alguma que o objetivo é esse.”

AS: Isso entronca na próxima pergunta: a navegação do Dakar tem-se tornado cada vez mais complicada, muitas ‘armadilhas’, rasteiras para travar o ritmo. Houve alguma etapa no último ano em que a experiência do Filipe (Palmeiro) em antecipar uma armadilha de roadbook te salvou de perder horas, onde outros eventualmente mais rápidos ou menos astutos tenham caído? Tens alguma história dessas?
JF: “Sim, sem dúvida. A navegação no Dakar é sempre difícil, não há etapas fáceis. Nós o ano passado chegámos a abrir pista e, quando chegámos àquela célebre nota que o roadbook estava mal, éramos dos primeiros carros. Infelizmente tivemos ali muito, muito tempo, assim como todos os outros concorrentes.
Mas é um trabalho de equipa que tem que ser feito. Muitas vezes as pessoas dizem que a culpa é do piloto ou a culpa é do navegador.
Sim, é o trabalho dele a navegação, mas nós também temos que lhe facilitar o trabalho. Portanto, acho que a navegação começa a perceber-se agora que é mais um trabalho de equipa do que um trabalho simplesmente do navegador. Mas sem dúvida que ter um navegador como o Filipe Palmeiro ao meu lado é muito bom, e dá-me um bom conforto e tenho a certeza que 99% das vezes ele está no caminho certo.”
AS: O Filipe (Palmeiro) já viu de tudo no Dakar. Quando têm momentos de tensão – e é óbvio que eles vão aparecendo – quando se perde, por exemplo, um waypoint ou se está preso numa duna, qual é a primeira coisa que ele te diz? Como é que a experiência dele trava a tua, digamos, impetuosidade natural de piloto? Tu deves querer logo começar a recuperar o tempo, mas ele tem outra experiência…
JF: “Uma das muitas coisas que o Filipe cedo me explicou foi mesmo isso: não é por termos perdido 20 minutos ou meia hora, ou o que quer que seja, que vamos conseguir recuperar esse tempo. Recuperamos no máximo, se calhar, um minuto ou dois, e a cometer grandes excessos. E se cometermos outro erro, perdemos mais uma hora.
Portanto, é voltar à mesma toada, ao registo forte e aceitar que nesse dia foi um dia para perder e sobreviver para o dia seguinte. O Dakar é muito longo, nem toda a gente – ou mesmo ninguém – consegue fazer um Dakar perfeito as etapas todas, portanto é sobreviver, para mais um dia, para voltarmos à luta no dia seguinte.”
AS: Agora que já tens a experiência de um Dakar completo com o T1+, com o Mini, depois dos outros dois que fizeste com os SSV, comparado com os dois que fizeste com os SSV, onde é que o corpo sofre mais? É no bater seco das vibrações do SSV ou forças G, por exemplo, da travagem e do peso do T1+ que deixam marcas diferentes?
JF: “Sem dúvida alguma que se sofre muito mais fisicamente num T1+. Obviamente os SSV têm a questão do frio nas ligações e da chuva, mas tirando isso, se olharmos só para a resistência muscular e condição física, no T1+ sofre-se muitíssimo mais.”
AS: E em termos de conforto, a Toyota comparada, por exemplo, com o Mini?
JF: “São bastante diferentes. Isso depende muito… eu antes tinha uma opinião que achava o Mini muito duro, mas acho que isso depois vai muito também do setup que cada piloto tem. Eu gosto do carro sempre um bocado mais rígido, outros pilotos gostam do carro mais macio, portanto acho que dá para todos os gostos.”

AS: Em termos de furos. Sabemos que a gestão dos pneus é obviamente muito importante numa prova destas. Como a questão dos eventuais furos muda a tua agressividade em determinadas zonas da corrida?
JF:“Sim, o fator dos furos dita muito o andamento porque, se ficarmos sem pneus sobressalentes a meio da etapa, não conseguimos ir a lado nenhum. É importante tentar adotar uma estratégia, um andamento seguro a andar depressa, cauteloso. É de facto um tipo de piso muito traiçoeiro, mas vamos ver. Também nunca andei em zonas de muita pedra com a Toyota. De facto, o Mini o ano passado, etapas de furos dificultaram-nos um bocado a vida, mas estou confiante que sendo um piloto mais maduro, acho que vamos, espero eu, ter menos problemas com os furos este ano.”
AS: Tiveste muitos furos na prova (Dakar) passada?
JF: “Não é tanto a quantidade de furos que tivemos, não sei se tive cinco furos, não é por aí, a questão é nas etapas que foram. Depois o ritmo tem que baixar muito, porque não temos pneus sobressalentes e, portanto, perdemos a confiança, perdemos tudo. Portanto, é mais por aí, não é tanto pela quantidade, nem sei se tive sequer cinco furos no Dakar…”
AS: Falemos um bocado da gestão do desgaste físico e mental. As pessoas falam muito na difícil segunda semana no Dakar. Na tua experiência destas três edições, em que dia ou etapa é que o cérebro começa a ficar mais lento? Ou seja, existe um muro mental por volta do dia 8 ou 9 onde o foco diminui e os erros podem começar a acontecer com mais facilidade?
JF: “Obviamente, com o passar de tantos dias de Dakar e tanto stress e tantas horas dentro do carro, o cansaço vai-se acumulando, cansaço físico e mental. Mas também é para isso que nós andamos o ano todo a trabalhar no físico. A parte da mente é importante não tentar dramatizar muito os maus momentos, e tentar não celebrar demasiado os bons momentos, como vencer uma etapa ou um resultado positivo. É importante mantermos sempre o mesmo registo mental.
Para mim, ou na minha opinião, é importante mantermos sempre o mesmo registo e nunca celebrar demasiado o Dakar porque uma vez ensinaram-me: quando sorrimos muito ao Dakar, no dia a seguir dá asneira.
E, portanto, é manter sempre o mesmo registo, a mesma mentalidade, que a corrida é longa, sabemos que muita coisa pode acontecer. A nível físico, é tentarmos alimentar-nos da melhor forma e, em conjunto com uma grande preparação física que fizemos o ano todo, tentar minimizar ou estarmos o mais saudáveis possível do início ao fim.”
AS: E como é que geres o sono e a recuperação nos dias em que chegas mais tarde ao acampamento, eventualmente à noite? Tu preferes sacrificar, por exemplo, o briefing ou o jantar para dormir mais uma hora ou a rotina é sagrada?
JF: “Obviamente que é muito importante o descanso. É também muito importante, se tivermos algum dia mau – o que, espero, não vai acontecer este Dakar, em 2026 vamos ter todos os dias muitíssimo bons e bastante positivos, estou confiante – é importante chegarmos, fazermos um curto briefing com a equipa a explicar o que aconteceu, o que esteve mal, qual é que é a ideia para o dia seguinte, jantarmos e termos o merecido descanso.
Porque se calhar estávamos ali antes uma hora no briefing a falar calmamente e, dadas estas condições de chegarmos tarde e tudo, tentamos apressar um bocado a ‘coisa’ para irmos o mais cedo possível para a cama porque, como disse, todos os dias é um dia diferente e, portanto, no dia seguinte podemos ter um bom dia…”
AS: Toda a gente vê as imagens espetaculares das dunas, mas há aquela parte chata e dolorosa das duas semanas que ninguém mostra, que são as ligações de 500 km, por exemplo, o muito frio da manhã, o barulho constante dos geradores no acampamento… Como é que se ultrapassa esse tédio sem perder o foco para a corrida?
JF: “Sim, a parte das ligações, sim, é chato. Se bem que eu tento fazê-las eu todas, fazer o meu trabalho, digamos assim. Acho que o Filipe Palmeiro o ano passado só fez parte de uma ligação, nada de especial. Mas isso é encarar, que é para aquilo que nós vamos ao Dakar, já sabíamos das dificuldades antes de ir. Portanto, é o que é.
Quanto ao barulho no bivouac, eu levo sempre uns tampões para os ouvidos, para dormir melhor. Portanto meto-os e quase nunca ouço nada. Cada piloto há-de ter as suas técnicas para conseguir descansar da melhor forma possível.”
AS: A gestão mecânica no Dakar é quase um jogo de xadrez. Qual é a sensação de ter que andar a, por exemplo, 80% do potencial do carro para garantir que o carro não cai em armadilhas e isso, quando sabes que tens ritmo para andar a 100%? É a decisão mais difícil que tens de tomar todos os dias, é?
JF: “Não é uma decisão do momento. Acho que é uma decisão que temos que tomar antes de o rali começar. Percebemos que obviamente, se calhar, há dias que andamos a 50% ou a 80%, mas acho que depois isso depende da gestão de cada piloto e de cada equipa. Mas sim, sem dúvida que temos que andar com uma toada muito mais conservadora porque o deserto é muito traiçoeiro, muita coisa pode acontecer e, portanto, há que tentar ser o mais conservador possível e mesmo assim às vezes as coisas acontecem.”
AS: Por falar em deserto, o ‘Empty Quarter’ e as etapas de 48 horas introduziram uma nova dinâmica de isolamento. Quando estás nessas etapas maratona, sem assistência, a dormir no deserto, sentes que a vossa ligação como dupla se fortalece ou o cansaço fala mais alto e é descansar o mais possível?
JF: “Sim, passamos muito tempo juntos, obviamente que fortalece sempre a relação, mas nessas alturas é tratar do carro o mais depressa possível e tentarmos descansar, termos uma boa refeição, dentro do possível, para no dia a seguir estarmos frescos novamente.”
AS: Nesses dias conseguem descansar mais ou menos que nos outros que têm etapas normais?
JF: “Depende. Este ano por acaso tivemos uma boa noite sem quaisquer problemas, portanto deu para descansar se calhar igualmente com condições menos confortáveis, mas deu para descansar igualmente bem.
AS: Outro exemplo: quando eventualmente se tem que sair mais atrás no dia seguinte ou atrasaste-te devido a um furo que tiveste ou a um problema no dia anterior, isso coloca-te no meio do pó dos carros mais lentos ou dos camiões, por exemplo. Como é que lidas com a frustração de querer ser mais rápido de quem vai à tua frente, mas ter o cuidado extra desse tipo de situações? Como é que se atua aí? Arrisca-se ponderadamente ou é quanto mais depressa melhor?
JF: “Não, temos que ser muito ponderados, especialmente nessas situações, porque podemos deitar tudo a perder para tentar ganhar ali 10, 30, 40 segundos. Portanto, há que saber ultrapassar nas alturas certas, tirar o pé quando o risco é maior também. Essa é uma gestão que temos de ir fazendo sempre…”
AS: Agora para terminar, vais falar como um ‘veterano’. Com três Dakar no currículo e uma evolução notável que toda a gente conhece, o que é que tu dirias hoje a um miúdo, como já foste há bem pouco tempo, que se estreava no seu primeiro Dakar? E qual foi o erro de principiante que juraste que nunca mais irias cometer?
JF: “O conselho que dava era desfrutar de cada segundo daquela experiência porque nunca sabemos quando é que podemos lá voltar, ou se é uma oportunidade única. E o que eu diria é ter calma, não é necessário ganhar todos os dias para termos um bom resultado final. Acho que as pessoas têm sempre aquela ideia de ganhar etapas, ganhar etapas… Isso não é importante, o que importa é ganhar o rali no final.”
AS: Lembras-te do erro de principiante que juraste nunca mais irias cometer?
JF: “Se calhar termos um furo, ou alguma outra coisa e depois tentar recuperar o tempo. Talvez seja isso…”
FOTOS Rui Miguel Pedrosa/CM Leiria e Toyota Gazoo Racing South Africa
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