Dakar: Sainz ‘premeia’ Audi, Loeb a si e à BRX, ou ganha o Brasil?

Por a 15 Janeiro 2024 09:43

“Fizemos uma boa etapa”, foi o que disse Sébastien Loeb no final da etapa de ontem, mas o francês estava enganado pois fez uma etapa soberba, deixando toda a gente surpreendida, a começar pelo líder do Rali Dakar, Carlos Sainz, pois uma prestação como a que teve Loeb, só é possível em alguns pilotos. Loeb é um deles.

O piloto do BRX, que abriu a estrada, beneficiou dos problemas de Ekström para subir ao segundo lugar da geral, mas a verdade é que se aproximou fortemente de Carlos Sainz. “Não houve grandes erros. A navegação foi muito complicada. Éramos o primeiro carro, por isso… Tivemos de fazer a linha, mas às vezes é melhor, porque estávamos realmente concentrados no nosso trabalho e eu estava a esforçar-me muito, tentando ser muito conscientes nas partes de navegação complicadas, e fizemo-lo muito bem.”

No regresso à competição depois do dia de descanso, na estrada de Riade para Al Duwadimi, com uns impressionantes 874 km, havia muito espaço para manter as coisas interessantes nesta jornada épica, especialmente na secção cronometrada de 483 km.

Quer fosse a atravessar desfiladeiros, a percorrer troços fora de pista ou a enfrentar o coração das dunas, os participantes tinham de ser um pau para toda a obra neste dia. Sébastien Loeb abriu a estrada e nunca mais olhou para trás, produzindo um desempenho virtuoso para conquistar a vitória pela terceira vez este ano e aumentar a pressão sobre Carlos Sainz.

Quanto mais nos aproximamos do desfecho do Dakar, mais ele fica envolto em suspense. As reviravoltas de M. Night Shyamalan estão longe de ser garantidas, mas a edição de 2024 parece feita à medida do inesperado.

Na Etapa 7, Mattias Ekström foi ‘expulso’ do pódio provisório, que continua a ser dominado por Carlos Sainz, mas por quanto tempo? Sébastien Loeb é um homem que tem a missão de assumir o primeiro lugar: conseguiu a sua terceira vitória da época, e subiu ao segundo lugar da geral, a 19 minutos do topo. Embora o espanhol seja um osso duro de roer, a sombra que se aproxima do nove vezes campeão mundial de ralis deve estar a causar-lhe arrepios na espinha. Nestas circunstâncias, Lucas Moraes, o segundo piloto mais rápido de hoje e o rival mais próximo de Loeb na geral, ainda pode alimentar a esperança de ganhar o rali se um pequeno milagre acontecer pelo caminho.

Na classe Challenger, a desclassificação dos Goczal por infração ao Regulamento Técnico da FIA deu a Mitch Guthrie uma clara vantagem na liderança, com Cristina Gutiérrez e “Chaleco” López a 33 e 40 minutos de distância, respetivamente. Nos SSV, João Ferreira venceu a etapa, com Xavier de Soultrait a subir na classificação. Por fim, na corrida de camiões, Martin Macík obteve a sua terceira vitória consecutiva e aumentou a sua vantagem sobre o checo Aleš Loprais para uma hora e meia.

Quem pode ter ainda um Dakar de sonho?

Para além de Carlos Sainz, que a vencer oferece o primeiro e único triunfo à Audi, ou Sébastien Loeb, que se vencer se estreia a fazê-lo, bem como a BRX Prodrive, há outro piloto que pode ser a surpresa que temos guardada.

Quando Lucas Moraes terminou no pódio do seu primeiro Dakar no ano passado, o brasileiro tornou-se o primeiro estreante a entrar no top 3 da corrida de automóveis desde que Juha Kankkunen venceu em 1988.

Foi o resultado de um nível de consistência impressionante para um novato. Ajudado pela auto-eliminação dos candidatos ao pódio final, o brasileiro surgiu sem fazer muitas ondas.

Catapultado para o papel de piloto de fábrica da Toyota Gazoo Racing ao lado de Seth Quintero, sem participar em qualquer evento de aquecimento no calendário W2RC em 2023, Moraes foi uma das variáveis na equação do Dakar 2024.

Depois de passar três dias em quarto lugar na geral após as etapas 3, 4 e 6, Moraes abriu agora as portas do pódio, registando uma hora de atraso em relação a Sainz neste momento.

Claro, ele beneficiou do fracasso de Mattias Ekström… numa repetição da mesma estratégia que usou no ano passado para sobreviver à guerra de atrito e subir à ribalta.

Este ano, o brasileiro continua o seu carnaval, ainda com um samba um passo à frente do seu ritmo do ano passado. À sua frente, os carros alegóricos de Sainz e Loeb continuam a dar forma, tocando um pouco mais alto, mas uma nota errada deles pode marcar o palco do seu desfile anual.

Qualquer um dos atuais três primeiros que vença este Dakar, seria fantástico. Sainz a oferecê-lo à Audi, Loeb a si próprio e à equipa, em estreia, e Lucas Moraes, aos nossos irmãos brasileiros.

FOTO A. Vincent / DPPI Images / A.S.O

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