Dakar, Pedro Mello Breyner: “Os SSV são uma máquina surpreendente, e penso que poderão criar algumas surpresas…”

Por a 4 Janeiro 2018 06:56

Pedro Mello Breyner e Pedro Velosa entram para a história do Dakar ao tonarem-se na primeira dupla portuguesa a correr nos SxS. Em 1982 os portugueses estrearam-se nos autos com os míticos UMM, em 1991 foi a vez de Antonio Lopes se estrear nas motos, nos camiões foi Cristóvão Leitão em 1994 e na edição de 2000, Ricardo Leal dos Santos foi o primeiro português a aventurar-se de Quad. Agora, a edição de 2018 marcará a estreia portuguesa na categoria de SxS, a mais recente disciplina do Dakar. Pedro de Melo Breyner e Pedro Velosa disputarão o próximo Dakar aos comandos de um Yamaha YXZ 1000 R da equipa de Camelia Liparoti:

“Desde há muitos anos que sonhava em participar no Dakar e este convite da Camelia Liparoti para integrar a sua equipa desatou-se o nó que faltava para concretizar este projeto. Estou motivadíssimo, aliás, como sempre nos grandes projetos em que me envolvi ao nível dos desportos motorizados”, começou por dizer Pedro de Mello Breyner, piloto que tem uma longa carreira desportiva em provas nacionais e internacionais, onde se incluem uma vitória nas 24 Horas de Fronteira de 2003, um título de vice-campeão absoluto de TT e de T2 em 1998, duas passagens pelas míticas 24 Horas de Le Mans de 97 e 99 com um pódio em GT2 na estreia, um título europeu de protótipos no VdeV, uma longa e profícua passagem pelo Campeonato de Espanha de GT e ultimamente uma estreia fantástica com pódio em LPM2 no Estoril: “Nesta minha primeira participação tenho como objectivo principal chegar ao fim; estou preparado para encarar esta prova com humildade e muita serenidade, pois trata-se do mais longo e duro rally TT do mundo. O maior adversário vai ser o percurso, as suas dificuldades e armadilhas ao longo dos 14 dias, mas penso que a minha grande experiência na competição, é um trunfo e sei que me vai ajudar bastante; poupar a mecânica vai ser muito importante de forma a permitir estar sempre a rolar e manter um ritmo constante. Estar integrado na equipa da Camelia Liparoti e ter o Pedro Velosa ao meu lado deixa-me muito confiante para levar o Yamaha YXZ 1000 R a Cordoba”, referiu.

Já Pedro Velosa, para além de três participações no Dakar regista no seu currículo um título de campeão nacional absoluto TT em 2012, conta também com dois anos de passagem pela X-Raid e diversas provas internacionais feitas como piloto de moto, por seu lado não está menos entusiasmado: “Será o meu quarto Dakar, mas este terá seguramente um sabor muito especial por toda a novidade de uma estreia numa disciplina que está a ter um sucesso fantástico em Portugal. Estou certo de que vai ser uma grande aventura” disse.

A dupla tem vindo a preparar-se nos últimos meses, e esteve inclusivamente nas areias do deserto do Sahara em Marrocos, para o necessário contacto com a areia e dunas, que vão surgir muitas vezes na frente dos concorrentes nesta 40ª Edição do Dakar. A equipa que participa com #370 nos flancos do Yamaha andou pelas dunas de Merzouga:

“Este foi o meu primeiro contacto com as dunas e não podia ter corrido melhor! Foram dois dias intensos onde tive a possibilidade de experimentar diferentes situações que vou encontrar na prova. Uma vez que era o meu primeiro contacto com as dunas, pedi ao Pedro Velosa para fazer um trabalho gradual em termos de dificuldades. Fomos inicialmente para dunas mais pequenas, onde fui ‘entrando’ e experimentando. Depois passámos para dunas maiores, e durante o primeiro dia ficámos por dunas pequenas e médias, mas logo nessa tarde optámos por enfrentar dunas maiores, as do tipo que vamos enfrentar no Perú, especialmente nos primeiros cinco dias de Dakar. Fomos para dunas bastante maiores, onde estivemos dia e meio, e foi um teste muito proveitoso, diria mesmo fundamental porque é exatamente o que vamos apanhar no Perú. Foi ótimo, correu bem em todos os aspetos, com o carro, com o treino, enfim, tudo. Apanhámos situações de todos os tipos de luz, por exemplo a meio do dia é muito difícil andar nas dunas porque não há sombras e sem elas, referências visuais. Põe-se a questão da visibilidade e dez vez em quando caíamos numa duna e eu dizia para Pedro, olha caímos, não vi esta. Esse é mais um aspeto da aprendizagem, este tipo de armadilhas” disse Pedro de Mello Breyner, que em Portugal foi rodando com o SxS da Franco Sport:

“Tive oportunidade de ter o carro cá em Portugal, foi a minha primeira experiência condução de um SSV idêntico ao que vou ter no Dakar. A Franco Sport disponibilizou-me um carro e assistência para acompanhar os treinos – e quero agradecer desde já essa disponibilidade – em Portugal e esse foi o meu primeiro contacto com este tipo de carro. O Yamaha portou-se lindamente, sem qualquer tipo de problema, fiz muitos quilómetros em troços tradicionais, senti-me bem, cómodo, preocupei-me com esse detalhe da comodidade, porque isso vai fazer diferença no Dakar, pois as etapas são muito longas e temos que estar muito cómodos. A partir daí fizemos o nosso trabalho em condições ótimas, foi excelente, apanhei lama, seco, andei à chuva e experimentei vários tipos de pneu, gostei muito, andei num ritmo que penso que terei de andar no Dakar, mas também tive oportunidade de rodar mais rápido, pois pode ser preciso fazê-lo na reta final do Dakar e por isso essa situação também já está ‘verificada’. Enfim, é uma máquina completamente diferente, diria mesmo surpreendente. Mais leve, sobretudo em termos de areia, penso que os SSV poderão criar algumas surpresas, no meio do pelotão dos jipes, logo nos primeiro cinco dias pois o carro tem um desempenho fantástico nas dunas. Depois do dia de descanso para a frente vai ser mais duro, vai rodar-se noutro tipo de terreno” concluiu Pedro de Mello Breyner, pronto para a dura experiência do Dakar.

Pedro Velosa é um navegador experiente, e não podia ser doutra forma para Pedro de Mello Breyner. Será, certamente, uma enorme ajuda para o piloto, e será dele boa parte da responsabilidade da boa prova que a dupla pode fazer: “Foram três dias intensivos de testes, a grande dúvida era os testes na areia, pois não tínhamos qualquer tipo de experiência, mas a verdade é que a adaptação do Pedro a condução nas dunas foi boa e o balanço é muito positivo” começou por dizer Velosa, cuja expetativa para a prova é alta: “Vamos ter muitas cautelas na fase inicial, nesta categoria há ainda muito por desenvolver e perceber a fiabilidade destes automóveis, neste tipo de prova como o Dakar. Penso que podemos ter uma pequena vantagem com este SSV, porque o carro tem uma facilidade enorme de andar na areia, é muito diferente de um carro ‘normal’ e isso deixou-nos contentes e por isso antevemos esses primeiros cinco dias com uma pequena vantagem dos SSV. Mas de qualquer forma temos que impor uma toada muito calma, porque sabemos que estes carros podem ser ainda muito frágeis, vamos ter, pelo menos na primeira semana, de andar com o carro ao colo, e não olhar muito para os tempos. Pensar na prova dia a dia. Isso é o mais importante” disse Velosa, que está contente com a rápida adaptação do ‘seu’ piloto:

“O Pedro fez uma adaptação excelente, é um piloto que já acompanho desde a minha infância, fez um percurso extraordinário, é um bom piloto, e adaptou-se muito bem à areia, tem muita sensibilidade no carro, e uma das suas vantagens é a preparação psicológica, pois está preparado para encarar este Dakar duma forma muito calma e muito tranquila” concluiu Pedro Velosa, que parte para o seu quarto Dakar para uma experiência diferente. Luis Engeitado é o mecânico de ‘serviço’ da equipa, e portanto, nesse aspeto, é mais um detalhe que contribui para que tudo possa correr às mil maravilhas…

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