Dakar 2008: O dia mais difícil da vida de Etienne Lavigne

Por a 3 Janeiro 2018 14:03

Há dez anos, desde o início da tarde de quinta-feira que a inquietação tomva conta de toda a caravana. O comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, desaconselhando os seus cidadãos a descolarem-se à Mauritânia, caiu que nem uma bomba no Centro Cultural de Belém, lançando a incerteza sobre o fruto da prova.

À noite, as opiniões ainda se dividiam, embora poucos acreditassem que o maior rali do mundo pudesse mesmo vir a ser cancelado. Até que a meio da manhã de sexta-feira as dúvidas começaram a dissipar-se e o inquietante rumor passou a dominar todas as conversas. Os sinais começavam a ser claros: cerca das 10h15, a Organização manda suspender as verificações e, quase em simultâneo, convoca os jornalistas para uma conferência de imprensa extraordinária, no auditório principal do CCB.

Alguns minutos depois do meio-dia, Etienne Lavigne, o director do Dakar, entra cabisbaixo numa sala apinhada de gente para divulgar a pior notícia possível: “Obrigado pela vossa presença. Tenho uma triste notícia para vos dar. Infelizmente, o Euromilhões Lisboa-Dakar 2008 não arrancará”. E passou a ler o comunicado, que abaixo transcrevemos na íntegra.

Lido este, Etienne Lavigne arriscou apenas mais umas palavras, antes de se retirar da sala. “Sois a lenda, os heróis do Dakar. Esta história ainda não terminou. Peço que acreditem que o Dakar se mantém. Marcamos encontro para 2009”. Os aplausos no final da intervenção marcaram o sentimento geral, mesmo se soaram a qualquer coisa estranha. Afinal, não eram condizentes com a tristeza escrita nos rostos de cada um.

Comunicado

“Após inúmeros contactos com o governo francês – em particular o Ministério dos Negócios Estrangeiros – e tendo em conta as suas fortes recomendações, os organizadores do Dakar tomaram a decisão de anular a edição 2008 da prova, que deveria decorrer entre 5 e 20 do corrente mês, ligando Lisboa à capital do Senegal. Tendo em conta as actuais situações de tensão politica, a nível internacional, o assassinato de quatro turistas franceses, no passado dia 24 de Dezembro, atribuído a um ramo do Al-Qaeda, no Magreb islâmico e, acima de tudo, as ameaças directas lançadas contra a prova por movimentos terroristas, a A.S.O. não pode tomar outra decisão que não seja a anulação da prova.

A primeira responsabilidade da A.S.O. é a de garantir a segurança de todos: populações dos países atravessados, concorrentes amadores e profissionais, sejam eles franceses ou estrangeiros, elementos da assistência técnica, jornalistas, patrocinadores e colaboradores do rali. A ASO reafirma que as questões de segurança não estão, não estiveram, nem nunca estarão em causa no rali Dakar.

A A.S.O. condena a ameaça terrorista que anula um ano de trabalho, de inscrições e de paixão para todos os participantes e diferentes actores do maior rali do mundo. Consciente da imensa frustração, vivida, em particular, em Portugal, Marrocos, Mauritânia e Senegal, bem como entre todos os nossos fiéis parceiros, para lá da decepção geral e das pesadas consequência económicas, em termos de retorno directo e indirecto, para os países atravessados, a A.S.O. continuará a defender os valores que caracterizam os grandes acontecimentos desportivos e prosseguirá com a mesma determinação o desenvolvimento das suas acções humanitárias, através das Actions Dakar, implantadas depois de cinco anos em África subsaariana com o SOS Sahel Internacional.

O Dakar é um símbolo e nada pode destruir os símbolos. A anulação da edição 2008 não coloca em causa o futuro do Dakar. Propor, em 2009, uma nova aventura a todos os amantes do rali é um desafio que a ASO irá assumir nos próximos meses, fiel à sua presença e paixão pelo desporto”.

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pedrososport-1
pedrososport-1
6 anos atrás

Quando quiserem saber o que se passou por quem lá andou é só ouvir o outro lado da história aqui contada pelo Editor da Revista TT, o Sr. Alexandre Correia

http://revistatt.pt/expedicoes/conversa-na-madrugada/

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