João Ferreira na luta pelo título Europeu de Bajas: “confiantes e com vontade de lutar pela vitória”

Por a 25 Agosto 2022 10:19

Quem diria há alguns meses que João Ferreira e David Monteiro estariam neste momento na luta pelo triunfo na Taça Europeia de Bajas e na liderança do CPTT, isto quando faltam, respetivamente, uma prova (Taça da Europa) e três (CPTT).

Com o Mini JCW Rally da X-Raid, assistido pela ARC Sport, a dupla tem tido um ano fantástico, com resultados que nem o próprio piloto esperava, mas a verdade é que a todos surpreendeu e agora vai à luta.

A Baja Polónia realiza-se de 1 a 4 de setembro, o principal adversário é o polaco Michal Maluszynski, que ‘joga’ em casa, mas está tudo em aberto e a dupla lusa já mostrou que pode perfeitamente obter os pontos que os levem ao título europeu.

A uma semana do arranque da prova, conversámos um pouco com o piloto que está motivado para lutar pelos títulos, sabendo de antemão que o que fez até este momento está bem acima do que esperava para este seu ano de estreia com o Mini, e apenas o segundo nos competitivos T1. Pode dizer que foi chegar, ver…e agora vai trabalhar para vencer.

Aproxima-se a Baja Polónia, vais lutar na Polónia com o Michal Maluszynski, apesar do maior conhecimento dele no traçado, estás confiante para ir à luta?

“Sem dúvida que o facto de o Michal conhecer melhor o tipo de terreno e de traçado, dificulta-nos um bocado o nosso trabalho, mas apesar disso estamos confiantes e com vontade de lutar pela vitória.

Temos também o shakedown da corrida para nos adaptarmos ao terreno e às condições, o apoio da ARC Sport e da X-Raid que, com o conhecimento que ambos têm, será mais fácil adaptar-me a essas condições.”

Tens alguma ideia do tipo de terreno que vais encontrar, podes fazer algum eventual paralelo com Portugal?

“A prova costuma ter percursos muito arenosos, num terreno muito idêntico ao da Baja ACP, portanto também já temos alguma experiência nessas condições…”

Que balanço fazes do teu ano ‘internacional’?

“Penso que o balanço tem sido positivo. Estamos a lutar pelo lugar mais alto do pódio na Taça Europeia de Bajas, conseguimos vencer a corrida em Itália, fizemos terceiro lugar na Hungria e o sexto lugar na Extremadura.

Na Baja Aragón, apesar de não termos conseguido terminar a prova devido a um problema de alternador, conseguimos andar no Top 5 no primeiro Setor Seletivo, o que demonstra que estávamos com um andamento forte…”

Foi pena o azar na Baja TT Dehesa Extremadura…

“Sim estávamos a atacar. Fizemos segundo lugar no prólogo e decidimos partir em primeiro lugar para a etapa, que era muito difícil em termos de navegação.

A poucos quilómetros do fim perdemo-nos, e quando íamos a tentar recuperar o máximo tempo possível, numa curva deixei escorregar o carro, e fomos embater no muro e capotámos. Foi pena…”

Como é encarar provas totalmente novas para ti? Que tipo de desafios tiveste em cada uma das provas que realizaste?

“Encaro-as sempre com alguma cautela. Em Portugal, apesar das pistas não serem iguais de um ano para o outro, o tipo de pisos que apanhamos são sempre muito semelhantes e portanto sabemos sempre com que contar.

Em provas completamente novas para mim, como vai ser o caso da Polónia, como foi a Baja Itália e a Baja Hungria, nunca sabemos bem o tipo de terreno…

Mas agora sei que são sempre terrenos muito diferentes dos nossos, em Itália havia muita pedra, na Hungria era um piso muito duro com muitos buracos perigosos, e na Polónia espera-se uma prova bastante arenosa…”

Ter um CPTT tão bom e equilibrado, certamente ajuda-te a encarar as provas internacionais com maior confiança?

“Sim, o nosso campeonato é extremamente competitivo, e portanto apesar de estar a competir numa taça a nível Europeu, o ritmo dos meus adversários não é superior ao ritmo que é imposto pelos pilotos portugueses no CPTT.

Achas que se os pilotos que estão a lutar contigo no topo do CPTT, todos eles lutariam para ser campeões na Taça Europeia de Bajas?

Penso que sim. As corridas nem sempre correm como queremos, há quase sempre imprevistos, mas penso que os pilotos portugueses que lutam comigo em Portugal, também lutariam pela vitória na Taça Europeia de Bajas…”

A tua rápida ligação ao Mini parece ter surpreendido muita gente, inclusivamente a nós. Como se deu, como chegaste ao ponto onde estás agora em termos de andamento?

“Confesso que esta rápida adaptação também me surpreendeu a mim. Mas o MINI é um carro que transmite muita confiança e segurança a andar, portanto senti-me sempre confortável em tentar ‘sacar’ o máximo que consigo do carro.

Obviamente que há ‘feelings’ que cada piloto tem que ganhar, porque nem todos os estilos de condução são iguais; mas o facto de ter o meu pai (Paulo Ferreira) que é um piloto com muitíssima experiência, o Ricardo Porém (que considero o melhor piloto da sua geração e dos melhores pilotos a nível Nacional), o Jorge Monteiro que transmite toda o seu conhecimento ao David Monteiro, ter uma equipa super profissional e com muito ‘Know-How’ como a ARC Sport e sempre apoiada pela X-Raid, são uma grande ajuda no processo de aprendizagem.”

Estás bem posicionado na Taça Europeia de Bajas, e ainda melhor no CPTT. Faz-nos o balanço do teu ano no CPTT…

“O balanço do CPTT é incrível, nunca pensei no meu quarto ano neste desporto, segundo ano na categoria T1, a estrear um carro, que estaria a lutar por vitórias em corridas e quem sabe, lutar pelo título de Campeão Nacional.

Estamos com três vitórias e um segundo lugar, portanto o balanço é muito positivo e só tenho a agradecer a todos que me apoiam…”

Sentes algum tipo de pressão para chegar ao título? No princípio do ano nem sequer ponderavas poder estar nesta luta, ou já pensavas poder acontecer?

“Não sinto qualquer tipo de pressão. Nunca esperava lutar pelo título de Campeão Nacional este ano, portanto o resultado final que vier é bastante positivo.

Os outros pilotos são bastantes mais experientes que eu, alguns até têm mais anos de corridas do que eu tenho de vida…”

Tens duas pessoas que certamente têm sido muito importantes na tua evolução como piloto, o teu pai (ndr, Paulo Rui Ferreira) e o Ricardo Porém. Fala-me um pouco do significado que tem tido para ti cada um deles…

“Sem dúvida, que se hoje sou o piloto que sou, uma grandíssima parte devo-lhes a eles.

O meu pai, para além de todo o apoio monetário, apoia-me muito a nível emocional.

Sempre que as corridas correm menos bem, está lá para me apoiar e ensinar para tentar não voltar a cometer os mesmos erros.

O Ricardo Porém, apesar de ser dos melhores, ou o melhor piloto de todo-terreno nacional, é um grande amigo que tem me dado um apoio incondicional; está presente em todas as minhas corridas e nos treinos, sempre a ensinar-me tudo o que sabe.”

Quais são os teus objetivos futuros em termos de TT, o que gostavas que pudesse acontecer independentemente das condições que possas ou não ter para lá chegar? Suponho que o Dakar te inspire?

“Obviamente que os objetivos deste ano passam por tentar sermos Campeões Nacionais e vencermos a Taça Europeia de Bajas. E também tenho o sonho de um dia de fazer o Dakar, mas acho que é um sonho que ainda está muito longe…”

ARC Sport tem sido o parceiro perfeito

Como se sabe, nenhum piloto chega a vitórias e título se atrás de si não tiver uma estrutura de excelência, que proporcione às duplas que assistem um carro nas melhores condições possíveis para a luta pelos melhores resultados.

É isso que sucede com a ARC Sport, que apesar de, historicamente ser mais ligada aos ralis, tem na sua história um longa e quase contínuo vínculo ao TT, tal como nos diz Augusto Ramiro, um dos homens fortes da ARC Sport: “Na realidade o TT faz parte do ADN da ARC Sport. Desde 2004 que estamos ativos no TT, com algumas épocas ‘sabáticas’ pelo meio, mas sempre com vontade de evoluir nesta modalidade. Desde a participação em Troféus Nacionais Monomarca até à participação em provas de Campeonato do Mundo já fizemos um pouco de tudo no TT, faltando a participação em grandes Maratonas como o Dakar.

Nos troféus destacam-se alguns bons resultados e vice vencedores do Troféu Thomaz Mello Breyner, com o Pedro Patrocínio e a mais recente vitória no Troféu Mazda com o João Pais. Nos T1, vários projetos, uns mais pontuais que outros onde foi um orgulho trabalhar com António Mendes, Fernando André, Ricardo Leal dos Santos, Hélder Oliveira, Miguel Casaca, Filipe Nascimento e Paulo Ferreira.

No presente, Manuel Correia e João Ferreira são os pilotos com participações mais assíduas.

O ano de 2022 está a ser um desafio principalmente a nível logístico, devido à participação em dois campeonatos (nacional e europeu) onde por vezes o tempo entre provas é muito curto.

Com organização e devida preparação temos conseguido ultrapassar esses desafios. O binómio pilotos/máquina (João Ferreira e David Monteiro / MINI John Cooper Works Rally) em conjunto com o profissionalismo e empenho dos nossos homens e mulheres, e a excelente relação com a X-Raid, permitiu atingir um nível qualitativo que nos colocou na luta pelos dois campeonatos.”

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