Baja Portalegre 500: o regresso de Ricardo Porém

Por a 28 Outubro 2022 10:00

Ricardo Porém tem estado um pouco ausente das corridas, mas este fim de semana marca presença na 36ª edição da Baja Portalegre 500, um evento em que detém o recorde de quatro triunfos consecutivos, entre 2014 e 2017, regressando este ano com uma Volkswagen Amarok. O piloto de Leiria tem a oportunidade de igualar o recorde de cinco triunfos de Filipe Campos na clássica alentejana. Não será fácil, face ao plantel de grandes pilotos e máquinas presentes, mas possível, pois a Baja de Portalegre é quase sempre um evento extremamente aberto onde tudo pode suceder.

Em 2014 o piloto de Leiria fez um “dois em um”, venceu em Portalegre e foi campeão no CPTT: “É um autêntico dois em um: Vencer em Portalegre e ser campeão” Foi com estas palavras e sem esconder a extrema emoção em que se encontrava, que Ricardo Porém nos fez na altura o balanço da sua primeira vitória em Portalegre, num evento em que lutou metro a metro com Miguel Barbosa. O piloto do MINI All4 Racing assegurou a conquista do título e ao mesmo tempo estreou-se a vencer à geral na clássica alentejana. Um triunfo difícil depois de uma prova que não começou bem, mas terminou em beleza: “na parte da manhã, as coisas não correram da melhor forma, um erro fez-me perder vários minutos e pensei que estava tudo perdido. Mas não desisti de lutar, tentei anular a diferença, sabia que de manhã havia menos pó e era mais fácil atacar, e de tarde foi atacar e tentar gerir o andamento para não cometer erros. No último quilómetro tentei manter a cabeça fria, agora obviamente estou muito feliz, era algo que sonhava desde pequeno. Tudo isto é resultado de um esforço grande que já vinha muito de trás e que se concretizou agora com a conquista do título. Estou muito feliz e dedico este triunfo a todos os que me acompanharam e que acreditaram que era possível sermos campeões. É uma sensação única! Estou nas nuvens”, disse, aquando do seu primeiro triunfo em Portalegre.

No ano seguinte, 2015, a segunda, regressando às vitórias, depois de dominar por completo a prova do ACP, terminando com mais de dez minutos de avanço sobre o segundo classificado, Miguel Barbosa: “Não sei explicar os sentimentos que tenho, mas estou obviamente muito feliz. O ano passado (2014) consegui a primeira vitória, este ano a segunda. Foi um ano foi muito difícil, não competimos no início da época, mas depois as coisas não correram como nós queríamos. Na segunda metade da época percebemos que já não existia possibilidade de lutar pelo título em Portugal, por isso montámos um projeto internacional, fomos ao Rali de Marrocos, Portalegre e antes Idanha para ganhar ritmo”. Acima de tudo, voltamos a dar uma mostra do nosso valor. Diverti-me muito ao longo de toda a corrida, consegui impôr o meu ritmo desde o início e isso permitiu-me não apenas rolar sem percalços, como gerir o esforço numa corrida muito dura e altamente exigente para a mecânica dos carros. Estou muito contente por este triunfo, ainda mais em Portalegre, prova que é, claramente, uma das minhas preferidas. Voltar a vencer aqui tem um sabor muito especial” disse.

Em 2016, novo triunfo: “sábado foi um dia duro, andámos ali a discutir ao segundo. No domingo de manhã as coisas também não estavam a ser fáceis para nós. Andávamos muito juntos e eu estava a abrir a pista, e por isso não tinha marcas nenhumas, mas conseguimos depois impor o nosso ritmo e já terminámos com alguma vantagem”, revelou ao AutoSport, adiantando ainda que foi quando começou a apanhar “terreno mais aberto” que conseguiu colocar toda a sua experiência nesta prova.

Não foi preciso apertar, foi apenas controlar porque qualquer erro poderia pagar-se caro e deitar tudo a perder, e estou muito feliz, mesmo. É um sonho que eu tinha. A primeira vez foi vencer o Portalegre, e agora consegui-lo por três vezes consecutivas e fazer o que nunca ninguém fez em 30 edições deixa-me completamente radiante”, disse.

Pelos vistos para Ricardo Porém, não há duas sem três, nem três… sem quatro, com o triunfo de 2017, o quarto consecutivo: “Foi uma corrida muito dura. Nunca fiz uma corrida em que os pisos estivessem tão duros. Tivemos de fazer uma gestão muito cuidada da mecânica e dos pneus. Nós estamos limitados a usar oito pneus para esta imensidão de quilómetros e a gestão teve de ser muito cuidada. Foi uma corrida de inteligência e de gestão para conseguir chegar à vitória. Nós queremos dar sempre o melhor e na sexta, o prólogo, era no sentido contrário. Há anos que fazemos o tradicional prólogo. Idealizei a coisa menos bem. No setor da tarde vinha com o João (Ramos) a discutir a literalmente ao segundo. Ora estava ele um segundo à frente, ora estava eu e tive uma saída feia.

Graças a Deus que tinha uma estrelinha para me proteger e não teve consequências de maior a não ser o tempo que perdi. No sábado era a verdadeira prova.

O João era um adversário forte e um dos pilotos que podia discutir a vitória. Obviamente que ao vê-lo parado as coisas ficaram um pouco mais tranquilas. No entanto, havia pilotos que vinham bastante rápidos. Acabei por furar e o Alejandro ficou muito próximo de mim. Ele acabou por também ter problemas e as coisas ficaram um pouco mais fáceis. No entanto, qualquer coisa que me pudesse acontecer, o Guiga (Spinelli) também estava muito em cima. Cinco ou seis minutos não é muito para qualquer problema mecânico que possa surgir e tive de me empenhar do primeiro ao último quilómetro.”

Agora, os tempos são outros, mas a simples presença de Ricardo Porém é uma grande mais valia para a prova. A seu lado vai ter uma nova navegadora, a alemã Annett Fischer, uma (também) fisioterapeuta desportiva que trabalha para a X-Raid desde 2012, já já correu no Dakar como piloto, nos SSV, com Andrea Peterhansel, ao lado. Depois de guiar, mudou-se para o banco do lado direito, ao lado de Camelia Liparoti obtendo um segundo lugar na classe de protótipos leves (T3) no Dakar 2021.

Neste último Dakar esteve ao lado de Annie Seel.

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