GP de Singapura de F1: Pérez irrepreensível nas asneiras de Verstappen

Por a 3 Outubro 2022 17:49

Sérgio Pérez esteve irrepreensível e venceu o Grande Prémio de Singapura num dia em que Max Verstappen cometeu erros que o deixaram longe do pódio e de selar o título de 2022.

Não era fácil a Max Verstappen sair de Singapura, já, Campeão do Mundo de F1, os pressupostos eram muito especiais, mas o neerlandês poderia tornar-se em Marina Bay Bicampeão Mundial e, para isso, era primordial que se triunfasse no décimo sétimo evento da temporada e esperar que Charles Leclerc e o seu colega de equipa tivessem corridas aquém das suas expectativas – no fundo era altamente improvável que acontecesse.

Esperava-se que a Ferrari estivesse mais forte em Singapura, e até a Mercedes, mas ninguém ousaria apostar contra Verstappen, tal o domínio que tem vindo a evidenciar desde pouco antes da pausa de Verão.

No entanto, com uma qualificação disputada com a pista molhada e tendência a secar, o holandês e a Red Bull começaram a colecionar erros.

Na Q3, numa situação em que poderia assegurar a pole-position, Verstappen foi cometendo pequenas ‘faltas pessoais’, levando a que a equipa lhe aconselhasse a abortar voltas sucessivas.

Porém, os responsáveis da formação de Milton Keynes não levaram em consideração o nível de combustível que o carro número 1 levava a bordo e, quando Verstappen realizava uma derradeira volta lançada que lhe poderia permitir conquistar a pole-position, foi obrigado a abortá-la uma vez mais e rumar de imediato às boxes, sob pena de ficar sem carburante e arriscar a desclassificação.

Leclerc ficava assim na melhor posição da grelha de partida, seguido de Pérez e de Lewis Hamilton, que perdiam menos de um décimo de segundo para o piloto da Ferrari, ao passo que Verstappen era obrigado a alinhar no oitavo lugar.

No dia da prova a chuva voltou a ser um factor, com a prova a ser atrasada em uma hora e cinco minutos devido à bátega de água que afligiu Marina Bay.

No entanto, quando a prova teve o seu início, os pneus escolhidos eram os intermédios, havendo a certeza de que a pista, mais tarde ou mais cedo, permitiria o uso de slicks.

O arranque dos dois pilotos da Red Bull foi diametralmente oposto – Pérez, com uma partida perfeita, lançou-se para o comando, ao ultrapassar Leclerc, ao passo que Verstappen via o motor do seu monolugar embrulhar-se, caindo para décimo segundo, vendo-se ainda envolvido em alguns momentos quentes com Kevin Magnussen.

Enquanto o holandês tentava recuperar do seu mau arranque, o mexicano levava nos seus espelhos Leclerc, rodando estes dois pilotos num ritmo que mais ninguém conseguia replicar.

Porém, na oitava volta, a vantagem de mais de seis segundos que ostentavam para Carlos Sainz, que suplantara Hamilton no arranque, evaporava-se com o abandono de Guanyu Zhou, que parava em pista com danos causados por um toque de Nicholas Latifi, tendo o Safety-Car entrado em pista.

No recomeço, três voltas depois, Pérez e Leclerc mostravam-se uma vez mais num nível a parte, reconstruindo rapidamente uma vantagem confortável para os seus perseguidores, porém, começava a verificar-se um ligeiro ascendente do piloto da Red Bull, que ia abrindo paulatinamente uma vantagem para o monegasco que superaria os dois segundos.

Uma vez mais, a superior capacidade do carro de Milton Keynes em gerir os pneus dava os seus frutos.

A ideia que ficava era que o Ferrari conseguia mais rapidamente colocar as borrachas na temperatura correcta de funcionamento, mas também exigia mais delas, o que deixava Leclerc em desvantagem face ao seu adversário à medida que as voltas iam passando.

Até ao momento em que os slicks poderiam ser usados na pista de Marina Bay, estavam completadas trinta e três voltas, a vantagem de Pérez para Leclerc crescia até aos 2,6s.

Porém, contando com a capacidade de o F1-75 em fazer funcionar os pneus mais depressa que o Red Bull, a Ferrari chamou o seu piloto na volta seguinte, na tentativa de fazer o ‘undercut’.

No entanto, o processo começou a correr mal, quando na entrada da sua boxe, que ainda estava molhada, Leclerc deixou escorrer em demasia o seu monolugar, ultrapassando ligeiramente o local onde deveria trocar de pneus – foi o suficiente para que em vez dos normais 2,5s, a operação tenha levado 5s.

Percebendo a situação, a Red Bull chamou imediatamente Pérez às boxes, mantendo assim o comando e com uma vantagem superior a sete segundos.

Mas com os pneus mais quentes que o seu adversário, esperava-se que, pelo menos, Leclerc se pudesse aproximar do comandante.

A tarefa do monegasco ficaria facilitada, quando Yuki Tsunoda saiu de pista, na trigésima sétima volta, o que precipitou a entrada em pista do Safety-Car.

No escape do mexicano e com a capacidade do Ferrari em aquecer mais depressa os seus pneus, esta seria a oportunidade de ouro de Leclerc para subir ao comando.

A corrida voltou a ser reactivada na quadragésima volta e o monegasco imediatamente começou a pressionar visivelmente o mexicano. A causa do piloto da Ferrari seria ainda fortalecida quando a direcção de prova decidiu, finalmente, permitir o uso do DRS.

Ao longo de oito voltas, Leclerc foi uma ameaça real ao comando de Pérez, rodando consistentemente a menos de um segundo deste. Contudo, o piloto da Red Bull, apesar de alguns pequenos erros, nunca se colocou em posição de sofrer um verdadeiro ataque, tendo sido antes o seu perseguidor a deixar escorregar o carro numa curva, o que o deixou fora da zona de DRS.

A partir daí, Leclerc nunca mais conseguiu recuperar, contentando-se com o segundo lugar, deixando Pérez caminhar para a sua quarta vitória na Fórmula 1, com uma prestação irrepreensível, ao passo que Verstappen assinava diversas trapalhadas.

Numa das situações, quando tentava ser mais esperto que Lando Norris, durante uma situação de Safety-Car Virtual, teve de travar a fundo para não ultrapassar o inglês e assim incorrer numa penalização.

Mais tarde, na quando o Safety-Car abandonou a pista, ao tentar suplantar o piloto da McLaren, travou numa zona húmida, bloqueando as rodas e seguiu para uma escapatória.

Como resultado teve de parar pela segunda vez nas boxes, caindo para trás de Hamilton e Sebastian Vettel.

Na tentativa de ultrapassar o alemão, o inglês, que já tinha batido e passado pelas boxes para trocar o nariz dos seu Mercedes, errou e viu-se suplantado pelo seu arqui-rival. Este conseguiria ainda passar o piloto da Aston Martin, vendo a bandeira de xadrez num desapontante sétimo lugar.

A corrida de Sainz foi bem menos atribulada que a do seu ex-colega de equipa, mas nunca mostrou o ritmo de Leclerc, cruzando a linha de meta num distante terceiro posto.

FIGURA: Sérgio Pérez

Numa pista difícil e com Leclerc no seu encalço, ávido de regressar aos triunfos, o mexicano esteve ao seu melhor nível, não cometendo erros e absorvendo toda a pressão que lhe foi dirigida pelo piloto da Ferrari.

Depois de um período sem brilho, e com a anunciada chegada de de Vries à Alpha Tauri para ameaçar o seu lugar na Red Bull, esta era a melhor reposta que Pérez poderia dar, mas tem agora de manter este nível de prestações na corridas que faltam.

MOMENTO: Arranque

Ao ascender ao comando logo no arranque, Pérez pôde gerir a prova da forma que mais lhe agradava, conseguindo manter o comando quando Leclerc parecia ter uma vantagem de pneus, para depois distanciar-se quando tinha borrachas em melhor forma. Sem a boa partida, dificilmente o mexicano conseguiria vencer em Singapura.

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