CRÓNICA: Não há festa como esta

Por a 26 Novembro 2017 09:25

As emoções da participação nas 24 Horas TT Vila de Fronteira narradas pelo único piloto que alinhou em todas as 19 edições, Rui Cardoso.

Antes da primeira edição das 24 Horas TT Vila de Fronteira, pensadas e criadas pelo saudoso José Megre, ainda houve uma prova anterior, em Soure, em 1996. Chovia que Deus a dava, o traçado tinha TT puro e duro com alguns lamaçais de respeito e um corta-fogo que nem sempre se conseguia subir à primeira. O meu UMM chegou ao fim, já com a cabeça do motor estalada e a deitar muito fumo branco na última volta. Pelo vidro aberto ouvi um espectador gritar: “Olha que partes o motor” e eu respondi-lhe: “Já parti e agora o que é que eu faço”?

Nas primeiras 24 horas em Fronteira, no ano seguinte, o carro que já era velhinho partiu a bainha do eixo da frente a meia-dúzia de voltas do fim. Soldámos a bainha, “matámos” o diferencial e fomos para as últimas voltas em 4×2 com pneus cardados atrás, acompanhados por um Lada Niva, guiado pelo Fernando Branco que estava completamente cambado e outro UMM tão desgraçado como o nosso. Apoiámo-nos uns aos outros e chorámos de alegria ao ver as bandeiras dos comissários a agitarem-se na última volta. Ainda me lembro do título da crónica que escrevi no Expresso: “O comboio dos duros..”

19 participações são outras tantas malas de recordações. Lembro-me de anos com chuva, em que já não se conseguia passar pelas ribeiras e se ia pelas pontes alternativas mas, às tantas, a saída das pontes estava tão lavrada que tinha mesmo que se passar as linhas de água, em primeira a fundo e com a corrente a querer levar-nos a frente do carro.

Também me lembro de um ano com tanto nevoeiro que para se passar o Rio Grande, na principal zona espectáculo, havia dois carros da organização com os rotativos ligados, um em cada extremo do vau e nós apontávamos devagar de uma luz para a outra, como os pescadores a entrarem num porto de madrugada.

E depois, claro há o público. Esse público extraordinário que vem de todo o lado, passa frio e fome mas não arreda pé e forma uma magnífica moldura humana noite e dia. Às vezes bem nos atrapalham a leitura da pista com as luzes dos jipes deles mas que seria do desporto se não houvesse público? Lembro-me uma vez com o limpa vidros avariado, parei junto a um grupo altas horas da noite e pedi para me limparem o pára-brisas. Já bem bebidos disseram: “Não temos águas, só cerveja”. E eu respondi: “Limpa que vai dar ao mesmo”. O pior foi o cheiro até à box…

Por Rui Cardoso

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