WRC, Rali de Monza: Sébastien Ogier campeão…vezes oito!

Por a 21 Novembro 2021 12:12

A oitava maravilha de Sébastien Ogier e Julien Ingrassia! A dupla venceu o Rali de Monza e chancelou da melhor forma o seu oitavo título mundial de ralis. É caso para dizer que a Catedral de Monza teve ainda mais encanto na hora da despedida. Elfyn Evans bem tentou, mas foi apenas 2º, com Dani Sordo no pódio, como melhor dos Hyundai. A Toyota confirmou o título de Construtores. Agora venha 2022.

Cai o pano não só sobre o Mundial de Ralis de 2021 mas também sobre uma era de fantásticos World Rally Cars, os melhores e mais rápidos da história de 50 edições do WRC. Sébastien Ogier e Julien Ingrassia (Toyota Yaris WRC), colocam um ponto final na sua carreira a tempo inteiro nos ralis, e também na sua vitoriosa ligação. 

A dupla não precisava de vencer em Monza, mas um super-piloto como o francês não se contenta com menos do que ser o melhor, sempre, e veio para Itália não só para chancelar o título, algo que tinha facilitado, mas não garantido. Assegurou o seu quinto triunfo da temporada, o nono da Toyota Gazoo Racing WRT em 12 ralis, face aos três da Hyundai Shell Mobis WRT. 

Não foi fácil para Sébastien Ogier vencer este rali. O gráfico da prova teve uma ‘arritmia’ incrível entre a 5ª e 13ª especial, com a liderança a mudar seis vezes. Pensava-se que Ogier vinha para esta prova com cautelas, nada arriscando, mas isso é para outros, não para Ogier. Nem sequer se lhe serviu de ‘emenda’ o que sucedeu o ano passado nesta mesma prova, quando Evans tinha a faca e quase todo o queijo na mão… até que o deixou cair.

Este ano era Ogier. Mas não deixou cair nada, comeu o queijo todo, ainda que tenha passado o rali todo a lutar por ele.

No primeiro dia, venceu três das primeiras quatro especiais, escorregadias e com muito nevoeiro, até que problemas de travões permitiram a Evans passar para a frente. No segundo, encetou uma fantástica luta com Evans, mas sempre a dizer que não estava a arriscar, simplesmente a rodar.

Só aí a liderança mudou cinco vezes em seis especiais, com Ogier a chegar ao fim do segundo dia 0.5s na frente de Evans. Os Hyundai já tinham ficado para trás há  muito, era uma luta exclusiva da Toyota.

O terceiro lugar bastava a Ogier, mas não tirou o pé. Admitiu que estava ainda a correr menos riscos, mas pelos vistos esse seu nível fica ainda acima dos adversários. Logicamente, com este seu triunfo, assegura o oitavo título, e a 54ª vitória da sua carreira no WRC.

Grande Evans

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota Yaris WRC) foram segundos e pelo segundo ano consecutivo levaram a luta até ao último dia de rali do ano. Mérito para a dupla, numa prestação que tem mão portuguesa, já que Rui Francisco Soares é o engenheiro de carro do galês.

A luta que travaram com Ogier foi fantástica, e o mais curioso é que ao cabo de dois troços, Thierry Neuville, terceiro, já estava a 16.8s da frente, a 13.3s do Toyota mais próximo. 

Apesar da visibilidade e piso escorregadio, Ogier e Evans estiveram degraus acima da concorrência, com o francês mais forte nas montanhas, e Evans a recuperar no complexo de Monza. A diferença mais significativa fez-se quando, já no último dia, Evans falhou uma travagem, bloqueou os travões e bateu devagar nas barreiras com o motor a calar-se. Acabou aí a luta com Ogier, a um troço do fim do rali. 

Dani Sordo/Cándido Carrera (Hyundai I20 Coupé WRC) terminaram em terceiro, como melhor dos Hyundai, no que foi também uma luta interessante com o seu colega de equipa belga. No primeiro dia, Neuville esteve melhor, mas na PE9 Sordo passou para a frente, e não mais perdeu a posição até final. 

O espanhol não teve o carro como gosta no primeiro dia, mas quando o alterou encontrou a precisão que necessitava. Com isso construíram um bom avanço para Neuville e assim ficaram até o final. Sete ralis, três pódios, não foi mau. Continua a ser um piloto muito útil à Hyundai em determinados ralis, por exemplo, Portugal, a sua ‘segunda casa’. 

Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe (Hyundai I20 Coupé WRC) terminaram na quarta posição, num rali marcado inicialmente por problemas de afinação. Sem o carro perfeito, o belga perdeu muito, e depressa deixou fugir os Toyota, até porque teve um problema com a caixa de velocidades do i20 WRC. Ainda aguentaram o terceiro lugar no primeiro dia, mas um exagero que culminou com um toque nos rails, na PE9, em que danificou a frente e perdeu, só aí 27.9s. Caiu para quarto, aproximou-e de Sordo, mas já lá não chegou…

Bom quinto lugar para Oliver Solberg/Elliot Edmonson (Hyundai I20 Coupé WRC) num rali sem grandes altos, mas também sem baixos. O sueco sobreviveu a um meio pião terminou o primeiro dia 26.0s atrás de Sordo. No segundo dia, manteve facilmente a quinta posição, foi regular em termos de posições nos troços, e manteve o quinto posto do início ao fim do rali. Uma boa prova, e o seu melhor resultado até aqui com um WRC, tendo desta feita mostrado consistência a um nível mais alto. 

Teemu Suninen/Miko Markkula terminaram a sua estreia com o Hyundai i20 Coupe WRC – que guiaram em substituição de Ott Tanak, que não pode vir a esta prova devido a problemas pessoais – foram melhorando aos poucos, mas nunca encontrou confiança suficiente para fazer melhor, para atacar forte e dar nas vistas. 

Foi melhorando aos poucos, mas longe do que chegou a prometer, há uns anos. Ainda por cima num rali com tanta mudança de aderência nos troços. Só na Power Stage, havia 20 mudanças de piso em menos de 15 Km. 

Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota Yaris WRC) perderam o sexto lugar depois de mais um erro no último dia, em Monza, quando bateu numa chicane e arrancou uma roda. No primeiro dia, deixou o motor do Yaris calar-se, perdeu algum tempo, mas manteve-se na frente de Gus Greensmith, no segundo dia, mais um par de erros, terminando 17.6s atrás de Solberg e 8.3s na frente de Teemu Suninen, mas não conseguiu manter a posição.

Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Fiesta WRC) terminaram no oitavo lugar, numa prova em que cedo se atrasaram com problemas de travões. De resto, o habitual. Ainda andou pelo sexto lugar no primeiro dia, mas foi perdendo tempo, caindo para oitavo. 

Kalle Rovanperä/Jonne Halttunen (Toyota Yaris WRC) tinham uma missão nesta prova: Assegurar pontos para a Toyota de modo a que Ogier e Evans pudessem arriscar o que quisessem na sua luta. Por isso, terminaram quase a cinco minutos dos seus colegas de equipa e todos sabemos que vale muito mais do que isso. Por vezes é preciso ‘jogo de equipa’ e com isso deu a liberdade para ‘andar’ que Ogier e Evans precisavam. Até fez drift, e piões em Monza, Foi para lá de cauteloso, basicamente guiou como a avó, que também é rápida, claro, pois é finlandesa…

Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Fiesta WRC) desistiu no primeiro dia devido a acidente, capotando para lá dos rails, mas com o carro pouco danificado, pois a saída foi lenta, utilizou os dois dias restantes para ganhar experiência. Nem para teste serviu, pois os carros para o ano são diferentes…

E desta forma terminam cinco bons anos destes World Rally Cars, claramente os melhores e os mais rápidos da história do Mundial de Ralis. Foram sempre melhorando (naturalmente) ao longo dos cinco anos, e quem teve oportunidade de os ver ao vivo, não os vai esquecer. Agora vêm aí os Rally1 de 2022…

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christopher-shean
christopher-shean
2 anos atrás

“Grande Evans” Claro que preferia ter sido ele campeão… embora o Ogier seja um gajo porreiro!

Homem_do_Leme
Homem_do_Leme
2 anos atrás

Parabéns ao Sebastien e ao Julien Ingrassia por mais um titulo, pelo rali que efetuaram e que quiseram (e conseguiram) vencer para concluir com chave de ouro uma das mais frutuosas duplas da história dos ralis.
Parabéns também ao Evans que fez um grande rali (e campeonato) e que parte como um dos principais favoritos para 2022.
Finalmente acabou o dominio dos Sebastiens (só interrompida uma vez pelo Tanak) e agora que venham os próximos!

Vmleal
Vmleal
2 anos atrás

Estava a torcer pelo Ogier. É um piloto muito simpático com qualidades de condução que aprecio deveras. O Evans deu uma boa réplica, mas é novo e tem bastante tempo para ganhar títulos. E que geração de carros do WRC. Vai deixar saudades.

Billy Bob
Billy Bob
2 anos atrás

Ainda tinha uma pequena esperança no Evans mas era muito difícil. Assenta muito bem Ogier.
Mas, num Rali morno, morno. E o papel pedido a Rovanperä em nada ajudou a isso, e até penso que não haveria necessidade.
O que mais gostei deste rali, foi um (pra muitos) quase anonimo Andrea Crugnola. Um rali enorme de um piloto que bateu imensa gente, mas a quem as luzes pouco incidiram. 
E ainda os bons registos do Solberg Son.
No Placard ficaram os 9-3 de 2021. Espero algo mais equilibrado para 2022.

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