WRC, Rali da Nova Zelândia: O regresso mais esperado

Se perguntarem aos pilotos, o Rali da Nova Zelândia está certamente entre os melhores para pilotar, sendo possivelmente, de muitos, o favorito de todos os tempos. não tanto no atual plantel do WRC, que é muito ‘novinho’ para conhecer bem esta prova, mas para os ‘veteranos’. As estradas são suaves, relativamente rápidas e muito onduladas e agradáveis de conduzir.
Apesar de ser uma das provas mais antigas do WRC, o Rali da Nova Zelândia já sofreu muitas mutações e não está no WRC desde 2012.
A relação entre o Rali da Nova Zelândia e a FIA é ‘interminável’! A prova estreou-se no Campeonato do Mundo de Ralis em 1977 e tornou-se no primeiro evento do WRC disputado a sul do Equador. Foi um enorme passo para o orgulhoso país das antípodas, a que correspondeu uma íngreme curva na aprendizagem para a organização. As equipas europeias esperavam um rali disputado sob os padrões internacionais e os neozelandeses esperavam um grau de tolerância e compreensão internacional… em vão!
O ponto alto da tensão na primeira prova aconteceu quando os organizadores excluíram o Fiat de Markku Alen devido a infrações no trânsito, mas enganaram-se a invocar o artigo e Alen foi devidamente autorizado a terminar o rali, sem a respetiva penalização!
Nesse ano de estreia, a prova foi uma autêntica maratona e o percurso total de classificativas foi feito em mais 24 horas, enquanto o buraco financeiro que a prova causou no país foi imenso. E talvez por isso, só em 1979 e 1980, a prova voltou a disputar-se.
Mas para 1980, estavam reservados mais problemas! A Mercedes entrou no Rali da Nova Zelândia com os seus ‘porta-estandartes’ e não se apercebeu que o figurino da prova era secreto, ‘vendendo’ a ideia de que as estradas secretas eram injustas e beneficiavam os pilotos locais. Por seu lado, os pilotos locais, pouco habituados a andar com notas, defendiam que esse tipo de ajuda só beneficiava os ‘estrangeiros’. Em todo o caso, a nove troços do fim, Pentti Airikkala bateu forte com o seu Ford Escort depois de um voo numa especial noturna. Isso causou muitos problemas ao nível da FIA e levou a uma importante reflexão sobre o evento. E, de facto, em 1981, o rali ‘caiu’.
De 1982 a 2009, contudo, o Rali da Nova Zelândia regressou e permaneceu no WRC, mesmo que, algumas vezes, tenha sido apenas pontuável para o Mundial de Pilotos e em dado momento e por uma única vez, aquando do sistema de rotatividade, tenha contado apenas para o campeonato de dois litros.
Depois, o conceito de rotatividade e a ideia de alternar a prova entre a Austrália e Nova Zelândia foi recuperada, mas não funcionou bem. Depois da ronda australiana ter sido banida do oeste australiano, ficou claro que a prova não devia ser disputada no formato do Mundial.
Os dois países consideram que a rotatividade da ronda disputada na Oceânia é uma perda comercial para ambos. Depois as equipas olharam para os orçamentos e infelizmente expressaram o seu desejo de não querer ir à Nova Zelândia, defendendo a ideia de que a exposição comercial do Rali da Nova Zelândia era menor do que a que pode ser obtida num evento de país grande.
E a FIA parece que teve em conta esse pressuposto para deixar a prova fora do Mundial em 2012. Apesar de tudo, o rali continuou a ter muitos apoiantes. Os pilotos gostam das estradas, os pisos de terra não são demasiado agressivos e, para todos os efeitos, o país ainda beneficia do facto de ter estradas sem igual no mundo para fazer ralis..
Em termos estatísticos, resta dizer que o rali já se disputou sob o selo do WRC 31 vezes, mas apenas uma vez na parte sul da ilha, uma região que prejudicou o rali pelas suas reduzidas infraestruturas ao nível dos hotéis e da excessiva quilometragem das ligações a que obrigou. Agora o Rally da Nova Zelândia prepara-se para a sua 32ª aparição no calendário do Mundial de Ralis.
Uma década desde a sua última participação e dois anos após a pandemia ter impedido um regresso histórico, Auckland foi confirmada para acolher a prova. Deverá ser um dos pontos altos do WRC 2022.
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