WRC, Ott Tanak e Craig Breen: começos de carreira ‘difíceis’, e depois caminhos divergentes…

Por a 26 Agosto 2022 12:08

É verdade que a qualidade é bem diferente, mas Ott Tanak e Craig Breen são dois bons exemplos de pilotos da M-Sport que tiveram ou têm um ‘arranque’ difícil…

Tanak teve avanços e recuos até ‘embalar’ definitivamente. Já Craig Breen ainda não conseguiu dar o ‘click’, embora já tenha tido muitas oportunidades para isso, em três equipas oficiais.

Parece óbvia a diferença de qualidade de ambos, mas também é certo que Breen vale muito mais do que está a mostrar.

Ott Tanak foi um produto bem sucedido da feliz iniciativa Pirelli Star Driver que nasceu com objetivo de descobrir futuras estrelas para o Mundial de Ralis. Neste caso, a ‘estrela’ demorou a brilhar, mas hoje em dia não anda muito longe de ser o melhor piloto do mundo nos ralis.

Ganhou essa iniciativa em 2010, já depois de se tornar vice-campeão nacional de ralis da Estónia em 2008 e 2009, tendo a possibilidade de competir em seis provas do PWRC e demonstrando, desde logo, todo o seu potencial. Foi precisamente em 2009 e no Rali de Portugal que se estreou no WRC, alcançando um positivo 20º lugar.

Protegido do antigo piloto Markko Martin, que lhe abriu algumas portas e lhe transmitiu muita da sua experiência, Tanak ganhou duas provas do PWRC em 2010, terminando o ano apenas em quarto num campeonato ganho por Armindo Araújo. O ano passado, o estónio passou para um mais competitivo Ford Fiesta S2000, realizando sete provas, mas terminando a época já ao volante de um World Rally Car ‘calçado’ com pneus chineses DMack, depois de já ter assinado um contrato para ser piloto da M-Sport por cinco anos. Já em 2012, Tanak iniciou a temporada plena de confiança, obtendo um oitavo lugar no exigente Rali de Monte Carlo, deixando a promessa de causar sensação noutras provas, mas a principal sensação que deu em 2012 foi um conjunto enorme de acidentes.

De tal modo, que em 2013, deixou de fazer parte da M-Sport World Rally Team e foi forçado a abandonar o WRC. Começou a competir e a liderar uma equipa nos ralis nacionais da Estónia, OT Racing.

Mas teve sorte. Em 2014 surgiu uma equipa que pretendia desenvolver pneus e Malcolm Wilson fez uma nova tentativa por Tänak, que se juntou à equipa DMack World Rally Team em 2014, no WRC2, participando na Suécia, Portugal e Sardenha com um Ford Fiesta RS WRC.

E foi aí que as coisas começaram a mudar para o estónio. Em 2015, Tänak regressou à M-Sport Ford World Rally Team após a ‘reforma’ de Mikko Hirvonen, o seu melhor resultado da época foi o terceiro lugar no Rally da Polónia.

Aqui e ali ainda teve acidentes, mas a sua velocidade já não deixava dúvidas a ninguém e Em 2016 quase venceu o Rali da Polónia, depois de sofrer um furo na penúltima especial.

Em 2017, Tänak voltou à M-Sport Ford World Rally Team, juntando-se a Sébastien Ogier, e obteve as suas duas primeiras vitórias. Dois anos depois foi Campeão do Mundo, o único que logrou quebrar o reino dos D. Sebastião, Loeb e Ogier.

Oportunidades perdidas para Craig Breen

Breen, filho de um antigo campeão irlandês, Ray Breen, começou a sua carreira no karting na Irlanda antes de se mudar para os ralis a tempo inteiro em 2009, quando ganhou os títulos do Troféu Internacional, Britânico e Irlandês dos Ford Fiesta e foi coroado Jovem Piloto do Ano da Irlanda.

Em 2010, terminou em segundo lugar no Campeonato Irlandês de asfalto num Fiesta S2000 e obteve a sua primeira vitória no Campeonato Britânico, no Ulster Rally.

Breen subiu para a Academia do WRC em 2011, assegurando o título num Fiesta R2 e na época seguinte ganhou o título do SWRC num Fiesta S2000 após quatro vitórias na categoria. A Peugeot assinou com Craig Breen para liderar o seu ataque no Europeu de Ralis em 2013, num 207 S2000. Cinco pódios disputados em terceiro lugar na classificação e Breen também começou o trabalho de desenvolvimento com o carro 208 T16 do fabricante francês.

Em 2014 conduziu o novo carro no ERC e embora tenha ganho o Rali da Acrópole na Grécia, questões mecânicas limitaram-no ao terceiro lugar no campeonato.

Seguiu-se um programa mais ambicioso em 2015 com campanhas apoiadas pela Peugeot tanto no WRC2 como no ERC. Assegurou três vitórias no ERC e falhou por pouco o título, mas foi uma história diferente no WRC2 onde foi novamente prejudicado por problemas mecânicos e terminou em oitavo a temporada.

Em 2016 Breen teve a oportunidade de competir ao mais alto nível do WRC, conduzindo um DS3 World Rally Car em rondas seleccionadas para a equipa de Rally Mundial Total de Abu Dhabi. Aproveitou ao máximo a sua oportunidade, especialmente na Finlândia, onde conquistou um bom terceiro lugar.

Foi recompensado com um contrato de fábrica da Citroën e obteve o segundo melhor lugar na Suécia em 2018, mas perdeu o seu lugar no final dessa campanha. Não por sua culpa, mas sim por culpa da equipa, que esteve muito mal nesse ano, mas acabou por pagar o preço, com a Citroen a contratar Sébastien Ogier e Esapekka Lappi, sem conseguir muitos melhores resultados.

Foi resgatado pela Hyundai Motorsport e terminou em segundo lugar na Estónia na segunda de duas provas com o fabricante coreano em 2020. O seu prémio foi partilhar o terceiro i20 com Dani Sordo em 2021. Alcançou bons pontos durante as suas cinco provas.

Foi contratado pela M-Sport Ford para lidera a equipa britânica em 2022.

Os três pódios que obteve com a Hyundai em 2021 deixaram água na boca à M-Sport/Ford, mas a realidade tem sido bem mais triste. Nas últimas três provas em que se julgava poderem ser os eventos em que mais facilmente poderia brilhar, saiu de estrada três vezes. Três acidentes não são um acaso, são uma tendência, que tem causas.

É óbvio que teve muito azar, pelo menos num deles, em que saiu largo e bateu num poste de cimento escondido na relva. Não faz diferença, pois quando se comete o erro, é a sorte que determina o destino em termos de bater em algo ou apenas perder segundos.

A equipa já disse que não vai ‘encostar’ Breen, mas a verdade é que se for para ‘encostar’ tinha que encostar os três pilotos principais da equipa.

Resta à equipa esperar que nas quatro provas que faltam, três delas, novas ou quase, Grécia, Nova Zelândia, Espanha e Japão, Craig Breen reaja e alcance bons resultados.

E o pior disto tudo tem a ver com quem mete dinheiro na equipa. Nenhum patrocinador, começando pela Ford, está contente. Tudo o que se diz da equipa é mau.

O melhor que poderia suceder à M-Sport na Grécia era Sébastien Loeb vencer o rali, e Craig Breen começar a redimir-se. Seria curioso a repetição dos resultados do Rali de Monte Carlo, M-Sport, primeira e terceira, mas a esta distância a probabilidade disso suceder é muito pequena. Mas não é impossível…

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