WRC, MICHAL HRABÁNEK: “É IMPORTANTE GARANTIR QUE OS HÍBRIDOS SEJAM COMPORTÁVEIS PELOS PRIVADOS”

Por a 8 Janeiro 2020 12:51

Há uma dúzia de anos, Michal Hrabánek assumia o papel de grande timoneiro da Skoda Motorsport, pautando os destinos competitivos da marca checa pelo profissionalismo, rigor técnico e foco no serviço ao cliente. Este ano, a Skoda juntou ao título de pilotos o cetro de marcas na categoria WRC2 Pro, e por isso quisemos saber que atributos permitem a uma ‘pequena’ equipa de fábrica, como o próprio salienta, afirmar-se como um inequívoco sucesso desportivo e comercial.

Por Nuno Branco

Quais são os fatores que explicam o sucesso da Skoda no WRC2 e, mais concretamente, na categoria R5?

Em primeiro lugar, convém referir que os ralis são um desporto de equipa. E nós temos uma equipa muito forte, não apenas aquela que está presente em cada rali mas também a que, na retaguarda, se ocupa do desenvolvimento do carro e da sua produção. Somos uma pequena equipa de fábrica mas as pessoas que nela trabalham são bastante profissionais e isso é parte importante do sucesso. Outro fator reside nos pilotos: para uma equipa ser bem-sucedida é preciso ter pilotos motivados, não apenas para conduzir mas para ter um papel importante no desenvolvimento do carro. Nesse aspeto, temos tido um balanço interessante entre a juventude Kalle Rovanperä, uma estrela em ascensão, e a maturidade de Jan Kopecký, o campeão do ano passado, resultando numa combinação perfeita de motivação com experiência. Depois, temos que falar também no carro: neste momento, o Fabia R5 Evo é o melhor carro da categoria e, se conciliarmos todos estes fatores, temos a explicação para o sucesso da Skoda.

Sente alguma frustração pela fraca adesão dos outros fabricantes à categoria WRC2 Pro?

Não sinto propriamente frustração. Afinal de contas, houve uma luta acesa pela conquista do título entre o Kalle e o Mads Østberg, que é um piloto com experiência de WRC e que, ao volante do Citroen C3 R5, nos dificultou a vida. Isso acabou por valorizar ainda mais a nossa conquista e, por isso, creio que não podemos falar de frustração.

De qualquer modo, seria de esperar que outras marcas se juntassem a esta competição e o facto de isso não ter acontecido terá sido uma das razões pelas quais a FIA decidiu acabar com esta jovem categoria…

Sim, é um facto que a categoria WRC2 Pro acabou mas, para nós, o mais importante é que a tipologia R5 se irá manter sem alterações técnicas e os concorrentes, incluindo os privados, que tenham automóveis R5, podem continuar a usar os seus carros no Mundial de Ralis e nos outros campeonatos por esse mundo fora. O Skoda Fabia R5 é o melhor carro da sua categoria e isso traduz-se em mais de 300 unidades vendidas até ao momento. Isso enche-nos de orgulho mas também de responsabilidade porque temos que continuar a manter os nossos clientes satisfeitos, o que representa um enorme desafio. A entrega de carros e de peças em tempo útil e o cumprimento dos compromissos com os nossos clientes é mais exigente do que a própria participação oficial na competição.

A Skoda, enquanto equipa oficial, abandonou o WRC, dedicando-se apenas a suportar os seus clientes. O o que podem esperar os pilotos privados no que diz respeito à continuação do desenvolvimento do Fabia?

A garantia da satisfação dos seus clientes é a prioridade da Skoda e, quanto maior for o número de pilotos a competir com o nosso carro, mais exigente será o desafio e maior será também o benefício para todos, uma vez que a plataforma de partilha de experiências e de dados entre clientes será mais alargada, revelando-se fundamental para o desenvolvimento do carro. Por isso, volto a dizer: a colaboração entre a fábrica e os nossos clientes é a prioridade da marca.

Dirige a equipa Skoda desde 2007, o que lhe confere uma vasta experiência na modalidade. O que pensa da chegada da tecnologia híbrida aos ralis?

Penso que é bom e lógico que cheguem novas tecnologias a esta modalidade. Aquilo que me preocupa é garantir que essa tecnologia, seja ela híbrida ou outra qualquer, possa ser usada também por pilotos privados, ou seja, pelos clientes. Para isso, é importante avaliar se a tecnologia é conveniente e se é comportável do ponto de vista de custos. E não nos podemos esquecer que não se trata apenas de implementar mudanças nos carros. A própria organização dos ralis deve ser revista, as questões de segurança têm que ser reavaliadas e, por isso, é importante avançar passo a passo e acumular experiência.

Já que falamos do futuro, acha que o Kalle Rovanperä está pronto para o WRC?

Essa é a questão mais complicada desta entrevista (Risos). O Kalle tem um enorme talento e penso que ninguém terá dúvidas acerca disso, até porque já o havia demonstrado mesmo antes de se juntar à nossa equipa. Nestes dois anos com a equipa oficial da Skoda, o Kalle teve oportunidade para evoluir mas, para um piloto ter sucesso, não basta ter talento. Depende também do duro trabalho diário.

E quanto à Skoda, alguma vez foi equacionada a subida ao escalão principal do WRC?

Não está nos planos da marca. Como disse, a nossa prioridade é a categoria R5, manter uma relação próxima com os nossos clientes e apoiá-los nas

competições onde participam.

Nos últimos anos, a Skoda tem tido um papel importante na formação e na evolução de jovens promessas, preparando-as para voos mais altos. Esapekka Lappi ou Kalle Rovanperä são disso exemplos. Tendo deixado de correr a nível oficial, esse papel que a marca tem tido, poderá perder-se?

É verdade que a marca teve um papel importante no crescimento de Lappi, Rovanperä ou Pontus Tidemand, para dar outro exemplo. Se isso não se repetir no próximo ano, voltará a acontecer em breve…

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