WRC, Kalle Rovanpera vence Rali da Estónia: a caminho do título

Por a 17 Julho 2022 13:19

Kalle Rovanperä venceu e convenceu o Rali da Estónia, e o primeiro título ficou um passo mais perto. Já poucos duvidam que este ano, vai ser campeão. Elfyn Evans fez uma boa prova, mas a sua ‘besta negra’ é agora 20 anos mais novo. Ott Tanak terminou no pódio, após uma prova ‘cinzenta’.

O Mundial de Ralis prosseguiu na Estónia, uma prova com grandes semelhanças com a Finlândia, que este ano não teve um grande interesse competitivo, tal foi o domínio de Kalle Rovanpera. Até podia ter havido muita luta nas posições seguintes, mas as margens dilataram-se tanto que a meio do rali, poucas lutas diretas existiam. Há provas assim…

Mas no topo, continuamos a assistir a um ‘passeio’ competitivo de exceção de um jovem que muito provavelmente se prepara para dominar os ralis por muitos e bons anos.

A não ser que muita coisa mude…

Este ano, definitivamente temos que usar superlativos quanto às prestações do jovem piloto. Está sempre tão confortável, relaxado, e o seu semblante sempre calmo é porque ele é mesmo assim, mas com o volante nas mãos, está claramente um nível, se não estiver dois, acima de toda a concorrência.

O que o finlandês fez na PowerStage do Rali da Croácia, quando no penúltimo troço perdeu quase 30s e a liderança do rali, batendo Ott Tanak na PowerStage por 5.7s em 14.09 Km foi algo de fantástico e o que estamos a ver é provavelmente uma série de títulos aos melhor estilo de Sébastien Loeb e Sébastien Ogier. Mas para já ainda está atrás do primeiro…

No primeiro dia, ao abrir a estrada, teve um dia difícil, mas quando chegou a chuva ‘pôs-se a milhas’ da concorrência. Teve um pouco de sorte no último troço de 6ª feira, quando apanhou menos chuva que quem vinha atrás, mas foi aí que virou as contas pois estava 10.9s atrás de Elfyn Evans e saiu de lá 11.7s na frente. É verdade que o galês “andou nos arbustos”, mas a liderança era sua e a partir daí ‘não passou cartucho’ a ninguém. Talvez se Ott Tanak e Thierry Neuville tivessem um ‘package’ à altura, fosse possível haver mais lutas, talvez ainda possamos perceber se seria assim, mas para já, está em velocidade cruzeiro rumo ao seu primeiro título. Um ano depois da sua primeira vitória no WRC…

Este foi o seu quinto triunfo do ano em sete provas.

Elfyn Evans/Scott Martin (Toyota GR Yaris Rally1) repetiram o segundo lugar de Portugal e do Safari, mas este ano estão com mais dificuldades em chegar aos triunfos, porque Rovanpera tem surpreendido tudo e todos. Começou mal o ano, mas voltou aos trilhos, mas como muitos outros no passado, luta contra um ‘monstro’ de qualidade, e por isso, por muito bem que ande, continua a haver sempre quem o faça melhor. Esteve mal num único troço, e isso foi-lhe fatal. Teve uma grande prestação na 6ª feira, liderou da PE2 à PE8, chegou a ter 19.9s de avanço para Rovanpera na PE6, mas foi perdendo gás, e ‘perdeu’ o rali no último troço de sexta feira, quando lá entrou com 10.9s de avanço para Rovanpera e saiu de lá 11.7s atrás.

O galês disse no final desse troço que “andou nos arbustos”, e se fosse uma expressão portuguesa seria mais “andou aos papéis”, porque quem viu o onboard percebeu as dificuldades que teve. Apanhou sustos logo de início com algumas rasantes aos ditos arbustos, e depois tirou pé: resultado, perdeu 22.6s para Rovanpera, que não deu, depois a mais pequena hipótese a Evans.

Depois disso, ainda tentou, mas obteve logo resposta a seguir e percebeu que não valia a pena. Levou o carro até ao fim, resignado. Não é vergonha nenhuma quando se perde desta forma para um sobredotado dos ralis.

Ott Tänak/Martin Järveoja (Hyundai i20 N Rally1) foram terceiros, o seu terceiro pódio do ano entre tantos azares e contratempos mecânicos. Está resignado, nota-se no seu discurso, encolhe os ombros, e todos sabem que com um carro à altura nas mãos, a música seria outra. Talvez o desfecho fosse o mesmo, mas Rovanpera estaria a ter muito mais luta. O que não acontece.

Tänak diz que “guiar o carro agora não é natural, há muitas pequenas coisas”. Todos percebemos que sim. É uma pena, mas é o que é. O estónio foi tirando tudo o que podia do seu Hyundai durante a manhã de 6ª feira, um erro aqui outro ali, foi cedendo tempo, terminou a manhã a 3.8s de Rovanpera, mas à tarde foi ficando para trás e tudo piorou quando no último troço do dia se soltou um tubo da chaufagem, à chuva, e isso atrasou-o muito ficando a 44.3s da frente. A partir daí acabou.

Limitou-se a levar o carro até ao fim na mesma posição em que estava, pois era inútil arriscar um milímetro.

Thierry Neuville/Martijn Wydaeghe terminaram em quarto, impotentes para fazer mais. Cedo começou com dificuldades de maneabilidade do carro, e depressa o belga optou por uma estratégia de contenção, pouco arriscando. Quase nunca teve confiança no carro, mas ainda assim andou o suficiente para ser um quarto classificado ‘natural’. E quando optou por más afinações, ainda pior. Tentou manter-se concentrado, e usou a oportunidade para testar algumas coisas no carro, sempre com o intuito de chegar ao fim. Procurou encontrar um bom setup para a Finlândia, embora o piso seja diferente, a aderência nada tem a ver com a Estónia.

Takamoto Katsuta/Aaron Johnston (Toyota GR Yaris Rally1) foram quintos, na primeira vez que terminam na Estónia. Despistaram-se violentamente no shakedown, a confiança foi abalada e isso notou-se no primeiro dia do japonês. Mas depois teve uma boa luta com Adrian Fourmaux, chegando ao último dia com um avanço de 10s, que manteve. O acidente do shakedown afetou-o, fê-lo ter muito mais cuidado na prova, ainda mais sendo um rali tão rápido, foi melhorando ao longo do rali, mas não chegou onde já o vimos este ano, e mesmo o ano passado.

Esapekka Lappi/Janne Ferm (Toyota GR Yaris Rally1) foram sextos, posição a que chegaram no derradeiro troço, isto no seu quarto rali do ano. Estavam a lutar por muito mais. Talvez não o pódio que conseguiram na Suécia, mas mais. Problemas de travões no 1º dia, atrasaram-se um pouco, mas terminaram o dia em quarto, na frente de Neuville. No segundo dia estavam a 21.6s do terceiro lugar, mas um furo na PE12 levou-os a cair para o sétimo lugar, onde ficaram até ao fim.

Adrien Fourmaux/Alexandre Coria (Ford Puma Rally1) foram sétimos, perderam um lugar na Power Stage, o seu melhor resultado, e prestação, do ano. Em sete provas, desistiram quatro vezes…e meia, pelo que esta prova foi um bom tónico para a sua confiança. Ainda por cima andou numa boa luta com Takamoto Katsuta, mas sempre a dizer que nada iria arriscar: “este rali é manhoso”, disse. Foi a sua primeira vez na Estónia com um carro de topo, portanto um bom resultado.

No oitavo lugar ficaram Andreas Mikkelsen/Torstein Eriksen (Skoda Fabia Evo Rally2), vencedores do WRC2 Open, depois duma grande luta com Teemu Suninen/Mikko Markkula (Hyundai i20 N Rally2), que ficou sem ‘motor’ (ler em separado) no último troço.

Gus Greensmith/Jonas Andersson (Ford Puma Rally1) abandonaram no último dia de prova quando eram oitavos. Uma prova pobre, só obtiveram um quarto lugar na PE ‘Mickey Mouse’, de resto, 8º, 10º, mesmo a um nível baixo de andamento, alguns erros. Uma má prova. Salvou o ganho de experiência.

Pierre Loubet/Vincent Landais (Ford Puma Rally1) terminaram muito atrasado, mas tiveram um bom primeiro dia de prova, eram sextos antes de capotar, depois do Ford entrar em aquaplaning. foi azar, estavam a andar bem, mas depois disso foi só tirar partido do carro e da experiência, trabalharam afinações.

Craig Breen/Paul Nagle (Ford Puma Rally1) é um dos grandes derrotados deste rali. Teve mesmo muito azar. Era terceiro classificado, estava a andar bem, mas teve um azar incrível. Deslizou para fora de estrada, na relva, sem bater em nada…até que bateu, num poste de cimento que estava no chão, tapado pela relva. Falhou todas as árvores ali à volta, e vai acertar em algo que está escondido. Muito azar, mais uma desilusão e logo numa prova em que tinha muito a provar, pois tinha sido segundo nos dois últimos ralis da Estónia. Se houvesse um rali em que poderia mostrar o que vale, era neste.

Terminou a prova extremamente desiludido e tem fortes razões para isso.

Mais um rali muito complicado para Oliver Solberg/Elliott Edmondson (Hyundai i20 N Rally1). Na 6ª Feira, um pequeno toque, partiu a direção assistida. No sábado conseguiram alguns bons cronos, mas continua muito inconstante. Rapidez tem, mas o Rali da Suécia continua a ser o único rali de jeito que fez até aqui em 2022. Diz que está a melhorar, a ficar mais confiante com o carro, mas que precisa de quilometragem. Sim, vamos ver como se porta para o ano. É cedo para lhe ‘cair’ em cima.

Foi um rali muito morno, luta só mesmo Takamoto Katusuta e Adrien Fourmaux pela quinta posição, e Andreas Mikkelsen e Teemu Suninen pelo triunfo no WRC2.

De resto, uma prova em que as diferenças entre as várias duplas se acentuaram rapidamente, e a partir daí foi um passeio mais rápido para quase todos…

Esperemos que dentro de três semanas tudo seja bem diferente na Finlândia…

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1 Comentário
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xandaline
xandaline
1 ano atrás

20 anos mais novo, senhores ?? Então quer dizer que o Rovanpera tem 13 anos ?… Kkkkk !…

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