WRC 2027: o que ‘pediram’ os adeptos e o que vai fazer a FIA

Por a 14 Novembro 2025 13:17

A Federação Internacional do Automóvel (FIA) e o promotor do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) conduziram, há cerca de ano e meio, um inquérito abrangente junto dos entusiastas da modalidade.

O objetivo era auscultar a sua visão sobre as alterações necessárias para o Mundial de Ralis a partir de 2027.

Com a iminência da publicação dos novos regulamentos, torna-se pertinente revisitar os resultados desse inquérito, permitindo uma análise comparativa do que foi a voz dos adeptos e as diretrizes que a FIA irá, efetivamente, implementar.

As propostas da FIA para 2027

O futuro do WRC aponta para uma reorientação estratégica, com a decisão de abandonar o sistema híbrido ( já levado a cabo) e a adoção de um modelo de Balance of Performance (BoP), similar ao utilizado no Campeonato Mundial de Resistência (WEC). Esta abordagem visa uma maior equidade competitiva e a redução de custos operacionais.

No cerne das novas regras, destaca-se a introdução de uma célula de segurança comum, um passo crucial para diminuir a complexidade e os encargos financeiros associados ao desenvolvimento dos veículos. Será permitida a conceção de carros com carroçaria própria, baseada em modelos de produção (classes B, C, SUV compacto ou ‘Concept Car’), desde que respeitem critérios técnicos rigorosos, como o centro de gravidade e a aerodinâmica, para assegurar a paridade de desempenho.

Em termos de motorização, o objetivo é uma potência de 340 cv, com o desempenho do motor a ser controlado por uma curva de binário de referência (Torque Meter). O motor e a transmissão terão limites de custo e a tecnologia será equiparada à dos veículos Rally2. A eficiência aerodinâmica será igualmente restringida, juntamente com um limite de velocidade máxima, visando conter o desenvolvimento e os custos associados.

O Inquérito aos fãs: a voz dos adeptos do WRC

O inquérito de envolvimento dos fãs do WRC, promovido pela FIA, recolheu opiniões de mais de 11.000 inquiridos globalmente, revelando tendências claras sobre a essência e o futuro da modalidade:

Diversidade e Equidade: Uma esmagadora maioria de 98% dos adeptos defende que o WRC deve manter a diversidade de superfícies (neve, terra, asfalto). Nos aspetos técnicos, 72% apoiam regulamentos que garantam igualdade para modelos base maiores, e 65% concordam com a necessidade de um limite de preço para os carros.

Participação de Construtores: 97% dos inquiridos manifestaram o desejo de ver mais fabricantes envolvidos no campeonato.

Sustentabilidade e Tecnologia: Embora 59% reconheçam a importância dos combustíveis sustentáveis, apenas 23% se mostraram favoráveis à continuidade da tecnologia híbrida, alinhando-se com a decisão da FIA de a abandonar.

Formato dos Ralis: 80% dos adeptos anseiam por mais ralis de ‘Endurance’ no futuro, defendendo um equilíbrio entre eventos mais curtos e provas de maior duração.

Cobertura Televisiva: 87% desejam a padronização das câmaras on-board para uma melhoria significativa na cobertura televisiva.

O Papel dos Pilotos: 94% dos inquiridos consideram que as habilidades únicas dos pilotos são tão cruciais quanto o desempenho do carro para o sucesso. Adicionalmente, 92% realçam o trabalho em equipa entre pilotos, co-pilotos e engenheiros como um fator distintivo do WRC. A possibilidade de pilotos amadores competirem no mesmo percurso que os profissionais agrada a 86% dos adeptos, e a inspiração e o reconhecimento dos pilotos como modelos a seguir são partilhados por 62% e 68%, respetivamente.

Acessibilidade e Satisfação: Apenas 29% dos que já compareceram a eventos do WRC o fizeram nos últimos 12 meses, sendo a distância e os custos as principais barreiras. Contudo, 87% dos que assistem a eventos viram um nos últimos três meses, com a falta de acesso a ser a razão para a não assistência de 50%. A satisfação com a cobertura televisiva/online é de 53%, com o desejo de expansão e um equilíbrio entre conteúdo gratuito e pago.

O cenário atual e os desafios futuros do WRC

Enquanto se aguarda a definição final dos regulamentos pela FIA, o panorama do WRC é marcado por incertezas e expectativas. As recentes saídas de pilotos de renome como Ott Tänak e Kalle Rovanperä levantam preocupações sobre a competitividade para 2026, especialmente face à ausência de adversários à altura para a Toyota.

Atualmente, a Toyota é o único construtor que confirmou o desenvolvimento de um carro para 2027. A Hyundai deverá manter-se na modalidade, embora, para já, com um novo Rally2 e não com um WRC27, competindo em 2026 com o atual Rally1. A Lancia, por sua vez, fará a sua entrada no WRC2 em 2026 com um novo Rally2, com a possibilidade de apresentar um WRC27 em 2028. Rumores apontam para o desenvolvimento de um WRC27 pela Skoda e para um possível regresso da Subaru, uma especulação que perdura há anos.

Fala-se ainda num projeto liderado por Hayden Paddon, com ligações a um preparador, a Prodrive andará sempre nesta equação, talvez com a Dacia, pois David Richards tem muita vontade de regressar ao WRC, mas para já tem o projeto Dacia em mão. Se não for a Dacia, mais cedo ou mais tarde, Richards voltará.

A posição da Ford permanece incerta; com o seu regresso à Fórmula 1 e a participação no WEC e no Dakar, a alocação de recursos para o WRC é uma questão em aberto.

Contudo, as novas regras, que prometem uma significativa redução de custos, poderão revitalizar as perspetivas do WRC. Contudo, a comunidade aguarda com expectativa as definições regulamentares e a confirmação de mais participantes para o futuro da modalidade.

A transição para um modelo de Balance of Performance e a ênfase na redução de custos refletem uma tentativa da FIA de tornar o WRC mais atrativo para novos construtores e equipas privadas, fomentando a diversidade e a competitividade. Este alinhamento com as preocupações dos adeptos, patentes no inquérito, poderá ser crucial para o crescimento e a sustentabilidade a longo prazo do campeonato, numa era de crescente consciencialização para a sustentabilidade e a inovação tecnológica no desporto automóvel.

Caro leitor, esta é uma mensagem importante.
O Autosport já não existe em versão papel, apenas na versão online.
E por essa razão, não é mais possível o Autosport continuar a disponibilizar todos os seus artigos gratuitamente.
Para que os leitores possam contribuir para a existência e evolução da qualidade do seu site preferido, criámos o Clube Autosport com inúmeras vantagens e descontos que permitirá a cada membro aceder a todos os artigos do site Autosport e ainda recuperar (varias vezes) o custo de ser membro.
Os membros do Clube Autosport receberão um cartão de membro com validade de 1 ano, que apresentarão junto das empresas parceiras como identificação.
Lista de Vantagens:
-Acesso a todos os conteúdos no site Autosport sem ter que ver a publicidade
-Desconto nos combustíveis Repsol
-Acesso a seguros especialmente desenvolvidos pela Vitorinos seguros a preços imbatíveis
-Descontos em oficinas, lojas e serviços auto
-Acesso exclusivo a eventos especialmente organizados para membros
Saiba mais AQUI

Deixe aqui o seu comentário

últimas Ralis
últimas Autosport
ralis
últimas Automais
ralis
Ativar notificações? Sim Não, obrigado